Top 10 jogos brasileiros (até eu mudar de ideia de novo)
Lista tem Unsighted, SkateRPG, Akane e outros jogos diferenciados
Os manos do podcast XQuadradoY me chamaram pra contar um pouco a história do Controles Voadores e também pra fazer um top 10 jogos brasileiros na minha opinião. Só que minha opinião tá sempre mudando, variando junto com meu humor, minha ansiedade e vários outros fatores que vão além da "crítica profissional" de joguinhos.
Pra ajudar, eu dei uma roubadinha e dividi o negócio em duas partes. A primeira foi pros jogos que eu considero algo como "os maiores jogos brasileiros já feitos", levando em conta sucesso, tamanho, temática e mecânica, importância e etc - com gigantes tipo Árida, Dandara e Horizon Chase. E a segunda foi pros dez jogos que naquele exato momento fizeram sentido pra mim levando em conta tudo que eu falei no primeiro parágrafo.
Então chega junto e vamos conhecer esses dez indies brasileiros brabíssimos que passaram pela minha cabeça quando eles pediram um top 10, obviamente sem uma ordem correta. Ah, pra outra parte, dos 10 maiores do Brasil, aí você vai precisar ouvir o podcast. E semana que vem a lista pode ser outra, minha cabeça funciona assim:
1 - Red Ronin (Thiago Oliveira)
Eu conheci Red Ronin e o Thiago quando eu tava voltando a trabalhar com jornalismo e com jogos independentes. Depois de praticamente 10 anos sem jogar basicamente nada além de LOL e eventualmente um Tibiazinho, essa chuva pixelada de sangue foi exatamente o que eu precisava. Arte e trilhas cyberpunks incríveis, que me pegam instantaneamente, uma proposta simples de entender, mas difícil de executar, e um jogo completamente viciante.
Red Ronin é praticamente um jogo rítmico, em que cada fatiada é quase um passo de dança e você chega até a prender a respiração enquanto traça o melhor caminho possível pra matar geral. Fora que me colocou em contato com o Thiago, que, pra mim, é um dos melhores solodevs brasileiros da atualidade. Vida longa aos jogos maranhenses e que eles continuem tomando toda a cena.
2 - Akane (Ludic Studio)
Playlists de synthwave são uma das poucas coisas que me fazem ficar concentrado atualmente. E Akane é tipo isso, só que em jogo. O famoso jogo fácil de jogar, difícil de dominar - que inclusive inspirou o Red Ronin do Thiago - e muito fácil de viciar. Essa belezura tem tudo que preciso pra dominar minha falta de atenção: trilha no ponto certo, pixel-arte estilosíssima, desafios e recompensas constantes e aquela necessidade de tentar mais uma vez só pra ver se você consegue aumentar um bonequinho a mais do seu recorde.
Em períodos que a minha cabeça não consegue assimilar uma história linear por nada, Akane é um instante de ar fresco necessário. Mecânica pura e afinadinha e uma passagem só de ida pros primeiros estágios de tendinite.
3 - Unsighted (Studio Pixel Punk)
Obviamente esse aqui tá nas duas listas e o motivo é muito fácil: Unsighted é um dos melhores jogos já feitos. Poderia falar da mecânica prazerosa de combate que deixa você tentar bater em bichos que você não deveria tentar, mas é louco o suficiente pra isso; ou da exploração recompensadora, fluída e com várias coisas pra você descobrir em cada cantinho do mapa; até da arte e trilhas marcantes e bem acima da média ou das ótimas lutas de chefe e da profunda e íntima construção de mundo. Mas eu vou dar destaque pra narrativa absurda construída pela Tiani e a Fernanda.
É muito impactante e aterrorizador ver personagens morrerem única e exclusivamente porque você preferiu dar mais tempo praquele que podia melhorar sua arma no futuro. Ter a possibilidade de salvar todo mundo, mas não conseguir fazer isso, é de destruir o coração e as devs acertaram demais em como mostrar essa fragilidade do tempo no meio de uma história de recuperar memórias, encontrar o amor, entender seu próprio corpo resistir. Unsighted é um conjunto muito acertado, joguem Unsighted.
4 - Dandy Ace (Mad Mimic)
Não podia deixar de falar do meu vizinho. Literalmente, o Tashiro da Mad Mimic mora do outro lado do muro de onde eu moro e isso é surreal, descobrimos durante uma entrevista, inclusive. Brincadeiras a parte, Dandy Ace é primoroso. Ser um roguelike nesse formato logo depois do lançamento de Hades é uma tarefa muito ingrata, mas o nosso representante não deixa barato não, com mecânicas muito boas e se eu me lembro bem mais de 6000 combinações possíveis pra fazer entre as magias espalhafatosas.
O jogo pode não ter a mesma profundidade narrativa do clássico instantâneo da Supergiant, mas é extremamente competente em tudo o que se propõe e merece um lugar nas duas listas.
5 - Retro Machina (Orbit Studio)
Robozinhos, retro-futurismo, exploração, apocalipse, papo-cabeça sobre o conceito de humanidade, puzzles. Retro Machina é um absurdo de bom. Redescobrir a raça-humana enquanto controla vários robôs boladões, encontra relatos da história e desbloqueia passagens secretas é uma experiência muito recompensadora.
O jogo da Orbit acerta na estética e nas trilhas, acerta muito, e no ritmo dessa narrativa intimista e inesquecível. Eu adoro tudo o que envolve esse jogo, da piadinha mais tosca escondida num poster surrado na cidade às mecânicas variadas envolvendo esse controle de robôs diferentes e o rumo que a história vai tomando. Joguem Retro Machina.
6 - Bem Feito (oiCabie)
A maior beleza dos jogos indies são as misturebas. Misturar mecânicas, ajuntar gêneros e criar uma nova possibilidade dentro de outro universo. Misturas. Bem Feito tem a casca de um jogo de fazendinha, de cuidar das tarefas diárias, cortar sua graminha e regar tudo bonitinho com gráficos retrôs de game boy, mas várias camadas de terror, surrealismo, pequeno príncipe e histórias bizarras das internet.
E tudo isso numa proposta imersiva de ter que instalar um emulador de Jogaroto pra usar uma rom e jogar Bem Feito do jeito certo. Trabalho foda, história inesperada e uma experiência completa que explica porque os indies são mais legais.
7 - Dodgeball Academia (Pocket Trap)
Animes, RPGs e queimada. Tudo que eu gostava de fazer com 14 anos. E com 27 também. Dodgeball tem um texto tão gostoso e piadas tão bestas que fizeram eu me apaixonar muito rápido por todo aquele universo. Os maiores clichês dos animes encontraram os maiores clichês dos rpgs e fizeram um jogo com uma mecânica delicinha, personagens muito carismáticos e uma história divertida que te faz querer mais.
Não vejo a hora de poder perder o primeiro confronto, precisar passar pelo arco de treinamento e aí sim poder arregaçar a escola rival na próxima temporada desse anime brasileiraço. Então comprem muito Dodgeball pra Pocket Trap poder trabalhar numa sequência.
8 - Skatemasta Tcheco (Marcelo Barbosa)
Tcheco deveria ser tombado como patrimônio nacional. Se não viu o trailer aqui em cima antes de ler, vai lá ver e depois volta. Skatemasta Tcheco é uma gratificação instantânea de baixo custo, um plataforma rápido, difícil do jeito certo e com as melhores referências. Um prato cheio pra quem ri de coisa besta, tipo um efeito sonoro específico no menu ou o Parque da Sônica.
Dá gosto de ver tanto empenho e tanta dedicação no menor detalhe da imbecilidade e da cremosidade desse universo maneirinho maneirinho. E ele só caiu uma vez.
9 - Skate RPG (Daniel Dante)
Eu sempre preciso voltar pra RPG Maker. Essa belezura me mostrou o que era desenvolvimento na adolescência e me fez passar dias e dias criando labirintos e puzzles que futuramente se perderiam por causa de um hd corrompido. SkateRPG junta esse amor pela engine mais convidadiva com o amor pela aleatoriedade que também rola em Tcheco.
O Dante é um puta gamedev, literalmente dá aulas, e usou a estruturazinha dos rpg classicão pra fazer uma batalha de skate divertidíssima com npcs, temas e mensagens anticapitalistas que precisam ser espalhadas. A luta é constante e eu gosto demais de usar a comédia e o absurdo pra plantar a semente do combate e da revolta. Sim, Dante, Skate tá nesse meu top 10 com muitas honras.
10 - Tropicalia (Paulo Henrique)
Deixei Tropi por último porque é a adição mais recente da lista. Pude testar o jogo antes do lançamento e ajudar o camarada Paulo com alguns bugs e ainda voltar a ver o RPG Maker mais de perto. Fora que o trailer de Tropicalia foi um dos motivos pelo qual eu comecei o Controles, então o carinho é enorme.
Tropicalia fala do Brasil antes do Brasil. O jogo é um RPG clássico, com elementos de soulslike, e foco em exploração e batalhas - e aquele grindzinho chave pra quem curte o gênero. Particularmente eu fiquei muito feliz quando cheguei no pantanal e o mapa tava todo alagadinho, coisa linda, o mapa fechado na Amazônia também, tudo seguindo as descrições geográficas. Tropicalia é precioso e achei incrível ficar com medo de tomar pau pra uma party feita com Araras e Tatus: joguem.