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Não confie em tudo o que Johnny Silverhand diz em Cyberpunk 2077

Conversamos com Paweł Sasko, diretor do próximo jogo da franquia

11 jul 2024 - 06h00
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Veterano da CD Projekt RED, Pawel Sasko foi designer de missões e história em Cyberpunk 2077
Veterano da CD Projekt RED, Pawel Sasko foi designer de missões e história em Cyberpunk 2077
Foto: Reprodução / Paweł Sasko

Cyberpunk 2077 teve um lançamento conturbado e levou anos para atingir seu status de "jogo imperdível", que só veio mesmo em 2023, com a chegada da expansão Phantom Liberty. Isso não é segredo para ninguém. Mas é impossível negar que os personagens e a narrativa apresentados nas missões principais do RPG futurista da CD Projekt RED sempre foram os pontos altos da aventura.

Entre essas missões, sempre me chamaram a atenção os interlúdios em que o jogador encarna o rockstar Johnny Silverhand em flashbacks lá dos tempos de Cyberpunk 2020 – o RPG de mesa que é a base para o jogo da CD Projekt. A saga original de Silverhand – interpretado no videogame por Keanu Reeves – é composta por recriações de aventuras canônicas do cenário e dos contos que abrem capítulos dos livros de regras. 

Mas mesmo abrindo sorrisos nos rostos dos fãs veteranos, aqueles mais atentos percebem que nem sempre a versão do jogo bate com os fatos descritos pelo autor Mike Pondsmith no passado. Tive a oportunidade de conversar sobre isso com Paweł Sasko, diretor do próximo jogo da série e designer de história e missões de Cyberpunk 2077. O desenvolvedor esteve na gamescom latam e era uma das presenças ilustres no evento, mesmo sem nada de novo para mostrar. Então, assim como Johnny em seus interlúdios, decidimos revisitar o passado.

Interpretado por Keanu Reeves, Johnny Silverhand é o narrador fantasmagórico de Cyberpunk 2077
Interpretado por Keanu Reeves, Johnny Silverhand é o narrador fantasmagórico de Cyberpunk 2077
Foto: Cyberpunk 2077 / Reprodução

“Nós pesquisamos muito, lemos todos os livros do jogo original”, contou Sasko. “Verificamos especificamente o que daria um ótimo material para fazer uma missão. E, claro, às vezes nós precisamos mudar alguma coisa, adicionar algo, para que funcionasse como um videogame".

A ideia da CD Projekt era apresentar lentamente o passado e mostrar o que Johnny passou, introduzindo vários personagens importantes através desses momentos. Mudar a narrativa de V para os olhos de Silverhand nessas missões é uma técnica que a produtora polonesa vem desenvolvendo ao longo dos anos, começando em uma missão específica em The Witcher 2 e indo muito além no premiado The Witcher 3, em que o jogador controla Ciri em várias ocasiões, em uma aventura paralela à de Geralt.

Ao usar as aventuras clássicas de Cyberpunk, mas sob a perspectiva de Silverhand, a CD Projekt não só introduz personagens importantes como Rogue, por exemplo, como também faz um aceno para os fãs do RPG de mesa. "Nosso público inclui pessoas que jogaram [Cyberpunk] 2020, jogadores de The Witcher e talvez pessoas que gostam de RPGs em geral. Nós queríamos ter algo para cada um desses grupos", explicou Sasko.

"Assim, quando você é um fã do RPG de mesa e joga Cyberpunk 2077, você pensa 'Uau, eles colocaram isso mesmo!' e se sente reconhecido, vê que as raízes do jogo estão lá", disse o diretor. "E agora nós temos também os fãs de Cyberpunk RED [a versão mais nova do RPG de mesa] e de Mercenários [o anime da Netflix] – nossa base de fãs agora inclui todos esses grupos, que temos que levar em consideração".

Phantom Liberty: Jogamos a expansão de Cyberpunk 2077:

O uso de Silverhand, um personagem que é basicamente uma voz na cabeça de V, para apresentar os eventos do passado permitiu que a CD Projekt RED fizesse alterações sem mudar o cânone de Cyberpunk. "Johnny é o que chamamos de 'narrador não confiável', é uma técnica narrativa", explicou Sasko.

"Você está vendo os acontecimentos do passado como ele acha que foi, não necessariamente como aconteceram. Há uma grande diferença aí, que pode ter impacto em grandes eventos e também nas pequenas coisas", disse Sasko. "São mudanças que fizemos muito conscientes em relação aos eventos do RPG de mesa. Morgan Blackhand, por exemplo, tem um grande papel em 2020, mas Johnny decide omitir tudo sobre ele, não mencionando o personagem no game".

"Há muitas coisas que mudamos, com bastante cuidado, escolhas que pudemos fazer porque Silverhand não é um narrador confiável", confidenciou o diretor. "Eu acho que não são todos os jogadores que percebem isso, pois requer um pouco mais de atenção e reflexão para confrontar os fatos e estar ligado no que está acontecendo".

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Ou seja, não se pode confiar em tudo o que Silverhand diz. "E isso foi projetado para ser assim", confirmou Sasko. "Nossa memória funciona desse jeito. Quando pensamos no passado, não nos lembramos exatamente como as coisas aconteceram, mas na nossa percepção daquilo. E com o passar do tempo, alguns elementos se perdem. Johnny Silverhand é um narrador não confiável, e nós nunca dissemos isso no jogo".

Cyberpunk 2077 está disponível para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X/S.

Fonte: Game On
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