Profissionais contam porquê Valorant é mais receptivo para jogadoras
Cenário feminino do game vem se destacando frente a outras modalidades, como Counter-Strike.
Lançado em 2020, VALORANT é uma das maiores apostas da Riot Games e chegou para disputar espaço em um cenário dominado pelo consolidado Counter-Strike: Global Offensive. Com premissas semelhantes - ambos são jogos de tiro tático com partidas disputadas em 5x5 -, VALORANT foi aos poucos conquistando um público relativamente escasso em CS:GO, as mulheres.
O Game On conversou com Amanda "AMD" Abreu, ex-jogadora profissional de CS:GO e que hoje atua como comentarista de esports, e Karina “kaah” Takahashi, jogadora de CS:GO da FURIA, para entender os motivos por trás do sucesso de VALORANT com elas.
Para Amanda, a Riot rapidamente mostrou que daria apoio ao cenário feminino em seu novo FPS: “Em CS:GO, não temos o apoio da Valve como temos da Riot em VALORANT. CS é um jogo que a gente precisa, literalmente, jogar por amor”, explicou. “VALORANT nasceu com a visão de um cenário em que seria possível ser profissional e daria pras meninas viverem disso”.
Desde muito cedo a Riot apostou no cenário feminino e se preocupou em incentivar o crescimento dessa comunidade, fazendo com que as mulheres também tivessem visibilidade e oportunidades de crescer e mostrar seu talento, algo que não recebe a merecida atenção em outras modalidades. Assim, diversos campeonatos exclusivos para jogadoras foram sendo realizados, como o VCT Game Changers, principal torneio do circuito feminino, e a Copa Rakin, que ganhou uma edição com foco em mulheres, transgêneros e não-binários.
As premiações ainda estão longe se de serem parecidas, mas VALORANT parece seguir por um caminho que CS:GO demorou para enxergar: “Para chegarmos no mesmo nível que VALORANT alcançou em menos de um ano, demoramos pelo menos três ou quatro anos em CS:GO”, explica Amanda.
Mas engana-se quem pensa que VALORANT está isento de toxicidades. A presença de um maior público feminino ajuda o ambiente a ser mais receptivo para as mulheres que iniciam no FPS, mas o ambiente do jogo ainda está longe de ser o ideal: “Ainda existe muita coisa a ser feita, como um maior controle sobre a toxicidade dos jogadores. Eu vejo que isso já está sendo trabalhado e que é impossível ter controle sobre isso - as pessoas podem criar contas para serem machistas, homofóbicas e xenofóbicas, e tá tudo certo na cabeça delas. Ainda há um longo caminho pela frente.”, complementa a comentarista.
Já como comentarista, Amanda explica que demorou a conquistar o respeito da comunidade de CS:GO, algo comum em diversas modalidades e que foi muito diferente quando começou a trabalhar com VALORANT. “Demorou até eu conseguir ter um pouco de ‘respeito da comunidade’ como comentarista de CS. As pessoas me julgavam muito, diziam que eu não sabia o que estava falando - por mais que tudo fosse com base, com estudo. A não ser que algum homem da bancada concordasse comigo, o que eu falava era besteira, era burrice. Em VALORANT as pessoas não têm muito essa distinção de gênero - elas são críticas, mas no sentido de competência. Isso tornou tudo mais confortável, VALORANT foi muito receptivo.”
Já para Karina, o sucesso que VALORANT vem fazendo com as mulheres tem uma explicação que pode ser facilmente resumida: “Acho que existe uma explicação muito simples para isso: a Riot valoriza o cenário feminino, ela está dando visibilidade para as mulheres.”
Além disso, por ser um título recente, o jogo atrai a atenção das novatas: “VALORANT é um jogo mais simples, que chama mais a atenção de quem nunca jogou FPS. Além disso, é um jogo novo e, por isso, atrai mais pessoas novas”, explica Karina. “No CS é mais difícil, é um jogo mais complicado e tem a questão de que muita gente não conhece outras pessoas para jogar junto - VALORANT é gratuito, é fácil chamar e fazer amigos.”, completa.
Gratuito para jogar, VALORANT está disponível para PC.