Final Fantasy VII ganha NFT totalmente sem sentido
Novo e polêmico colecionável do amado RPG da Square Enix é tema desta edição da coluna Planeta Games
Em maio a Square Enix vendeu a maioria dos estúdios ocidentais da empresa, incluindo Crystal Dynamics e Eidos Montreal, assim como franquias de renome como Tomb Raider e Deux Ex.
Na época, a publisher japonesa disse que pretendia focar mais investimentos em NFTs, itens digitais que podem se tornar escassos e serem comercializados - pra tentar resumir de forma bem resumida e tentando entender como a Square vê esse tipo de item virtual.
Agora em julho a empresa anunciou um produto NFT, mas não poderia ter feito isso de maneira mais torta e fora de contexto. Para o final de 2023 foi anunciado o lançamento de um novo boneco de Cloud Strife, protagonista do ultra popular Final Fantasy VII, pelo preço de 130 dólares.
Essa action figure terá uma versão especial de 150 dólares que inclui também um NFT que é uma versão virtual do boneco, para ser usado como você quiser por meio de um aplicativo da empresa Enjin, responsável pela tecnologia de NFT e blockchain atrelada a esses produtos da Square.
O problema é que um dos pontos mais questionados com relação a NFTs é a questão ecológica, já que o processo de criar um item desse tipo consome muita energia elétrica. Muita mesmo.
Enquanto isso, Final Fantasy VII é um jogo que tem como tema principal os dilemas sobre o uso de mako, a energia vital do planeta do game. A sequência inicial é justamente um grupo de ecoterroristas destruindo um reator que extrai energia mako, o que está matando o planeta aos poucos.
O novo produto está completamente fora de sintonia com a mensagem principal do jogo que explora.
Não acaba aí: a própria Square Enix traz um aviso na página do colecionável de que a disponibilidade do NFT está atrelada ao funcionamento dos serviços da Enjin. Ou seja, se a empresa falir ou simplesmente decidir desligar os servidores lá se vai também o NFT adquirido.
A entrada de conteúdo NFT nos games segue complicada e difícil de entender, parecendo muito mais uma forma simples de tirar mais dinheiro de quem joga do que efetivamente deixar os jogos melhores. Ao menos, a Square Enix trouxe aqui um exemplo bem ruim de uso da tecnologia.