As demissões de 11 empregados da General Motors (GM) por uso indevido de Internet podem ser encaminhadas à Secretaria dos Direitos Humanos, do Ministério da Justiça, num processo de ação indenizatória por danos morais.
O delegado regional do Trabalho de São Paulo, Antonio Fornari Filho, que intermediou nesta segunda-feira uma reunião entre sindicalistas e advogados da montadora, disse que pode tomar essa medida se a GM insistir nas demissões.
"Esses 11 trabalhadores vão ficar marcados. Vai ser muito difícil para eles conseguir um emprego. Sem a justa causa eles não podem nem se defender na Justiça", afirmou Fornari. O delegado do trabalho explicou que demissões sem justa causa isentam a empresa de esclarecer o motivo das demissões. "Queremos saber quais critérios foram adotados. Porque alguns foram demitidos e outros só advertidos", disse.
Os representantes do Departamento Jurídico da GM que compareceram à audiência na Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo, Franklin Tumani e João Ubirajara, se recusaram a falar com os jornalistas.
O encontro, realizado a pedido da Força Sindical, tinha como objetivo reverter as 11 demissões ocorridas na semana passada, mas não teve avanços. Outros 81 funcionários foram advertidos.
"Queremos saber se email pornográfico e outras brincadeiras na Internet podem gerar demissão ou não. Por baixo, 70% dos empregados que usam email já fizeram alguma brincadeira", disse a jornalistas o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
Segundo o representante dos trabalhadores, a GM não se mostrou disposta a voltar atrás em sua decisão. Paulinho disse ainda que o fato ocorrido na GM faz com que "a questão da monitoração eletrônica seja incluída nos acordos coletivos a partir de agora".
GM se manifesta
A General Motors se manifestou pela primeira vez nesta segunda-feira sobre as demissões. Em nota à imprensa, informou que demitiu 11 funcionários e advertiu outros 81 por uso indevido da Internet e do correio eletrônico. Diz ainda que as demissões foram feitas sem justa causa.
Até agora, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul (SP), onde fica a sede da empresa, divulgava 13 demissões e 83 advertências.
De acordo com a nota, o vice-presidente da GM do Brasil, José Carlos Pinheiro Neto, considerou necessário se manifestar "tendo em vista o desencontro de informações".
A empresa diz na nota que seus funcionários estão cientes da política da GM que condena o uso "ilegal, anti-ético, não-autorizado ou prejudicial de equipamentos e sistemas de informação." "Isto inclui: acessar, transmitir ou armazenar material impróprio, pornográfico, obsceno, ou ofensivo e depreciativo em relação a idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, deficiência física ou orientação sexual", completa.