Maioria dos gamers brasileiros são homens e negros, revela pesquisa
Desde 2016, a maior representatividade entre jogadores era do público feminino; entenda as mudanças no perfil do gamer no Brasil
A Pesquisa Game Brasil (PGB) chegou em sua 10ª edição com várias novidades sobre o perfil do jogador de videogames no Brasil: pela primeira vez desde 2016, a maior parte dos gamers brasileiros é composta pelo público masculino, revelou a pesquisa.
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Os homens assumiram a liderança na 10ª PGB, representando 53,8% frente a 46,2% de mulheres. Para Guilherme Camargo, sócio da SX Group e professor na pós-graduaçõa da ESPM, a mudança está relacioanda ao aumento de interesse das grandes publicações na criação e lançamentos de jogos no smartphone - principal plataforma de games do brasileiro, usada por 51,7% dos jogadores, um aumento de 3,4 pontos percentuai comparado com à edição 2022 do estudo (48,3%).
"Isso também trouxe um maior envolvimento no cenário competitivo, atraindo os jogadores conhecidos como 'hardcore gamers', que são em sua maioria homens, para os smartphones, que era um território predominantemente feminino", analisa Camargo.
Já sobre a etnia dos gamers brasileiros, como constatado nas edições anteriores, a maioria é negra (54,1%) quando somados aqueles que afirmam ser pretos (12,7%) ou pardos (41,4%), enquanto pessoas que se declaram brancas representam 42,2% dos jogadores de jogos eletrônicos no Brasil.
Em relação à faixa etária, os dados reforçam que não há idade certa para jogar e que a atividade já está presente em praticamente todas as faixas etárias. O maior público possui entre 25 e 29 anos, com 16,2%. Jovens de 20 a 24 anos representam 15,1%; adultos de 30 a 34 anos compõem mais 16,1% dos jogadores brasileiros e pessoas com 35 a 39 anos representam 15,5%. Brasileiros com 45 anos ou mais também possuem o hábito de jogar em volume páreo, com 15,8% na soma.
A PGB 2023 também aponta que a maior parte dos gamers brasileiros segue pertencente à classe média (B2, C1 e C2), com 65,7%. Pessoas de classe média-alta (B1) representam 11,7% do público; da classe A representam 12,3% e a base da pirâmide (classes D e E) representa 10,4%.
Mudanças ao longo dos anos
A 10ª Pesquisa Game Brasil entrevistou 14.825 pessoas no Brasil, em 26 estados e no Distrito Federal, durante o mês de janeiro deste ano. O estudo é desenvolvido pelo SX Group e Go Gamers em parceria com Blend New Research e ESPM. De acordo com a recém-divulgada 10ª edição, 70,1% da população no Brasil afirma jogar algum tipo de jogo. Comparado ao ano de 2022, o dado apresenta uma queda de 4,4 pontos percentuais.
A primeira edição da PGB aconteceu em 2013 com o objetivo de entender o perfil dos jogadores e é interessante notar como o quadro mudou ao longo dos anos: "Na leitura inicial, quem reinava eram os consoles e vimos os smartphones ganharam espaço, preferência e relevância no mercado ano após ano", diz Camargo. "Essa evolução trouxe novos modelos de negócios e um público feminino cada vez mais representativo e com maior diversidade para classes sociais menos privilegiadas. Observamos o crescimento dos eSports e acompanhamos todos os aspectos das mudanças de comportamento no antes, durante e pós pandemia".
Enquanto o smartphone se estabeleceu como plataforma dominante entre os gamers brasileiros, a disputa pelo segundo lugar teve reviravoltas no último ano. Os consoles domésticos agora aparecem como a segunda plataforma favorita, com 20,5% de preferência dos entrevistados. Os computadores que antes ficavam nesta posição, são a terceira opção dos gamers, bem de perto: 19,4% jogam em desktops ou notebooks.
Engajamento dos gamers
O engajamento do brasileiro com os jogos é notável: 30,5% jogam todos os dias em seus celulares, enquanto nos consoles e computadores, jogar diariamente é um hábito para 12,2% e 14,1% dos players, respectivamente. Apesar disso, é nos consoles e computadores que as sessões mais longas acontecem: jogar de 1 a 3 horas é comum para 38% dos gamers de consoles e para 32,9% dos jogadores de computadores, ao passo que 31,1% dos gamers de smartphones jogam nesta mesma duração.
Carlos Silva, sócio da Go Gamers, uma das responsáveis pela PGB, aponta o papel fundamental dos jogos mobile na formação do consumidor de games brasileiro, desde 2016, quando os smartphones passaram a ter relevância no mercado local. Para o especialista, o celular democratizou o consumo de games e trouxe novas perspectivas para o público, que pôde ter acesso aos jogos.
Independentemente da plataforma, a PGB 2023 indica um equilíbrio entre quem joga de maneira mais casual e mais compromissada. Segundo a pesquisa, 19,9% dos jogadores jogam de 2 a 4 horas na semana, seguidos por 18,8% que investem de 8 a 20 horas de seu tempo com games ao longo de 7 dias. Entre ambos os recortes, há 16,1% que dedicam de 6 a 8 horas e 15,9% que jogam de 4 a 6 horas por semana, e também 15,9% que jogam por menos de 2 horas na semana.
De acordo com o estudo, 24,8% afirmam ter gasto até R$ 100,00 e 29,2% gastaram entre R$ 101,00 à R$ 500,00 com jogos no ano passado; 12,7% gastaram entre R$ 501,00 até R$ 1.000,00 e 12,9% que gastaram mais de R$ 1.000,00. Há um recorte de 20,4% que não gastou com jogos. Mas isso não significa que esta última parcela não jogue. Com a grande variedade de jogos gratuitos para jogar disponíveis no mercado, a PGB 2023 constata que 39% dos gamers preferem baixar apenas jogos deste tipo.
“Boa parte da monetização dos jogos eletrônicos é feita por meio de um modelo freemium, no qual há a venda de itens virtuais, assinaturas, cancelamento de publicidade e entre outras formas de consumo. Os games são cada vez mais vendidos como serviços e não como produto, que era o principal modelo de negócio na década passada”, acrescenta Mauro Berimbau, consultor da Go Gamers e professor da ESPM, e isso se reflete nos hábitos dos jogadores brasileiros, que dedica parte de seus gastos ao conteúdo 'in-game'.
Os entrevistados pela PBG 2023 dizem consumir itens como moedas virtuais (31,2%); expansões de jogos (29,6%) e itens de melhoria (27,5%), mas 31,8% afirmam não gastar com nenhuma opção. A grande maioria (42,8%) também não paga por serviços online ante ao público assinante do Xbox Game Pass (21,2%) e PlayStation Plus (20,6%), por exemplo.
Em relação ao consumo de equipamentos para jogos, no último ano, 20,9% dizem ter gasto menos de R$ 500,00; 18,4% gastou de R$ 500,00 a R$ 1.250 com equipamentos e a grande maioria (27,4%) afirma não ter gasto. Por fim, a respeito de produtos relacionados ao segmento, 37,6% dedicam seu dinheiro com camisetas/vestuário; 28,4% com objetos para casa e 20,5% com acessórios de moda, enquanto que 35,2% afirma não gastar com isso.
A pesquisa completa pode ser conferida no site oficial da PGB 2023.