Salve o mundo, encontre o amor, ou ambos em Eternights
Mistura de ação com simulador de namoro chega ao Nintendo Switch
À superfície, a junção de ação com simulador de namoro, duas propostas que nada teriam a ver, parece insólita. Porém, o Studio Sai, uma pequena e independente desenvolvedora de jogos, conseguiu (até certo ponto) fazer essa fórmula funcionar agora também no Nintendo Switch, pouco mais de um ano após o lançamento original do game para PC, PlayStation 4 e PlayStation 5.
Eternights coloca o jogador no papel de um típico adolescente desajeitado que sonha em se dar bem com as meninas. O jogo inclusive mostra o personagem (a ser nomeado pelo jogador), com ajuda de seu amigo, tentando marcar um encontro via aplicativo de namoro.
Salvar o mundo e se dar bem, ou o contrário?
Quando as coisas parecem enfim que darão certo, a história dá sua primeira virada: uma entidade misteriosa fecha a cidade e as pessoas começam a inexplicavelmente se transformar em monstros. Para completar a bagunça, o personagem e seu amigo, após serem forçados a se esconderem em um abrigo, eles encontram Yuna, uma super ídola da música, e os três terão que sobreviver e entender o que se passa a suas voltas.
Essa introdução resume bem a proposta de Eternights: cabe ao jogador tanto lutar pela sobrevivência e avançar o enredo, quanto buscar um relacionamento com Yuna e/ou outras personagens que entrarão no game posteriormente. Apesar de limitações evidentes, o Studio Sai conseguiu implementar bem tanto o lado ação quanto o de namoro, porém ficou claro que o segundo funcionou melhor que o primeiro.
Passados os primeiros momentos, o que se nota é que a equipe do Studio Sai se inspirou muito em Bayonetta, pois os combates de Eternights fluem de maneira similar: cabe ao jogador executar um combo de golpes fracos com um forte no final, e ao esquivar de um ataque inimigo no tempo certo, ativa-se um modo câmera lenta copiado do Witch Time de Bayonetta. O problema, é que os combates de Eternights, se por um lado funcionam corretamente, por outro expõem suas limitações técnicas. Primeiro porque o jogador tem apenas um combo (posteriormente variando apenas o efeito de alguns golpes), o que faz com que as lutas sejam rapidamente limitadas e repetitivas; e segundo, porque a única diferença entre inimigos comuns e chefes, são que estes apenas têm que se quebrar a defesa 2 ou mais vezes para começar causar dano. E ainda sobre os inimigos comuns, os mesmos 5 monstros aparecerão o jogo inteiro.
Outro problema são as masmorras presentes no game, que se limitam a serem conjuntos de corredores genéricos com algumas salas com os mesmos inimigos pelo caminho. Não há senso de exploração nem alternativas, e os quebra-cabeças se resumem a variações do mesmo mini game que aciona uma ponte. Algumas masmorras ainda têm paredes invisíveis bastante evidentes, o que destaca as limitações técnicas do game.
Onde Eternights funciona melhor é no lado simulador de namoro. Há diversas variáveis nos muitos diálogos presentes, e cada resposta conta e muda como as possíveis opções de relacionamento reagem a você. O game conta com uma boa escrita, e a equipe da Sai soube diferenciar bem cada personagem em suas personalidades e histórias de fundo. Um lado prático dessa parte é que conforme o jogador aprofunda sua ligação com os outros personagens, além de ganhar diferentes atributos para seu avatar, ganha-se também opções de personagem suporte para as batalhas, o que ajuda bastante contra os chefes mais poderosos.
Do lado técnico, o Studio Sai fez um trabalho razoável na versão Switch, que conta com gráficos decentes e performance estável, porém vários problemas visuais, como texturas estouradas e ângulos de câmera que evidenciam um certo baixo orçamento, ficaram evidentes nos diversos estágios presentes no game. Ainda no quesito problemas, embora o game conte com textos em português, estes parecem ter sido gerados automaticamente, pois há alguns casos de palavras que se sobrepõem e alguns diálogos, digamos, "duros", que não soam naturais. Em contrapartida, as animações são competentes e Eternights também exibe alguns filmes em 2D com surpreendente nível de produção.
Conclusão
Eternights mostrou que é possível unir dois tipos de jogo que aparentemente nada teriam em comum, ainda que tenha sido mais competente do lado do namoro, mais variado e até envolvente, que o de ação, limitado e um tanto genérico. Assim, somando-se prós e contras, Eternights é uma curiosa e competente opção no universo dos jogos indie do Nintendo Switch.
É possível jogar Eternights em versões para PC, PlayStation 4, PlayStation 5 e Switch.
Esta análise foi feita com uma cópia do jogo para Switch gentilmente cedida pelo Studio Sai.
