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Guerra inspira boatos, piadas, vírus, jogos e mau-gosto

A partir do ataque às torres do WTC e ao Pentágono, memoriais, fóruns, trocas de mensagens, fotografias e outras manifestações afetivas e sentimentais dividiram - e dividem - espaço na Web com joguinhos e outras brincadeiras, vírus, boatos e idéias esdrúxulas.

Em outubro de 2001, dois franceses criaram o New York Defender, um joguinho em Flash no qual o jogador espera os jatos aparecerem no céu e, comandando o mouse, vai derrubando-os antes que eles atinjam as torres do World Trade Center. Um dos criadores disse, na época, que considerava o jogo como uma "válvula de escape", uma vez que "as pessoas teriam a chance de defender as torres".

O site Twisted Humor convidou o usuário a jogar o game Yo Mamma, Osama. Nele o jogador caçava Bin Laden no deserto usando mísseis e bombas. O mau-gosto, claro, não poderia faltar: um vídeo no site www.newgrounds.com mostrava um flatulento Bush lutando contra um Bin Laden igualmente incomodado por problemas gastrointestinais.

Já o site PornBomb.org iniciou uma campanha para acabar com o terrorismo. As armas seriam... revistas pornográficas. A idéia era que voluntários internautas enviassem revistas pornôs usadas para o Afeganistão. As revistas seriam bombardeadas por todo o país para distrair os afegãos. Enquanto se ocupassem com as mulheres e atividades solitárias por elas inspiradas, os afegãos não pensariam em lutar e guerrear. Outra oferta do site era constituída de adesivos com os dizeres "faça pornografia, não faça guerra".

Chamou muita atenção uma foto de Osama Bin Laden com um novo amigo: o boneco Muppet Bert (Beto, no Brasil) do seriado infantil Vila Sésamo. A imagem foi vista pela primeira vez em Dhaka, capital de Bangladesh durante uma manifestação de seguidores de Bin Laden no início de outubro. Reproduzida pelas agências internacionais, ganhou as primeiras páginas dos jornais intrigando as pessoas: mas que diabos fazia Beto, ou Bert, junto ao terrorista mais procurado do mundo? Mas, sem dúvida, a fotomontagem mais famosa foi a do Tourist Guy. O cara, que ficou famoso quando começou a aparecer como figurante em acontecimentos históricos como o naufrágio do Titanic e a Santa Ceia, além de cartazes de filmes, entrou na onda dos atentados. Uma foto (que está na capa deste especial) mostrava o pobre turista no que seria o terraço de uma das torres, minutos antes de o avião atingi-la. Em novembro, um brasileiro alegou ser o "Tourist Guy", explicando que seu rosto figurava nas montagens por obra de um amigo, mas o corpo não era o seu. Posteriormente, ficou estabelecida a identidade do rapaz. E não era o brasileiro. Mas a "saga" do turista continuou.

No campo dos vírus, assim como os reais Vote e Antrax utilizavam o terrorismo para se espalhar, houve gente criando falsos alarmes (hoaxes, ou boatos) que percorreram a Web em emails aterrorizantes. A McAfee reportou a existência de um e-mail batizado de "Economic Slow Down Hoax" (trote "desaceleração econômica"), que se aproveitava das notícias sobre o impacto do terrorismo na economia americana. Outros sites ligados a empresas desenvolvedoras de antivírus registraram um hoax de origem Argentina, chamado "El mundo después de la guerra", que anunciava um vírus altamente destruidor - inexistente. Mas em outubro circulou pela rede outro vírus real. Foi o W32/Toal-A, mais conhecido como Bin Laden, que chegava por e-mail, com um assunto relacionado aos conflitos no Afeganistão e o corpo da mensagem em branco. O arquivo em anexo, de nome BinLaden_Brasil.exe, trazia o vírus, que podia ser executado apenas com a visualização da mensagem.

Além do humor (duvidoso, em alguns casos) outras manifestações procuraram oportunizar às pessoas um meio de expressar os sentimentos que os ataques terroristas geraram no mundo. Uma das mais originais e das primeiras, foi a do artista independente texano Bill Bartee. Ele lançou, no mesmo dia dos atentados, o site WhyProject.org. Usando o slogan "POR QUE: Arte sobre os ataques ao World Trade Center e ao Pentágono", em várias línguas, Bartee resolveu reunir material em várias línguas, enviado por gente do mundo inteiro, sobre a tragédia. Todo o acervo do site, idealizou Bartee, estará, no dia 11 de setembro de 2002, exatamente um ano depois, em uma exposição pública em Nova York.

Redação Terra

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