Silent Hill: O que a franquia tem de tão especial?
Entenda o sucesso dos jogos de terror da Konami
Recentemente uma notícia envolvendo o aparecimento de um suposto novo Silent Hill em uma lista de classificação indicativa da Coréia do Sul causou furor na internet. Assim como já havia acontecido com Suikoden, o provável retorno de uma importante franquia da Konami animou os fãs da marca, que outrora já foi uma das grandes referências em termos de jogos clássicos.
Agora, a produtora japonesa anunciou uma transmissão no YouTube, que acontecerá no dia 19 de outubro, para revelar várias novidades sobre a cultuada franquia de terror. Grande sucesso da virada dos anos 1990 para 2000, Silent Hill surgiu e sumiu como um dos devaneios presentes nas sombrias tramas de seus games.
In your restless dreams, do you see that town?
The latest updates for the SILENT HILL series, will be revealed during the #SILENTHILL Transmission on Wednesday, October 19th, at 2:00 PM. PDThttps://t.co/8Knoq9xYsa
— Silent Hill Official (@SilentHill) October 16, 2022
"Nos seus sonhos sem descanso, você vê aquela cidade?", diz o anúncio da transmissão. A frase é uma referência ao cultuado Silent Hill 2.
Relembre a trajetória de Silent Hill e entenda o que os jogos de horror da Konami têm de tão especial!
Da luz…
Em 1999, o mundo dos games vivia uma fase intensa. O Dreamcast, último console da Sega, foi lançado alguns meses do ano anterior, ao passo que a Capcom e a Square sacudiram o mercado com pesos-pesados como Resident Evil (que àquela altura já estava na terceira edição) e Final Fantasy VII. A Konami não ficou para trás, e depois de entregar clássicos como Castlevania: Symphony of the Night (1997) e Metal Gear Solid (1999), "respondeu" ao game da Capcom com o terror psicológico de Silent Hill.
Se o "terror de sobrevivência" exibido por Resident Evil foi inspirado pelos filmes de horror viscerais da década de 1970/80 como "Massacre da Serra Elétrica" e "Despertar dos Mortos", temos um Silent Hill uma pegada mais à "Carrie, a estranha" e a série "Twin Peaks", que exploram as fobias humanas e situações surrealistas para envolver o espectador em suas tramas.
Comparado a Resident Evil, Silent Hill foi um jogo focado em envolver psicologicamente o jogador. Se nos jogos da Capcom, o jogador sabia onde estava e sua maior preocupação era sobreviver, em Silent Hill, o jogador sabe apenas que o protagonista, Harry Mason, sofreu um acidente de carro e sua filha está desaparecida. Silent Hill é um lugar sinistro, vazio e desde o início hostil, ao mesmo tempo sem revelar o porquê. Personagens são apresentados aos poucos, e sempre de uma forma reticente, como se estivessem escondendo algo do jogador. Além de lutar para permanecer vivo, o jogador vai desenrolando uma trama com toques sobrenaturais e com viradas de impacto. Se Resident Evil é o inferno, Silent Hill é um pesadelo.
A tensão é constante. A Konami trabalhou bem as capacidades do PS1, entregando um mundo com cenários mórbidos, aterradores e uso de bom efeito de luz nos ambientes mais escuros. O som é um grande destaque do jogo, com efeitos sonoros perturbadores e a trilha densa composta por Akira Yamaoka mantém o jogador sempre em suspense.
...À escuridão!
O sucesso do primeiro título levou a Konami a já trabalhar uma sequência para a próxima geração, cujo primeiro console foi o PlayStation 2, lançado em 2000. Com muito mais recursos técnicos à disposição, a equipe de desenvolvimento pôde entregar um Silent Hill 2 com uma atmosfera e clima muito mais misterioso e sinistro que a do primeiro game. Acostumados a assistir filminhos pré-renderizados e depois encarar gráficos muito mais modestos, os jogadores da época se impressionaram com cenas feitas com os gráficos reais do jogo, o que fez da cena inicial com James Sunderland parecer um "filme jogável".
Silent Hill 2 também foi o game que apresentou alguns dos vilões mais memoráveis da franquia, como as enfermeiras-zumbis e o temível Pyramid Head. Ainda mais sinistro e surreal que o game anterior, Silent Hill 2 apresenta 5 finais diferentes, que variam de acordo com certas escolhas feitas durante a campanha. Em resumo, é o game mais assustador e divertido da série.
Infelizmente, a partir daí a franquia Silent Hill entrou em uma espiral de decadência, perdendo qualidade a cada novo título lançado. O ponto baixo desse processo foi o pavoroso "Silent Hill HD Collection", compilação lançada em 2012 para PlayStation 3 e Xbox 360 que apresentou sérios problemas de performance, muitos bugs, e uma apresentação inferior às versões originais dos games presentes. Um ponto de luz nessa escuridão foi Silent Hill: Shattered Memories, uma "reimaginação" do game original lançado em 2009 para Nintendo Wii (com conversões para PS2 e PSP).
O último suspiro da série foi "P.T", um demo de terror desenvolvido por Hideo Kojima e dirigido em parceria com o cineasta Guillermo del Toro. Porém, desentendimentos entre a Konami e Kojima, que levaram a sua eventual saída da companhia, fizeram com que o projeto fosse cancelado, e desde então a série Silent Hill permanece na escuridão.
O que haverá além da bruma de Silent Hill? Acompanhe a transmissão da Konami no dia 19 de outubro e participe do canal do Game On no Discord para ficar por dentro de todas as novidades!