Jogamos: Mortal Kombat 1 traz uma história decepcionante
A história do novo título de Mortal Kombat traz boas ideias, mas decepciona na execução
Desde Mortal Kombat (2011), a NetherRealm Studios tem seguido um padrão de qualidade em seus jogos, sobretudo na história cinematográfica e como ela progride. Este mesmo estilo narrativo está presente em Mortal Kombat 1, que apesar de se vender como um recomeço para a franquia, acaba se prendendo em narrativas já conhecidas pelos fãs.
Este novo reboot da história de Mortal Kombat é um grande "fan service" ou vai deixar aquele gosto de repeteco? O Game On já jogou. Confira a seguir nossas impressões.
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Uma nova era de Kombate
Tudo começa após os eventos de Mortal Kombat 11 Aftermath: Liu Kang derrotou a titã Kronika, ganhou controle sobre a “ampulheta do tempo”, e recriou o universo de Mortal Kombat. Neste novo universo, Liu Kang almejava a paz, e reconstruiu a história dos heróis e malfeitores para que não houvessem mais guerras e combates sangrentos.
Para manter a paz entre o Plano Terreno e a Exoterra, Liu Kang criou um torneio de artes marciais entre os dois mundos, e partiu em busca de guerreiros para lutar pelo Plano Terreno. Kung Lao, Raiden, Kenshi e Johnny Cage foram os escolhidos, e viajam até a Exoterra, onde encontram Sindel, imperatriz da Exoterra, e diversos vilões clássicos da franquia que se tornaram seus vassalos.
O torneio se inicia, e depois de alguns dias, a Terra emerge como vencedora. Porém, enquanto os guerreiros estavam preocupados lutando, um jovem Shang Tsung, manipulado por uma figura misteriosa, começa a trabalhar em seu plano para dominar ambos os reinos. Ele se apresenta como um curandeiro e promete ajudar a princesa Mileena, que sofre com a temida doença de Tarkat, que transforma os hospedeiros em monstros famintos e com presas à mostra.
Liu Kang, preocupado com o que Shang Tsung está tramando, acaba enviando os lutadores da terra em uma missão secreta para a Exoterra, mas acabam sendo descobertos pelas forças do feiticeiro. Utilizando a desculpa que Liu Kang planeja tomar o controle da Exoterra, Shang Tsung manipula Sindel para começar uma excursão, dando início a mais uma era de “Kombate” sangrento.
Apesar da história seguir uma narrativa séria, ela tem momentos leves e engraçados, principalmente em cenas protagonizadas pelo querido Johnny Cage. Em muitos momentos, eu sentia que estava acompanhando um filme pastelão dos anos 90, principalmente por conta das altas doses de humor na história. As cenas são muito bem produzidas, e trazem cinemáticas muito realistas, podendo facilmente confundir leigos que não acompanham o cenário de games.
Problemas na narrativa
Eu vou evitar falar mais sobre a narrativa para não estragar a experiência com possíveis spoilers, porém é a partir do Ato 2 que as coisas começam a desandar. A história de Mortal Kombat 1 era uma oportunidade de trazer coisas novas para a franquia, porém, ela permanece presa aos pontos narrativos criados em Mortal Kombat 11.
Embora o marketing do jogo insista que esta não é uma sequência, na prática não é bem assim. Por conta das regras criadas no universo de Mortal Kombat pelo jogo anterior, a história e a premissa do novo game acabam sofrendo com uma grave falta de criatividade e conclusão forçada, com vários acontecimentos que parecem ter sido apressados pelos roteiristas. O jogo termina de forma abrupta, e traz um dos finais mais bizarros que eu já vi, além de uma cena pós-créditos decepcionante e que levanta preocupações sobre o futuro deste novo arco.
É uma pena, já que é muito legal rever certos personagens em situações totalmente diferentes do que estamos acostumados. Raiden é um simples fazendeiro, Kung Lao é uma pessoa mais focada em seus afazeres, Scorpion e Sub-Zero são irmãos e aliados, e Johnny Cage está mais narcisista do que nunca. Porém, conforme a história se movimenta, essas alianças são descartadas para dar espaço a clichês e ao “status quo” de jogos anteriores da franquia.
Conclusão
A história renovada de Mortal Kombat 1 é um caso clássico de uma ideia boa que foi mal aproveitada. Encontrar os antigos personagens em novas posições é divertido, e as cenas protagonizadas pelo Johnny Cage são absurdamente engraçadas. Porém, após um certo ponto, é como se o roteiro decidisse completar as diferentes lacunas narrativas de forma automática, e deixa o jogador com uma sensação de que algo está faltando.
Para quem está interessado mesmo na pancadaria, não há com o que se preocupar: O combate é provavelmente o melhor da série até agora, e eu arrisco dizer que é um dos mais satisfatórios que eu já experimentei em um jogo de luta. Mas, infelizmente, se você for jogar Mortal Kombat 1 apenas pela história, eu sinto dizer que há um risco enorme de você se decepcionar, principalmente com o desfecho abrupto e sem sentido.
Quer saber mais sobre o novo Mortal Kombat? Eu volto no dia 19 de setembro com uma análise completa de todos os elementos e novidades do jogo.
Mortal Kombat 1 chega em 19 de setembro para PC, PlayStation 5, Switch e Xbox Series X|S.