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TV digital Padrão atrasa processo
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O padrão para a televisão digital no Brasil ainda não está definido. As tecnologias norte-americana (ATSC), européia (DVB) e japonesa (ISDB) disputam com argumentos técnicos e políticos o privilégio de se instalar no Brasil, um mercado com 170 milhões de habitantes e aparelhos de televisão disponíveis em 90% dos lares.
Os norte-americanos, donos do padrão ATSC, não se conformam com os resultados dos testes conduzidos pela Associação Basileira de Emissoras de Rádio (Abert) no ano passado. De acordo com a entidade, a tecnologia ATSC é tecnicamente inferior à dos concorrentes, pois não permite a convergência com outros aparelhos, como as futuras gerações de celulares. Além disso, é inadequada para as características das grandes cidades brasileiras, tomadas por edifícios e topografia irregular.
Para convencer o país a ignorar essas limitações, os norte-americanos argumentam que os países da futura área de Livre Comércio das Américas, Alca, devem padronizar o sistema a fim de facilitar o comércio. Do ponto de vista técnico, começam a realizar testes com transmissão móvel (TV que pode ser vista em movimento, como em carros e celulares).
– A transmissão móvel experimental começa em janeiro de 2002 – informou Robert Graves, presidente da ATSC, em passagem pelo Brasil no mês passado, quando se realizou a primeira audiência pública da Anatel para a escolha do sistema.
Ao contrário das emissoras brasileiras, Graves não vê a transmissão de televisão em celulares, laptops e automóveis como uma grande oportunidade de ampliar o mercado.
– Qualquer que seja o padrão adotado, será muito complicado ter um bom sinal em uma televisão em movimento. Perto de prédios ou dentro de túneis a transmissão sempre perderá qualidade – assegura.
De acordo com ele, o que os brasileiros querem é uma televisão de alta definição.
A União Européia, por sua vez, tenta convencer o governo brasileiro de que o modelo DVB democratiza o acesso à sociedade da informação, ajudando a população a entrar na Internet. A tecnologia européia permite que a faixa de transmissão de programação possa ser utilizada também para oferecer outros serviços, como acesso à Internet e interconexão com outras ope-rações, como recepção por telefones celulares de terceira geração.
Na avalição da Abert, o modelo mais adequado é o japonês, único preparado para atender a todos as possibilidades da TV digital. O padrão ISDB, no entanto, ainda está em desenvolvimento e é extremamente caro. A previsão é de que esteja pronto até 2003.
Qualquer que seja a decisão do governo, as primeiras transmissões digitais só deverão ocorrer cerca de dois anos depois de feita a opção. Durante muito tempo, as emissoras farão transmissões simultâneas em dois canais, digital e analógico.
Saiba mais
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O sistema digital
É a forma de transmitir sinais que transforma imagem e som em linguagem de computador (digitos binários). Estes sinais são transmitidos e capturados por antenas, satélites ou cabos. O aparelho de televisão digital vira uma espécie de computador, que pode ser conectado à Internet, transmitir programas interativos e um número elevado de canais. Proporciona som e imagem de alta qualidade, sem fantasmas ou ruídos.
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O sistema analógico
É o sistema de transmissão em uso desde os anos 40, quando a televisão foi lançada. Converte sons e imagens em ondas transmitidas pelo ar e capturadas por antenas. Há previsões de que esse sistema seja desativado até 2010. Mas para isso é necessário que 99,4% da população já tenha aderido ao sistema digital. Então a freqüência da TV analógica poderá ser utilizada por outros serviços, como telefone celular.
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As opções
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ATSC – Advanced Television System Committee
Padrão desenvolvido e utilizado nos Estados Unidos e Canadá sem transmissões pelo ar, como as da televisão aberta no Brasil. Permite que se envie 19.4 Megabits por segundo. Está condenado ao fracasso naquele país porque apenas 15% da população depende de antenas para receber imagens em suas casas. Como no Brasil ocorre o contrário, a maioria da população usa a televisão aberta, o mercado brasileiro é de grande importância para o broadcasters norte-americanos. Este sistema não foi aprovado nos testes realizados entre 1999 e 2000 pela Abert/Set, porque não funciona adequadamente em cidades com obstáculos como edifícios e terreno acidentado. Só pode ser utilizado para a televisão fixa.
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DVB – Digital Video Broadcasting
Desenvolvido pelos europeus, é mais robusto e flexível que o norte-americano. Permite, por exemplo, que a taxa de bits enviados seja alterada de acordo com as necessidades do terreno, o que faz com que o índice de casas capazes de captar o sinal seja muito maior do que com o sistema ATSC.
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ISDB – Integrated Service Digital Broadcasting
Desenvolvido pelo japoneses é uma espécie de aperfeiçoamento do padrão europeu. O sistema de transmissão funciona com eficiência em qualquer terreno. Também é eficiente para a televisão móvel. O inconveniente é o alto preço do receptor.
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