A defesa de criação de um padrão tecnológico nacional para TV digital não tem como pano de fundo beneficiar o empresário Eugênio Staub, dono do grupo Gradiente e um dos financiadores da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem o ministro das Comunicações, Miro Teixeira."Isso é inconcebível, um verdadeiro absurdo", afirmou o ministro a jornalistas quando questionado sobre o assunto na Associação Comercial do Rio de Janeiro, onde participou de almoço com empresários.
O governo anterior defendia a adoção de um padrão internacional para TV digital, com disputa entre as tecnologias dos EUA, do Japão e da União Européia. O novo sistema de transmissão vai oferecer mais qualidade de som e imagem e possibilidade de interação com espectadores.
O Genius Instituto de Tecnologia, fundado pela Gradiente, e a Fundação CPqD estão ajudando nos estudos para elaboração do padrão nacional de TV digital.
Ontem, Miro Teixeira também disse que planeja criar um grupo de técnicos, especialistas e acadêmicos para desenvolver a tecnologia. De acordo com o ministro, o Fundo Setorial para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) poderia financiar o desenvolvimento do projeto. Para este ano, o fundo tem orçamento previsto de R$ 700 milhões.
No início de 2003, a Fundação CPqD entregou ao Ministério das Comunicações um relatório afirmando ser possível criar um sistema nacional de televisão digital com investimentos de 100 milhões de reais.
Miro Teixeira estima que o Brasil precisaria de 12 meses para apresentar um padrão próprio de TV digital. Ele rebateu as críticas de que o desenvolvimento próprio retardaria a adoção da tecnologia no país.
"Estão falando em pressa neste momento. Essa questão da TV digital está sendo discutida desde 1990 e agora querem exigir pressa?".
Na avaliação do ministro, a criação do padrão nacional seria importante para a balança comercial. No ano passado, o déficit do setor de eletroeletrônicos foi de US$ 9 bilhões e estima-se que em 2007 esse saldo negativo atinja a casa dos US$ 30 bilhões.
"Quando falamos de TV digital, estamos falando de política estratégica e de política econômica", ressaltou o ministro.