Para críticos XP é continuação do monopólio Microsoft
Terça, 23 de outubro de 2001, 12h48
Mesmo antes de sua apresentação oficial na próxima quinta-feira, o Windows XP já é acusado de servir de "Cavalo de Tróia" para uma série de serviços de Internet e programas da Microsoft, em óbvio prejuízo da competição, e Bill Gates é recriminado por aparentemente não ter aprendido nada com o processo antimonopólio aberto contra ele e sua empresa. "O comportamento da companhia não mudou em nada", afirmam quatro associações americanas de defesa do cidadão e do consumidor em um informe divulgado em setembro passado. "A Microsoft tem o mesmo interesse que antes no processo, proteger e estender seu poder monopolista", acrescenta o informe, realizado por dois especialistas da Federação de Consumidores e da União de Consumidores dos Estados Unidos. Em 1998, o Governo dos Estados Unidos abriu um processo antimonopólio contra a megaempresa fundada por Bill Gates, que integrou o browser Internet Explorer no Windows, em prejuízo do navegador competidor Netscape. Frente à força da Microsoft, cujo sistema Windows se encontra em nove entre 10 computadores pessoais, a Netscape não resistiu à investida e seu browser ficou rapidamente marginalizado. Três anos mais tarde, entre acusações e apelações, o julgamento prossegue. A Microsoft escapou da ameaça de um desmantelamento, mas continua batalhando ante um juiz que deverá impor sanções contra sua práticas comerciais, a menos que se alcance um acordo amigável. Enquanto isso, o Windows XP chega ao mercado e se dispõe a invadir as prateleiras com uma série de programas incorporados e que, como o Explorer, talvez sejam inalcançáveis para os produtos da competição. "Fundamentalmente, eles acrescentaram mais coisas no "pacote", na esperança de vender mais produtos Microsoft", afirma um analista do Centro de Estudos Forrester Research, Carl Howe. "As incorporações mais importantes ao Windows XP são o Media Player e o sistema de identificação Passport", acrescentou. O Media Player permite, como seu competidor Real Player (da Real Networks), baixar músicas da Internet para ouvir no computador pessoal ou em outros aparelhos como o walkman ou o computador portátil. Mais criticado ainda, o sistema de identificação Passport será necessário para utilizar o correio eletrônico Hotmail integrado ao Windows XP. Ele pede que se identifique, com uma senha de acesso, quando se quer enviar uma mensagem ou acessar um site na web controlado pela Microsoft. A Microsoft recolhe, como condição de uso, vários dados pessoais, como o nome, o endereço eletrônico e número do cartão de crédito. Os competidores AOL e Sun Microsystems lançaram sistemas parecidos. Também nesse caso, a Microsoft tem a vantagem de figurar em quase todos os computadores pessoais. "O Passport nos preocupa em relação aos direitos da pessoa", destaca um informe das associações de consumidores. "A Microsoft promete manter estes dados em segredo e sob controle, mas a verificação da identidade não necessita de tanta informação". A Microsoft se defende evocando o direito à inovação e a potência de competidores como o AOL, o maior provedor de acesso à Internet, com mais de 30 milhões de assinantes. "Nossos clientes esperam que nós melhoremos o Windows. É nosso dever acrescentar as funções que nos são pedidas", precisou recentemente Bill Gates. "O AOL nunca incorporou novas funções a seus produtos?", questionou. Agora é a vez da Justiça, que poderá somar o Windows XP a seu campo de ação nos Estados Unidos e na Europa.
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