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"Não é caridade, é investimento", diz Afrogames

Sócio e coordenador da instituição falaram sobre importância do projeto

5 ago 2022 - 16h36
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AfroGames comenta sobre expansão do projeto
AfroGames comenta sobre expansão do projeto
Foto: AfroGames / Reprodução

Criado em 2019, o AfroGames se tornou o primeiro centro de formação de atletas de Esports em favelas do mundo. Inicialmente localizado dentro da favela de Vigário Geral, no Rio de Janeiro, o projeto já se expandiu e segue firme em sua missão de capacitar e profissionalizar jovens de comunidades para atuarem no mercado de games.

Em conversa exclusiva com o Game OnRicardo Chantilly, sócio diretor do projeto, e Willian Reis, coordenador geral do AfroReggae, comentaram a importância dos empresários enxergarem a instituição como uma fonte de investimento. Apesar da missão social da AfroGames, o projeto não pode ser visto como uma caridade para quem pode investir.

Evolução e expansão do projeto

Ricardo Chantilly é sócio diretor da AfroGames
Ricardo Chantilly é sócio diretor da AfroGames
Foto: AfroGames / Reprodução

Apesar da AfroGames ter sido criado em 2019, é importante ressaltar que ela é apenas uma vertente de uma ONG que atua há mais de 30 anos no país. Entretanto, para Ricardo Chantilly, apresentar os games como nova iniciativa ainda foi um desafio, apesar da existência antiga do AfroReggae.

"Quando a gente começou, as pessoas não acreditavam e não entendiam, mais não entendiam do que não acreditavam no projeto. Porque, na verdade, o AfroReggae é uma ONG que ta fazendo 30 anos agora, então ela já tinha o respaldo de ser o AfroReggae de estar fazendo um projeto como esse (AfroGames). Mas, ao mesmo tempo, as pessoas não entendiam o que que era o “Games” [risos]. Então, nossa dificuldade foi essa", comenta o sócio diretor.

Afrogames muda vida de jovens moradores de favelas do Rio:

Ainda assim, o projeto seguiu e, três anos depois, conseguiu expandir até mesmo para fora da favela de Vigário Geral. Aliás, isso foi um desafio não só de estrutura, mas também de contato com as diferentes comunidades que os projetos tentavam alcançar.

"Agora a gente chega abrindo mais duas unidades, no Complexo da Maré, e são duas favelas diferentes e com comandos diferentes. Ou seja, o AfroReggae e o AfroGames conversando com todos os jovens, independente de qualquer coisa que aconteça. A gente que começou com 100, hoje conta com 170 em Vigário Geral e estamos, agora com o Complexo da Maré, com 370 jovens. Então, quer dizer, isso em apenas estando no terceiro ano de projeto", conta Ricardo.

AfroGames e AfroReggae são investimentos

Willian Reis coordena o projeto AfroReggae
Willian Reis coordena o projeto AfroReggae
Foto: AfroGames / Reprodução

Coordenador do AfroReggae e envolvido com o contato com as comunidades, Willian Reis é pontual ao comentar o que precisa mudar para que o projeto cresça ainda mais. Para ele, a visão de quem pode bancar a instituição precisa sair do campo da caridade.

"Acho que as empresas, as grandes empresas, precisam entender que não é caridade, é investimento. Acho que a principal coisa é essa (para evoluir mais). As empresas ainda não perceberam que investir em projeto sociais voltados pro mundo dos esports não é caridade, é investimento. Que o retorno vai ser muito maior do que ela vai ta investindo. Então acho que essa é a principal coisa", analisa Willian.

Inclusive, sobre o futuro do projeto e todas suas vertentes, Chantilly compara o potencial do Brasil com a Índia. Segundo ele, com o investimento certo, as favelas do país poderiam direcionar jovens que, hoje, não estão no caminho correto, para uma carreira internacional.

"A gente tem o sonho de que as favelas do Brasil virem o que virou a Índia, que, há 20 poucos anos atrás, o Bill Gates foi lá e falou “cara, vocês tem que começar a criar programadores, a formar programadores” e, hoje, a Índia exporta mão de obra pro mundo inteiro online. Então, a gente tem jovens em favelas do Rio de Janeiro que estão de bobeira na rua e que poderiam estar estudando", pontua o sócio diretor.

AfroGames quer capacitar e profissionalizar jovens no mundo dos eSports.
AfroGames quer capacitar e profissionalizar jovens no mundo dos eSports.
Foto: Divulgação / AfroGames

Para finalizar, os entrevistados contam que esperam que o AfroGames e AfroReggae se tornem um exemplo, inclusive para o governo.

"O AfroGames e AfroReggae é apenas um exemplo para que os governos peguem isso e transformem num exemplo e seja um negócio nacional muito maior e a gente, daqui 20 anos, seja um país melhor posicionado, com mais capacidade e, principalmente, com as pessoas sem dívida, trabalhando, não precisando a recorrer a outras coisas", finaliza Willian.

Fonte: Game On
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