A Siemens decidiu produzir no Brasil aparelhos de telefone fixo sem fio, de olho no mercado local mas também nas exportações para a América Latina. A empresa alemã já concentra em Manaus a produção mundial de aparelhos com fio.Esses dois segmentos, que movimentam no Brasil R$ 500 milhões por ano, receberão da Siemens investimentos de R$ 42 milhões. A ampliação da fábrica em Manaus para a produção dos aparelhos sem fio a partir do segundo semestre deve gerar, segundo a empresa, 50 empregos diretos e 200 indiretos. Será a primeira unidade fora da Alemanha a entrar nesse segmento.
O vice-presidente de telecomunicações da Siemens Brasil, Aluízio Byrro, explicou a jornalistas ontem que a decisão baseou-se na perspectiva de crescimento de 10% ao ano do mercado latino-americano de aparelhos fixos sem fio. Na Europa, a projeção é mais modesta, de 4% ao ano.
Embora o Brasil represente a maior demanda, as exportações estão no centro da estratégia da Siemens. "Alavancar as exportações tem dois lados: procurar novos mercados e garantir um hedge (proteção) natural ao câmbio", afirmou Byrro.
A meta da Siemens Brasil é ocupar 20 por cento do mercado latino-americano de aparelhos com e sem fio até 2004. Hoje essa fatia é de 10%.
Na linha de telefones com fio, a empresa chegou a exportar 40% da produção no ano fiscal 2000-2001. No ano passado, as exportações caíram a 20% das duas milhões de unidades produzidas no Brasil. O objetivo é voltar aos 40% em dois anos.
As exportações de celulares também estão nos planos da Siemens, que começou a produzir aparelhos da tecnologia européia Global System for Mobile Communications (GSM) em 2002. Toda a produção de 1 milhão de unidades foi absorvida localmente no ano passado.
A Siemens busca uma fatia de 25% do mercado latino-americano, incluindo o brasileiro, até 2004. A meta é exportar 1 milhão de celulares nos próximos três anos, ou cerca de US$ 100 milhões.
O aumento da produção local de celulares vai depender da ousadia dos investimentos das operadoras que estão expandindo suas áreas de atuação, como a TIM Brasil e a Telecom Américas, que optaram pela tecnologia européia.
Especialistas estimam que a demanda local este ano seja de 4,5 milhões de aparelhos. No ano passado, foi de 2 milhões, sendo que a Siemens respondeu por metade dessas vendas. "Queremos manter a liderança", disse Byrro.