Connectix Virtual Game Station

Ei, o seu Mac é um PlayStation!

Lançado na Macworld de São Francisco, o VGS (Virtual Game Station), da Connectix, foi um dos maiores sucessos da feira. Em poucos dias a Connectix esgotou seu estoque de 3 mil cópias da versão preliminar, superando suas próprias expectativas. E nas três semanas seguintes vendeu mais de 60 mil cópias, o que representa um faturamento de US$ 3 milhões. Para um software de Mac, é o sucesso absoluto.

O VGS permite que você jogue games do Sony PlayStation no Mac, com jogabilidade total e animações fluidas. Não há nenhum dos efeitos colaterais comuns em outros emuladores, como baixa velocidade e instabilidade.

Segundo a Connectix, o VGS funciona apenas nos computadores com processadores G3 (inclusive os PowerBooks G3 e os iMacs). Isso porque ele utiliza o chip de vídeo ATI RAGE que vem na motherboard dos G3. Mas, como ficam outras máquinas que também possuem o chip ATI RAGE, como os Power Macs 6400/ 6500 e o 5500? Conseguimos rodar o VGS em um Power Mac 6400/180, que, devido ao seu processador antigo, deixou o jogo bem lento (apesar da existência do chip ATI). Estranhamente, num Mac 5500/250 o programa nem mesmo instalou. Em um iMac de 233 MHz e em um G3 de 300 MHz (bege), a coisa ficou bem mais rápida, praticamente indistinguível do console. Uma diferença notável é que, graças aos drives de CD-ROM de alta velocidade dos Macs, os jogos e animações carregam muito mais depressa que no console!

E não é que é bom mesmo?

A operação do VGS é muito simples. Você abre o programa, coloca um CD de PlayStation no drive e ele automaticamente começa a rodar.

A qualquer altura do jogo é possível interrompê-lo e voltar para o Finder imediatamente. Daria até para se sentir jogando em um PlayStation de verdade, não fosse pelo teclado, que deixa o jogador perdido com os 14 botões do videogame. É imprescindível o uso de um joystick para ter realmente a sensação de se estar jogando num console. Para remediar a situação, é possível programar o teclado em qualquer configuração que você achar menos desconfortável. Jogar pelo teclado pode até dar mais emoção ao jogo. O VGS permite que duas pessoas joguem numa mesma máquina. É claro que duas pessoas jogando ao mesmo tempo, com as mãos todas entrelaçadas para alcançar 28 teclas no teclado, não é uma coisa muito prática. Para um melhor aproveitamento, convém deixar um jogador no teclado e outro no joystick, ou (no caso dos iMacs) usar dois joysticks, cada um em uma porta USB.

Teoricamente, o VGS permite utilizar apenas jogos de PlayStation produzidos para o mercado americano. Mas, na mesma semana em que o jogo foi lançado, já começaram a surgir na Internet patches (remendos) que habilitam o programa a rodar games japoneses e europeus.

Embora o VGS seja realmente espantoso, ele tem alguns defeitos, para surpresa geral da nação. Alguns jogos travam, outros não rodam de jeito nenhum. Mas, segundo a Connectix, existem cerca de 150 jogos que rodam direitinho com a versão 1.2.

Além disso, não existe nada semelhante ao VGS para Windows (hehehe), o qual continua apenas com emuladores sharewares, que raramente funcionam a contento.

E a Sony como fica?

E com esse sucesso todo, qual é a atitude da Sony? A Connectix não infringiu nenhum copyright da Sony ao criar o emulador pelo método de "engenharia reversa". Mas a fabricante do PlayStation entrou com um processo na Justiça americana para proibir a venda do VGS, alegando que ele ajudava na proliferação de games piratas. Em resposta a isso, a Connectix lançou o update 1.2 para o VGS, que parece servir principalmente para bloquear os patches já existentes.

A Connectix ganhou o processo em primeira instância e já saiu vendendo seu emulador normalmente. Mas parece que a empresa está cautelosa nessa brincadeira de Davi e Golias com a gigante japonesa. Uma prova disso é que mesmo as cópias do programa enviadas para lojas de software foram gravadas em CD-R, e não em um processo de duplicação de CDs convencional. Ou seja, a Connectix está fazendo somente alguns milhares de cópias de cada vez, provavelmente para não micar com dezenas de milhares de cópias de CDs na mão, caso a Sony venha a ganhar essa batalha.

Outra prova dessa cautela é a insistência da Connectix em não permitir a venda do VGS em outros países além dos EUA. Cada país terá que ser analisado separadamente, do ponto de vista legal, para que os advogados da Sony não consigam impedir a venda. Em países como o Brasil, onde a Sony nem sequer vende o PlayStation, devido aos altos índices de pirataria no país (é nos royalties por CD vendido que ela ganha dinheiro, não no console, o que explica essa briga toda), a possibilidade de venda do VGS é ainda mais remota. Tanto a Passport quanto a SED Magna, que distribuem produtos da Connectix no Brasil, afirmam ter pedidos do VGS junto à Connectix, mas até o fechamento desta edição a empresa não havia confirmado o envio do produto. Só nos resta esperar.

Octávio Maron

É estariário da Macmania e viciado em VGS

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