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Remake de Mafia é lindo, mas escorrega no problema de sempre

Remake do jogo de 2002 traz boa ambientação e aprimora narrativa, mas continua com jogabilidade sem graça; confira nosso review

16 out 2020 - 15h51
(atualizado às 15h53)
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Eu tenho boas memórias do primeiro Mafia (2002). Foi um dos primeiros jogos de PlayStation 2 que me fizeram acreditar que tudo aquilo na tela parecia mais um filme do que propriamente um jogo — algo surpreendente para a época, visto que o avanço tecnológico do primeiro para o segundo console da Sony foi gigantesco.

Mafia: Definitive Edition foi lançado para PlayStation 4, Xbox One e PC
Mafia: Definitive Edition foi lançado para PlayStation 4, Xbox One e PC
Foto: Divulgação / 2K Games

Revisitando o jogo hoje, eu ainda tenho a sensação de que ele envelheceu bem, com apenas alguns deslizes na jogabilidade. Mas tudo bem: afinal, o fator “uau” ainda estava presente, com narrativa e qualidade gráfica bastante atuais.

Agora, temos a oportunidade de testar a versão definitiva do jogo. Mais uma vez, a Hangar 13, estúdio da 2K Games que ficou responsável pelos remakes da série, tinha a chance de criar uma “obra-prima”, aprimorando o que já era bom e consertando o que não era. Entretanto, pela terceira vez, a produtora repete os mesmos erros e entrega um gameplay fraco e cheio de engasgos (conhecidos como quedas de frame rate).

Um mundo lindo e caótico

Mafia: Definitive Edition, disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC, traz a mesma (e excelente) narrativa do original, apenas com pequenos aprimoramentos e mudanças nos diálogos. O jogo conta a história de Tommy Angelo, um taxista recrutado por uma das famílias líderes da máfia italiana na cidade de Lost Heaven, nos Estados Unidos, durante os anos 1930. Inspirada na Chicago da vida real, a cidade sentia os impactos da grande depressão econômica da época e da Lei Seca (período em que a fabricação e a venda de bebidas alcoólicas foi proibido no país). O cenário nada amigável é um estopim para que Tommy se deixe levar por uma vida de crimes e regalias.

Tommy Angelo: de pacato taxista a mafioso
Tommy Angelo: de pacato taxista a mafioso
Foto: Divulgação / 2K Games

A progressão da campanha principal segue o mesmo formato de antes, dividida em capítulos. O jogador é orientado a ir do ponto A ao ponto B para cumprir missões, enquanto que a história se desenrola ao passar dos anos. Portanto, não espere circular livremente pelo mundo aberto no modo principal.

Àqueles que gostam de vasculhar a cidade, existe agora um outro modo de jogo avulso, chamado Direção Livre. Aqui, você fica livre para explorar a cidade como bem entender: seja dirigindo, realizando missões secundárias, obtendo colecionáveis, fugindo da polícia... Fica a seu critério.

A diversão, no entanto, se esgota aos poucos, já que não há coisas interessantes e desafiadoras para se fazer. Eu desisti desse modo após alguns minutos perambulando e voltei para a história principal. É uma pena, afinal, Lost Heaven foi recriada com tanto primor que poderia ser muito melhor explorada, com toneladas de atividades extras. Meu palpite: a exploração de mundo aberto nunca foi e nunca será o foco do game — e não haveria orçamento suficiente para tanto.

Cidade de Lost Heaven está mais bonita do que nunca, com todos os seus contrastes sociais
Cidade de Lost Heaven está mais bonita do que nunca, com todos os seus contrastes sociais
Foto: Divulgação / 2K Games

O que era bom, ficou melhor. O que era ruim...

Além da narrativa, o jogo engrandece na ambientação e nos gráficos. A cidade está mais viva que nunca: fachadas e construções são ultrarrealistas, pedestres parecem ter uma vida real e o trânsito é orgânico e fluido. Destaque para as ações climáticas, que, com o trabalho de luz e sombra, elevam a sensação de imersão; as chuvaradas, por exemplo, molham o asfalto e deixam poças aos montes, os quais vão secando aos poucos de forma natural.

Por outro lado, Mafia se apequena em um velho conhecido dos fãs: a jogabilidade. As mecânicas são travadas e limitadas, e as animações de Tommy parecem um tanto falsas. Graças à falta de opções, o sistema do combate é fraco e não empolga. Até mesmo a física dos veículos é mediana, pois passam a impressão de que você está constantemente dirigindo sob uma pista molhada.

Os momentos de stealth também são frustrantes, visto que a inteligência artificial dos inimigos não é tão inteligente assim. Às vezes, eles ficam alerta de repente, mesmo que você não faça movimentos bruscos; em outras, eles simplesmente ficam parados como esponjas de balas. Quando você transita entre o tiroteio e o corpo-a-corpo, ele fica alguns segundos tentando raciocinar o que deve fazer.

Além disso, os melhores momentos do game sofrem com constantes quedas de frame rate. As travadinhas não chegam a atrapalhar o jogador de fato, mas causam uma leve frustração — afinal, são logo nos melhores momentos — e um sentimento de que as entranhas do título poderiam estar melhor polidas. 

Cenas de ação empolgam, mas sofrem quedas de frame rate com frequência
Cenas de ação empolgam, mas sofrem quedas de frame rate com frequência
Foto: Divulgação / 2K Games

Veredito

No fim, Mafia: Definitive Edition é um bom remake, mas passa a sensação de que poderia ter sido muito melhor. A Hangar 13 repete os mesmos passos dados nos outros dois remakes da franquia: melhora o que já era bom, e mantém (ou piora) os velhos problemas de sempre. Ao se sustentar na narrativa e nos gráficos, seria uma obra feita se não estivéssemos falando… de um jogo de videogame. 

Apesar dos problemas, a trama de Tommy Angelo continua instigante e merece uma revisita dos fãs — ou uma primeira chance dos entusiastas de histórias de mafiosos. Apenas não vá com expectativas tão definitivas.

A história de Tommy Angelo continua sendo uma das mais cinematográficas do mundo dos games
A história de Tommy Angelo continua sendo uma das mais cinematográficas do mundo dos games
Foto: Divulgação / 2K Games

Nota final: ⭐⭐⭐

Mafia: Definitive Edition foi lançado em 25 de setembro de 2020 para PlayStation 4, Xbox One e PC.

Este jogo foi cedido ao Terra gratuitamente pela 2K Games. O repórter jogou o título em um PlayStation 4 Slim.

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Crash 4: produtor explica a arte e design do game:
Fonte: Redação Terra
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