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King Kong vs. Donkey Kong: A batalha de gorilas que mudou os rumos da Nintendo

Na década de 1980, personagens dominaram os tribunais norte-americanos

16 fev 2024 - 15h36
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Conheça os detalhes da grande batalha judicial protagonizada por Donkey Kong
Conheça os detalhes da grande batalha judicial protagonizada por Donkey Kong
Foto: Reprodução / Nintendo

Donkey Kong não é apenas o rival do Super Mario, ele também é um mascote de muita história. Antes de seus desentendimentos com o encanador bigodudo mais famoso do mundo, o gorila engravatado foi protagonista de uma batalha história, que colocou frente a frente uma gigante do cinema e uma ainda pequena desenvolvedora de jogos.

O resultado dessa disputa mudou o futuro da Nintendo – e também deixou um profundo impacto no mercado de jogos eletrônicos.

O radar e o marinheiro

Durante a década de 1970, a Nintendo passou por uma lenta e profunda transformação. De tradicional empresa de baralhos – e posteriormente de brinquedos diversos – a companhia de Kyoto foi aos poucos se aventurando no mundo das diversões eletrônicas, até lançar seu próprio aparelho de jogos para TV, o TV Color 15, em 1977, além de alguns jogos para arcades.

Nessa época a Nintendo ainda era desconhecida fora do Japão, e seu grande objetivo era se estabelecer no cobiçado mercado de arcades dos Estados Unidos.

Em 1980, a Nintendo fundou em Nova York sua subsidiária Nintendo of America. Além disso, em dezembro do mesmo ano, lançou o arcade Radar Scope, que foi um verdadeiro fracasso comercial. O alto custo de produção do título exerceu pressão financeira na Nintendo, que precisaria de um grande – e rápido – sucesso para equilibrar a balança.

Então, no Japão, sob a supervisão de Gunpei Yokoi, um ainda desconhecido Shigeru Miyamoto começou a trabalhar em um título inspirado em Popeye. No entanto, a Nintendo não conseguiu um acordo para licenciar a marca Popeye, o que obrigou Miyamoto a repensar seus designs, transformando o marinheiro-titular em Jumpman, Olívia Palito em Pauline e Brutus em um gorila, batizado de Donkey Kong.

Assim nasceu um dos primeiros clássicos dos videogames. 

Macacos me mordam

Lançado em 1981, Donkey Kong logo se tornou um sucesso nos arcades. Segundo dados do livro The Ultimate History of Video Games (A História Definitiva dos Video Games, em tradução livre), a Nintendo chegou a comercializar 4000 arcades por mês em seu auge, e alcançou a incrível marca de 60.000 gabinetes vendidos e um faturamento de 180 milhões de dólares na época. 

Todo esse sucesso despertou a atenção da Universal Studios. Os responsáveis pelo licenciamento da gigante de Hollywood acharam que Donkey Kong era um plágio de King Kong, filme clássico de 1932. Assim, a Universal acreditava ser dona de todos os direitos devido a um acordo com a RKO, estúdio que produziu o filme original, e com os herdeiros de Merian C. Cooper, autor de King Kong.

A Universal logo partiu para o ataque. Em um movimento agressivo, a companhia ameaçou judicialmente a Coleco, que havia feito um acordo com a Nintendo para lançar um cartucho de Donkey Kong para seu console doméstico ColecoVision, rival do Atari 2600. A Universal também ameaçou todas as empresas que tinham acordos de licenciamento de Donkey Kong com a Nintendo e, por fim, ameaçou levar a própria Big N aos tribunais.

Ao contrário de outras companhias que recuaram diante da possibilidade de uma batalha jurídica contra um poderoso estúdio de cinema, Minoru Arakawa, presidente da Nintendo of America, e seu conselheiro Howard Lincoln encararam a briga conta a Universal.

Kirby e a batalha dos gorilas

Kirby foi uma homenagem de Shigeru Miyamoto ao advogado vencedor do processo contra a Universal, John Joseph Kirby Jr.
Kirby foi uma homenagem de Shigeru Miyamoto ao advogado vencedor do processo contra a Universal, John Joseph Kirby Jr.
Foto: Divulgação / Nintendo

Em 29 de junho de 1982, a Universal processou a Nintendo. Se perdesse, a empresa japonesa seria obrigada a pagar milhões em diretos autorais. Para auxiliá-lo na batalha contra o time legal da Universal, Howard Lincoln contratou um advogado que, sem querer, entraria na história dos games: John Kirby.

Durante os 7 dias de julgamento, Kirby e Lincoln descobriram um argumento que selaria a vitória: eles provaram que a Universal não era dona dos direitos de King Kong, pois ela processou a RKO em 1975 alegando justamente que o personagem já era de domínio público. Para piorar, os advogados da Universal não conseguiram demonstrar à corte a similaridade entre o filme King Kong e o jogo Donkey Kong.

Ao fim do julgamento, Donkey Kong foi o vencedor da batalha dos gorilas. Já para o advogado John Kirby, além de obter uma grande vitória em sua carreira, acabou anos depois "emprestando" seu sobrenome para o mascote Kirby, até hoje estrela de vários títulos da Nintendo.  

A derrota da Universal não parou por aí: a companhia teve que devolver o dinheiro cobrado de todas as empresas que ela havia ameaçado judicialmente, além de ser obrigada a pagar 1,8 milhão de dólares a Nintendo pelas custas do processo. Se é verdade que Donkey Kong sempre se dá mal nas suas brigas com Super Mario, o fato é que o gorila engravatado venceu a primeira e maior de suas batalhas – e acaba de estrelar Mario vs. Donkey Kong para o Nintendo Switch.

*Contém informações retiradas do livro The Ultimate History of Video Games

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Fonte: Game On
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