Anfavea insiste em aumentar imposto de carro elétrico
Antecipar e retomada da alíquota de 35% para carros elétricos e/ou montados em CKD afetaria as marcas premium e chinesas como BYD e GWM
Entidade diz que segurar o imposto de importação por tanto tempo pode atrapalhar o desenvolvimento da indústria nacional e quer que antecipação de forma imediata
Durante um evento de mobilidade que aconteceu recentemente - o Congresso AutoData Perspectivas 2025 - Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, insistiu em intensificar junto ao Governo ações para antecipar o imposto de importação total (de 35%) para carros eletrificados (híbridos e elétricos) e aos que são montados via CKD ou SKD (aquelas que vêm de fora praticamente prontos e são apenas "finalizados" por aqui).
A proposta da Anfavea é retomar de forma quase imedida a alíquota cheia de 35%, que foi reduzida em 2022 - quando a Câmara de Comércio Exterior (Camex) fixou os impostos em 18% para CKDs e 16% para SKDs até 2028. Entidades do setor, como a Anfavea e o Sindipeças, afirmam que a restituição seja feita de forma emergencial e sugerem que a taxa deva até ser ampliada - para assegurar a competitividade da indústria.
Como funciona o imposto hoje
Em janeiro deste ano, o imposto de importação voltou a operar em porcentagens que crescerão de forma progressiva. Começou com tarifa de 10% para elétricos (EVs) e 12% para híbridos (HEVs e PHEVs) e a promessa é de voltar aos 35% de antes em julho de 2026.
A Anfavea quer que esse retorno seja agora.
E mais: a entidade ainda propõe a criação de uma cota anual de 4.800 unidades de carros eletrificados para cada empresa. A ideia da Anfavea é direta: incentivar a fabricação nacional desses produtos.
Cláudio Sahad, presidente do Sindipeças, inclusive, salientou que países com economias gigantes, como os Estados Unidos, algumas nações da Europa e a Índia, por exemplo, tem tarifas extremamente mais altas, com até 100% do imposto.
No mesmo evento, Margarete Gandini, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), afirmou que a prioridade do Governo é fortalecer a produção nacional e transformar o Brasil em um pólo de exportação para reduzir a dependência de carros importados - como consta no projeto Mover.
Em contrapartida, o mercado de carros eletrificados não para de crescer no Brasil - inclusive de forma exponencial - o segmento deve superar 160 mil unidades este ano, de acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
O entrevero deve se estender por mais alguns meses. De um lado, os que defendem a continuação do crescimento do segmento de carros eletrificados; do outro, os que querem proteger e fortalecer a indústria brasileira.