O iraquiano que usa o nome Salam Pax e escreve um blog diretamente do coração de Bagdá, voltou à Internet hoje, depois de dois dias de ausência devido à interrupção do acesso à Web. Salam Pax, um pseudônimo formado pelas palavras árabe e latina para paz, acabou conquistando uma legião de leitores fiéis para seus relatos francos da vida diária em uma cidade sob bombardeio dos Estados Unidos.
O tráfego em seu site na Web sobrecarregou o servidor e a caixa de mensagens de Salam está repleta de perguntas sobre sua verdadeira identidade.
Ele falou claramente contra a invasão, mas não exibe grande apreço pelos líderes baathistas do Iraque.
"Lunáticos. Proferir insultos contra o mundo é a única coisa que lhes resta", escreveu na semana passada depois de assistir a pronunciamentos do ministro da Informação, Mohammed Saeed al-Sahaf, e do ministro do Interior, Diyab al-Ahmed, iraquianos na mídia.
Mas ele tampouco gosta de ver sua cidade bombardeada. "A única coisa em que eu conseguia pensar é: Por que isso tem de acontecer com Bagdá? Quando um dos edifícios que eu realmente adoro se foi em uma imensa explosão, quase chorei", escreveu ele no sábado.
Salam e sua família têm realizado missões de reconhecimento em toda a cidade para inspecionar os danos e registram que o bombardeio foi preciso, mas ainda assim perigoso para os civis.
No sábado, ele ofereceu uma das raras descrições diretas sobre os agentes da segurança iraquiana ateando fogo a petróleo nas trincheiras que cercam Bagdá, aparentemente para confundir o sistema de orientação das bombas.
"Minha prima veio e me disse que viu carros de polícia ao lado de uma trincheira, ateando fogo. Agora pode-se ver colunas de fumaça por toda cidade", escreveu.
De acordo com Salam, os preços dos legumes dispararam nos primeiros dias da guerra, mas por volta de domingo haviam retornado ao normal.
A eletricidade foi cortada em algumas áreas de Bagdá, e o governo Bush lançou uma nova campanha de pressão por e-mail sobre os iraquianos, com cinco mensagens chegando à caixa de entrada dele, escreveu Salam.
"Três delas eram dirigidas ao pessoal do Exército e duas ao público em geral. Nelas, eles nos informavam as frequências de rádio que deveríamos escutar. Eles as chamam de rádio informação", escreveu.