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Geração Playstation troca o combate virtual pela guerra real

Segunda, 17 de março de 2003, 14h23

A Geração Playstation, formada por garotos que, com pouco mais de 8 anos de idade, jogavam Nintendo durante a Guerra do Golfo em 1991, são agora os novos marines que colocarão à toda prova a nova doutrina militar do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld.

Rumsfeld exigiu das Forças Armadas americanas um novo conceito de guerra para encarar os clássicos deslocamentos militares de uma maneira diferente ao desafio dos atentados terroristas contra seu país em 11 de setembro de 2001.

Os EUA contam agora com jovens imberbes que cresceram brincando com jogos de videogame no qual a destruição virtual do inimigo é instantânea.

No entanto, os jovens marines, se finalmente entrarem em combate, nunca terão a oportunidade de resetar e voltar ao início do jogo.

Além disso, eles também não contarão com a ajuda da revista Tips and tricks, que dá dicas sobre videogame e é um grande motivo de animação entre os soldados mais jovens.

Reais, sem dúvida, são os avanços tecnológicos desenvolvidos pelas Forças Armadas americanas e que já foram testados na guerra do Afeganistão. Ainda que agora sejam submetidos a um uso massivo com o destacamento das tropas norte-americanas sobre o Kuwait, aguardando a ordem de invadir o Iraque, se assim decidir o presidente norte-americano, George W. Bush.

O coronel Pomfret, comandante do Grupo de Apoio Logístico de Combate da Primeira Força Expedicionária dos marines, destaca a capacidade dos jovens soldados de assimilar todos os conhecimentos relativos às novas tecnologias e elogia sua destreza no manejo dos novos aparatos de guerra da última geração tecnológica.

O coronel também lembrou as mudanças que serão notadas nos serviços próprios de inteligência e informação durante a guerra com o Iraque, se esta finalmente acontecer.

Como ele, outros muitos oficiais acreditam que a nova tecnologia permitará reduzir o que na terminologia militar é chamado baixas por fogo amigo, principalmente pela artilharia e a aviação, que podem atingir as próprias tropas se as coordenadas sobre sua situação não forem exatas.

Em 1991, durante a primeira guerra do Golfo contra o Iraque, um quarto das baixas dos países aliados foram causados por fogo amigo.

O compasso, o mapa e o rádio perderão seu lugar e a inovação é o denominado rubber-coated keyboard com o qual, graças ao Sistema de Posicionameno Global via satélite (GPS, sigla em inglês) e à Internet, conseguirão definir instantaneamente as coordenadas das tropas.

Os oficiais destacam que poderão reenviar informações a qualquer momento a seus generais e que, por sua vez, também poderão ser remetidas a Washington.

Carros de combate, jipes Hammer, veículos blindados rápidos de combate e de rastreamento, assim como os helicópteros, contarão com esta tecnologia.

O Departamento norte-americano da Defesa pediu uma mudança nos conceitos relativos aos preparativos de guerra e uma reorganização nos modos de enfrentar o combate contra o terrorismo, explicam os altos comandantes, assegurando que isso já foi feito pelo corpo dos marines.

Como exemplo, os funcionários citam a nova tática logística de combate, agora mais próxima aos batalhões de infantaria e que foi planejada há pouco mais de um ano para ser testada pela primeira vez no Iraque.

Agora, se Bush der a ordem de invasão, essa tática terá seu batismo de fogo, como quase todos os jovens que em seu tempo livre, inclusive antes de embarcar, jogam Playstation para passar o tempo.

Por via das dúvidas, estes jovens contam a seu lado com alguns veteranos que, para matar o tempo, escutam clássicos de bandas como The Doors e Rolling Stones.

Agência EFE

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