Automatize o seu QuarkXPress
A Apple é um barato, é isso e é aquilo, mas vacilou em um pequeno detalhe. Quando fez o SimpleText, não o fez "scriptável".
Resumindo: se quiséssemos brincar com texto e scripts no Mac, não daria pra usar o SimpleText. Como resultado, a comunidade que queria trabalhar seriamente com texto foi obrigada a se servir do Microsoft Word, que era a única aplicação que mexia com texto e aceitava scripts. Isso, claro, até o advento do QuarkXPress.
O Quark recebeu elogios enormes de todo o mundo técnico quando apareceu, não somente porque era uma alternativa ao PageMaker, mas principalmente devido ao excelente suporte a scripting que proporcionava. E que, aliás, ainda proporciona. Conseqüentemente, dá para usar scripts em texto e em paginação também, jogando com cores, tamanhos, formatos, fotos etc., automatizando totalmente o Quark.
A minha versão do Quark é a 3.32. Portanto, os scripts que vou mostrar funcionarão com certeza nessa versão. Como o AppleScript não muda muito de versão pra versão, as versões mais novas do Quark deverão rodar os scripts numa boa. Só não posso garantir que todos os scripts funcionarão nas versões anteriores.
Junto com o Quark vem uma pasta chamada For Advanced Scripting, que inclui documentos que explicam a melhor maneira de fazer scripts para Quark, mais um arquivo chamado Document Construction, que desde a versão 3.2 serve pra dar uma idéia de como usar scripts para acelerar o trabalho no Quark. Nós vamos seguir esse documento passo-a-passo e entender como as coisas funcionam. Depois disso, fazer scripts para o Quark vai depender apenas da sua própria vontade.
Então, sem mais delongas: vamos construir um documento!
Linhas 1-2 - São aquelas linhas que você já conhece, para abrir o QuarkXPress (se já não estiver aberto) e chamá-lo para primeiro plano.
Linha 3 - Lembra-se do comando set? Serve pra criar uma variável. Este, no caso, está criando uma variável chamada thepath e dando a ela o conteúdo ":". Você, que está esperto, já entendeu que thepath provavelmente guarda o caminho para uma pasta, e no momento está vazio. Como eu sei que é para uma pasta? Porque "termina" com o sinal de dois pontos (:) - lembra a aula passada?
Linhas 5-18 - Este tell está aí para definir como será o documento que ainda não foi criado. Note que o alvo do comando é default document 1, que significa o documento "padrão" a ser criado, mas somente o primeiro. Algumas linhas servem para definir algumas variáveis, e as últimas, para definir algumas características de documento do Quark, como se haverá caixa de diálogo automática, por exemplo.
Linha 19 - Ô, seu Quark! Faz um documento aí!
oLinhas 21-23 - O script usa o tell de uma maneira diferente. Em vez de o alvo ser um programa, o alvo do tell é o document 1, o criado pelo make document da linha anterior. Como default, o Quark cria documentos em ordem numérica. Então, se criássemos outro documento a essa altura, teríamos que nos referir ao recém-criado como document 2. Estamos ajustando a propriedade view scale do primeiro documento, portanto.
Linha 25 - É um comentário para que outras pessoas, ao lerem o script, entendam o que está acontecendo.
Linhas 26-31 - O tell e o end tell você já sabe o que fazem. Na linha 27 começam a aparecer coisas interessantes. Parênteses!
Parênteses são seus amigos. Parênteses são legais. Parênteses são gente boa. Se você tiver que escolher entre sair sexta-feira à noite ou usar parênteses, fique em casa! Hã, desculpe, me empolguei um pouco… Voltando ao assunto, repare como os parênteses separam bem os dois comandos amontoados na linha 27. É isso aí. O que está dentro dos parênteses é um comando, cujo resultado é passado para a variável newcolorspec. Daí por diante, é só definir que a cor será CMYK, o valor da cor (em porcentagens de Cyan, Magenta, Yellow e Black) e o nome, usando (quem adivinha?) o comando set.
Linhas 32-41 - Agora nós faremos algo que todo mundo que trabalha com diagramação tem que fazer, e que talvez seja uma das coisas mais simples e úteis que os scripts podem fazer para você no Quark. É simplesmente muito fácil fazer guias usando scripts. Também é simples, mais tarde, movimentar as guias verticais e horizontais para onde for conveniente. Observe que algumas dessas guias são criadas at beginning e outras at end. O seu dever de casa da aula de hoje é descobrir por quê. A dica é prestar atenção ao parâmetro que é passado para o comando make. Lembra de quando mencionei parâmetros? É o que vem depois do with. Se, mesmo assim, ainda não deu para pegar, lembre-se que você sempre pode consultar o dicionário do Quark para tirar a dúvida.
No mês que vem vamos seguir o resto do script até o final, aprendendo a criar caixas de texto e de imagens e, se tudo correr bem e ninguém nos escrever dizendo que esta coluna está andando rápido demais, logo estaremos deixando todos os pecezistas das proximidades estupefatos. Afinal de contas, qualquer um pode falar com seu computador.
Só que os Macs respondem. E com coerência, ainda por cima!
Mauricio L. Sadicoff
Mandou aquele verde quando falou de escreverem pra Macmania criticando, esperando do coração que algum caridoso leitor escreva dizendo "nada disso, a coluna está ótima!"
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