Ministro acusa Anatel de falta de transparência
Terça, 25 de março de 2003, 18h03
O ministro das Comunicações, Miro Teixeira, usou forte artilharia para criticar a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) no primeiro dia da Telexpo, feira e congresso de telecomunicações. Miro acusou a agência de falta de transparência, de inércia, e de ser responsável pelo monopólio na telefonia local. "Imagino que seria de grande utilidade que se desse transparência não só à s decisões, mas também aos processos que não são decididos", afirmou o ministro a jornalistas logo depois da cerimônia de abertura. Ele disse considerar ser um carma estar sempre envolvido em discussões polÃticas.
O ministro passou a integrar a linha de frente das crÃticas do novo governo à s agências reguladoras desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva denunciou a interlocutores o que chamou de "terceirização do Estado."
Saindo à frente de outros colegas da Esplanada dos Ministérios, Miro criou uma nova secretaria que tem, entre outras atribuições, a de fiscalizar a Anatel.
"O poder de inércia muitas vezes é maior que o da ação," declarou o ministro, emendando que a Anatel deveria tomar decisões com mais celeridade, evitando que pendências entre as empresas do setor chegassem ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Ele afirmou que não existe uma perseguição à s agências reguladoras, e que crÃticas como essas poderiam ser aplicadas também a órgãos da administração direta.
Mas logo depois disse que, se tivesse ingerência sobre a Anatel, teria imposto punições como a abertura de inquéritos administrativos ou até exoneração de funcionários. "Se a Anatel fosse um departamento do meu Ministério, já teria tomado atitudes muito sérias. No Ministério, não haveria desacato ao interesse do cidadão," afirmou.
Apesar do claro confronto com o órgão regulador das telecomunicações, Miro tentou acalmar os investidores. Falou que vai respeitar todas as leis ao negociar a prorrogação dos contratos da telefonia fixa, na definição de reajustes e até nas discussões sobre o papel que cabe à Anatel no novo governo. Prometeu transparência na atuação do Ministério e argumentou que conhece as regras do jogo.
O presidente da Anatel, Luiz Guilherme Schymura, que havia feito uma defesa acirrada dos procedimentos transparentes da agência na cerimônia de abertura, acabou reagindo com muita cautela à s acusações do ministro. Ele justificou até que certas questões técnicas são de difÃcil compreensão da sociedade.
"A Anatel é transparente e a cada dia procura ser mais," disse. Procurou evitar polêmica sobre a criação da nova secretaria do Ministério, admitindo que ela terá o papel de dar apoio a Miro na definição da polÃtica setorial e até de supervisionar a Anatel. Para o ministro, a secretaria poderá inclusive definir prazos para os trâmites da agência.
Volta para a capa |
Volta para as notÃcias
Reuters Limited - todos os direitos reservados 2000. Clique aqui para limitações e restrições ao uso.