Marcelo Tosatti (foto) tem apenas 18 anos e um currículo de fazer inveja a qualquer programador experiente. Colaborou exaustivamente com a comunidade de desenvolvedores Linux, e conseguiu ser escolhido por Alan Cox e Linus Torvalds para responsabilidade ainda maior. Tosatti irá auxiliar em patches para o kernel, o centro do sistema operacional, e VM (Virtual Memory Subsystem). Leia a entrevista com o novo representante dos desenvolvedores open source no Brasil.Pergunta: Como você se envolveu com o desenvolvimento do kernel?
Tosatti: Eu sempre tive interesse em mexer com a parte que controla o sistema todo. Assim, comprei uns livros e fui descobrindo o que pude. Com o tempo, fui entendendo mais do sistema e me envolvendo no desenvolvimento dele.
P: Dentro do grupo de desenvolvimento do kernel, qual é a sua função hoje?
T: Não há função estritamente definida. Eu trabalho mais na parte da VM (VM = Virtual Memory Subsystem), mas isso não quer dizer que não possa mexer em outras partes do kernel.
P: E quais serão as mudanças nessas partes do sistema?
T: Agora vou pegar melhorias/correções de vários desenvolvedores da comunidade Linux, fazer a integração dessas modificações e soltar versões do kernel. Vou continuar ajudando o desenvolvimento do 2.5, também.
P: Que novas features podemos esperar ver no Linux nas próximas versões?
T: Não sei. Isso depende das necessidades que aparecerem. Não há nada planejado agora.
P:: Você trabalha apenas no desenvolvimento do kernel e também na revendedora de Linux Conectiva? Quais são estas atribuições?
T: Eu ajudo o pessoal da distribuição Conectiva e também trabalho como suporte técnico de terceiro nível.
P: Como você vê a situação do Linux no Brasil hoje?
T: A situação Linux no Brasil é interessante, diria. Existem realmente muitos usuários corporativos (eu trabalho como suporte deles, e por isso tenho uma boa visão dos usuários) e o número cresce cada vez mais.
P:Quais as perspectivas para os próximos anos?
T: Crescer ainda mais.
P:: Cox menciona você no diário como uma boa escolha por você trabalhar para um revendedor (além de vários outros elogios). Como você vê as possibilidades do Linux em ganhar espaço no mercado corporativo?
T: O Linux já está bem situado no mercado corporativo. E realmente já está sendo usado no lugar de outros sistemas em missão crítica. A situação já é realmente muito boa.
P:Qual a situação do Linux no mercado consumidor?
T: Eu não concordo muito que o Linux tenha poucas possibilidades no mercado desktop, não. Sim, um desktop Linux não é tão simples de usar como um desktop Windows, pois o Linux (sendo estilo Unix) permite mais ao usuário decidir o que faz.
P: Outros hackers da Conectiva são citados como "guardiões do kernel". A sua escolha não gerará ciúmes? Como você lida com isso?
T: Eu não lido (risos). Eles são meus amigos. Não há ciúmes entre amigos meus.
P: Você tem as qualificações extratécnicas para substituir Alan Cox, como uma grande coleção de batas indianas e uma barba até a cintura?
T: Acho que não (risos).