Crise? Que crise?

Apesar da desvalorização do real, Apple Brasil espera crescimento em 99

A desvalorização meteórica do real frente ao dólar em janeiro último abalou fortemente a indústria de informática. Com um modelo de negócio quase totalmente baseado na importação de componentes montados em "fábricas" nacionais, a indústria viu sua composicão de preços explodir e suas vendas caírem de uma hora para a outra. Dentro desse cenário, a Apple, que importa não apenas componentes, mas máquinas completas, deveria estar muito preocupada com seu desempenho este ano, certo? Errado. "Pretendemos continuar aumentando nossa participação no mercado este ano", diz Luciano Kubrusly, diretor geral da Apple Brasil. Segundo ele, a Apple pretende ampliar suas vendas reestruturando sua rede de revendas no país, priorizando mercados ainda considerados "virgens"" pela empresa.

São Paulo já é um mercado um tanto saturado, mas ainda podemos crescer bastante em outros estados, dando condições às revendas locais para que elas possam oferecer melhor suporte e atendimento."

Para Kubrusly, a crise no mercado de informática não deverá afetar tão fortemente o mundo Mac.

"A Apple foi a única empresa que manteve os mesmos preços após a alta do dólar. Hoje o iMac vendido no Brasil tem o mesmo preço em dólar que o vendido nos EUA. Além disso, temos grandes lançamentos programados para este ano, que irão manter nossa competitividade em relação à concorrência."

Dolar Apple

Uma das estratégias da Apple em relação à nova conjuntura econÂȘmica é a criação de um "Dólar Apple", abaixo da cotacão do dólar oficial, que será fixado no começo de cada mês e mantido até o mês seguinte. Para fevereiro, por exemplo, a Apple estipulou um dólar a R$ 1,70 para máquinas desktop e R$ 1,45 para PowerBooks.

Bom momento

"A crise do real aconteceu num ótimo momento para a Apple", diz Fernando Perfeito, gerente de produtos Apple da SED Magna, distribuidora Apple. "As revendas estão com um bom estoque de iMac com o preço antigo, e a transição de linha deve estimular as vendas nos próximos meses." Perfeito acredita que, apesar das novas máquinas chegarem mais caras em real, o canal de vendas não deverá entrar em crise por causa disso. "O volume de vendas deve diminuir, mas o faturamento não deve ser tão afetado, porque as máquinas estão com um preço mais alto." Para Perfeito, o cliente tradicional Apple (agências de propaganda e bureaus de editoração eletrÂȘnica) vai continuar comprando Macs mesmo com a alta do dólar, devendo repassar o aumento de custos em seus produtos. "O mais difícil será atrair novos usuários para a plataforma, como vinha acontecendo com o iMac."

Já Valdete Sena, diretora da revenda MacWorld, pensa diferente. "As vendas caíram bastante, 40% em média. Os clientes estão retardando suas compras, a incerteza em relação ao futuro do dólar tem deixado todos com um pé atrás. Por outro lado, as máquinas atuais (o iMac original e os G3 bege) estão bastante competitivos. Temos que reconhecer que a Apple fez um bom trabalho segurando o preço do dólar para as revendas, que acabaram sendo menos prejudicadas pela crise."

Não é o G3 que está caro...veja o preço do Macs no Brasil nos últimos anos

Período

Modelo

Preço(US$)

Abril de 94

8100 de 80MHz

8.100

Novembro de 96

9500 de 200MHz

8.200

Agosto de 97

9600 de 350MHz

8.000

Novembro de 97

G3 de 266MHz (MT)

5.000

Novembro de 98

G3 de 333MHz

5.000

Janeiro de 99

G3 de 333MHz

4.000

Março de 99

G3 de 333MHz

3.500

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