Mais um desses intermináveis boatos eletrônicos está circulando por e-mail. O caso — uma garotinha perdida — poderia se confundir com outros semelhantes que existem na Internet, não fosse por dois detalhes: a inclusão dos nomes da Companhia Paranaense de Energia (Copel) e de um funcionário da Telefônica de São Paulo.A história é manjada. Uma linda e indefesa "princesinha" está desaparecida e a família está desesperada tentando encontrá-la. Um amigo resolve ajudar. Escreve uma mensagem, anexa uma foto da menina e a envia por e-mail, pedindo que todos a repassem para o maior número possível de pessoas.
Apelos emocionais como "ela poderia ser sua filha" são suficientes para que muita gente se sinta tocada e, num piscar de olhos (ou em alguns cliques do mouse), a mensagem roda o Brasil inteiro.
A mensagem diz que a garota é filha de uma funcionária que trabalha em uma repartição da Copel chamada EDS. Os nomes da garota e da mãe não são informados, o que seria bastante estranho se alguém realmente quissesse ajudar a encontrar a menina. A assessoria de imprensa da Copel confirmou que o e-mail é infundado e que a empresa não possui nenhum setor com nome de EDS.
Segundo a assessoria, a Copel já recebeu vários telefonemas perguntando sobre o caso, inclusive de funcionários de companhias de energia de outros estados. Nem o setor de recursos humanos, nem a assistência social da empresa receberam qualquer ocorrência desse gênero, o que aconteceria no caso de uma mãe desesperada pela perda da filha. A Copel também acredita que o nome da empresa não constava da mensagem original e que foi inserido posteriormente.
Já o funcionário da Telefônica teve seu nome completo, números de telefone e fax adicionados por um descuido. Ele acreditou na história e enviou a mensagem para alguns conhecidos, e seus dados faziam parte da assinatura automática do e-mail. Foi o suficiente para que se tornasse o "autor" da mensagem. O funcionário está de férias, mas um de seus colegas de repartição confirmou que tudo não passa de um trote.
Infelizmente, este tipo de situação ocorre com certa freqüência na Internet. Movidas pela boa-fé, as pessoas repassam mensagens de todos os gêneros, muitas vezes com seus dados pessoais, sem verificar a veracidade dos fatos. O que pode se tornar uma grande dor de cabeça.
No ano passado, um professor de uma universidade do Rio de Janeiro foi obrigado a assinar uma declaração de que não era o autor de uma mensagem que circula até hoje pela Internet. O e-mail alega que alguém pode morrer de leptospirose ao ingerir bebidas em lata diretamente do recipiente, que pode estar contaminado por urina de rato seca.
O professor repassou inadvertidamente a mensagem com sua assinatura e, como ele trabalha em um laboratório de bioquímica, o boato se espalhou com facilidade. A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), sentindo-se prejudicada, ameaçou processá-lo e por isso ele teve de assinar a declaração. O fato foi noticiado pela Folha de São Paulo, em novembro do ano passado.
Deixar o endereço de conhecidos à mostra também serve como convite a que spammers os utilizem para fins escusos. Não repasse mensagens aleatoriamente. Mas se seu impulso for incontrolável, pelo menos esconda os endereços de seus amigos. É o mínimo que se deve fazer para preservar a privacidade das pessoas.
Veja abaixo uma cópia da mensagem sobre a garota desaparecida. Os erros ortográficos e de digitação não foram corrigidos. Os dados do funcionário da Telefônica foram omitidos e a foto da garota obviamente não está presente.
Favor transmitir esta mensagem para todos de sua caixa de correio.
A menininha da foto está desaparecida, deve ser uma dor muito grande para a família dela. Por favor, divulguem esta foto para todas as pessoas que vocês puderem. É filha de uma funcionária da EDS repartiçao da COPEL. Peço sua colaboraçao.
Por favor envie essa msg para todos em sua lista, se for possível com uma msg pessoal sua. Vamos ajuda a encontrar essa Princezinha. Alguns clics de seu mouse poderá devolver essa criança a sua família. Ela poderia ser minha filha ou minha sobrinha, mas principalmente, poderia ser a sua filha.
AJUDE-NOS - Dados do funcionário da Telefônica