Mega Drive: Há 35 anos, a Sega fez o que a Nintendo não fazia

Lançado em 29 de outubro de 1988, o Mega Drive mudou o mundo dos videogames. O console não foi apenas o maior sucesso da Sega, como também uma plataforma que deixou um importante legado.

Mesmo após 35 anos do seu lançamento no Japão, o Mega Drive – ou Sega Genesis nos Estados Unidos – ainda é lembrado e amado. Descubra o que faz dele o melhor e mais bem-sucedido dos consoles da Sega.

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O arcade em casa

Na década de 1980, os arcades eram o "benchmark" dos games. Os jogos eram desenvolvidos em placas que contavam com processadores e outros recursos técnicos muito mais avançados e caros do que os consoles e até mesmo PCs domésticos da época.

Assim, jogos vindos dos arcades precisavam passar por diversas concessões para serem portados para consoles como o NES e o Master System.

Master System que sofreu comerciamente com seu rival NES. Vendo disso, a Sega, já renomada por grandes títulos de arcade como After Burner e Thunder Blade, resolveu toda sua expertise para desenvolver um console que pudesse levar essas experiências para os lares pelo custo mais acessível possível.

O Mega Drive foi projetado a partir da placa System-16 – base de títulos como Shinobi e Golden Axe – e, por isso, ostenta orgulhosamente um "16-Bit" logo abaixo da entrada para cartuchos. Desde Altered Beast, primeiro lançamento para o console, até conversões de títulos, como Out Run, Shadow Dancer e clássicos de produtoras como a Capcom, os jogos foram reprogramados pela Sega. Dessa forma, a biblioteca do console contou com excelente conversões de clássicos do arcades.

A expertise em arcades da Sega

Além de converter títulos originalmente pensados para os fliperamas, a Sega também desenvolveu vários clássicos com o espírito arcade, isto é, com um design focado na intensidade de ação e alto grau de desafio, como Streets of Rage 2 e Shinobi III.

Posteriormente, outras desenvolvedoras também lançaram títulos com forte influência dos arcades, como Gunstar Heroes, da Treasure, Contra: Hard Corps, da Konami, e Thunder Force III e IV, da Technosoft, entre outros, que eram dignos dos melhores arcades da época e estiveram disponíveis para os donos de Mega Drive.

Sonic the Hedgehog

É impossível falar de Mega Drive, ou de qualquer assunto relacionado à Sega, sem mencionar Sonic the Hedgehog. O jogo original, lançado em 1991 sacudiu o mundo dos videogames a ponto de destronar Super Mario como o mascote mais popular da época, além de tornar a Sega e seu console os rivais da então dominante Nintendo.

Quanto ao game, Sonic the Hedgehog triunfou pela originalidade em um momento quando muitos títulos de plataforma falharam tentando apenas imitar Super Mario. O jogo tem fases, desafios e trilha sonora que resistiram bem ao teste do tempo.

Sonic ainda estrelou mais quatro grandes jogos para Mega Drive, encerrando sua participação no 16-bit com Sonic 3D Blast, lançado em 1996. O sucesso do mascote da Sega se estendeu aos desenhos animados, histórias em quadrinhos, jogos derivados e, recentemente, dois longa-metragens com excelentes bilheterias. 

Apoio de celebridades 

Entre o final dos anos 1970 e início dos 1980, os videogames tinham má reputação com setores das sociedades pouco familiarizados com tecnologia. Por um lado, salões de arcade eram acusados de serem pontos de uso de drogas. Por outro, jogadores de PC eram vistos como pessoas reclusas e estranhas.

Por isso, era difícil uma celebridade da época aceitar associar sua imagem a um jogo eletrônico. A Sega soube quebrar essa barreira e conseguiu apoios importantes para impulsionar as vendas e a popularidade do Mega Drive.

Michael Jackson, maior astro pop do mundo, estrelou um dos primeiros sucessos do Mega Drive, Michael Jackson's Moonwalker, assim como várias celebridades esportivas como Joe Montana, James "Buster" Douglas, Mario Andretti, Michael Jordan e Larry Bird estrelaram games para o console da Sega.

Do lado brasileiro, a Tectoy garantiu que o tricampeão mundial de Fórmula 1 Ayrton Senna supervisionasse o clássico Ayrton Senna 's Super Monaco GP II.

Tectoy

Ainda sobre o Brasil, a Tectoy teve grande contribuição no sucesso brasileiro não somente do Mega Drive, mas de todos os consoles da Sega. Mesmo sob uma condição econômica muito ruim que perdurou até a implementação do plano Real, a Tectoy fez um grande trabalho para distribuir, dar suporte e principalmente divulgar a Sega e o Mega Drive no Brasil. Os jogadores brasileiros não perderam nenhum dos principais lançamentos do Mega, e alguns títulos como Shining in the Darkness foram inclusive traduzidos.  

A Tectoy chegou até mesmo a desenvolver jogos exclusivos para o Mega Drive, como um game de plataforma do Pica-Pau e uma improvável versão de Duke Nukem 3D.

Marketing agressivo

Durante o ciclo do Mega Drive, a Sega não perdeu uma oportunidade de provocar aa Nintendo, sempre com mensagens irônicas, debochadas e comparações diretas de seus títulos contra os da rival.

Algumas campanhas de marketing da época ainda são lembradas, e, mesmo após mais de 30 anos, slogans como "Sega does what Nintendon't" (Sega faz o que a Nintendo não, em tradução livre) ainda são lembradas. O lançamento de Sonic the Hedgehog incentivou o marketing da Sega a manter a atitude radical, que perdurou durante toda a geração 16-bits e marcou a indústria para sempre.