1.200 km com o Mercedes GLE 450d, a perfeição movida a diesel

Rodamos uma semana na cidade e principalmente na estrada com o novo SUV a diesel da Mercedes-Benz, que custa R$ 729.900

Sergio Quintanilha

1 ago 2024 - 20h19

(atualizado em 2/8/2024 às 09h46)

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Mercedes-Benz GLE 450d 4Matic
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O novo Mercedes GLE 450d é a perfeição em silhueta SUV com motor a diesel. Mas, “perfeito” e “a diesel”? Sim. Deixemos a discussão sobre o combustível para o final desta matéria, pois estamos falando de um carro que merece ser conhecido e analisado, pelo tanto que entrega em conforto e desempenho.

O novo SUV a diesel da Mercedes-Benz custa R$ 729.900 e, evidentemente, é um carro bastante exclusivo. O Mercedes GLE não é exagerado como o Mercedes GLS e não é racional como o Mercedes GLC. Ele tem o porte certo para impor respeito sem chocar o distinto público e pode ser configurado para 5 ou 7 pessoas.

Com 5 pessoas a bordo, o porta-malas tem 630 litros de capacidade. E foi assim que partimos rumo a uma viagem 1.200 km (São Paulo-Londrina-São Paulo), com o SUV carregando cerca de 500 kg (seria possível carregar até 780 kg). Com o GLE cheio, agradeci o fato de os pneus serem “borrachudos”, de perfil médio (275/50 R20). Ele não tem estepe.

Partindo do Guarujá, subimos a Serra do Mar pela Via Anchieta, contornamos São Paulo pelo Rodoanel, percorremos os 315 km da Rodovia Castello Branco, depois passamos por Ourinhos e percorremos o trecho do Paraná pela BR-369, que tem muitos quilômetros de pista simples, até chegar a Londrina.

Muitos foram os elogios para o conforto. Mesmo com três pessoas atrás, sendo dois idosos com mais de 80 anos, ninguém se cansou nos 700 km de ida. Fizemos três paradas: uma para um café, uma para o almoço e outra para mais um cafezinho. Em nenhum momento cogitamos abastecer.

Na volta também fizemos três paradas, porém com apenas 4 pessoas a bordo e um pouco menos de bagagem. O ritmo da volta foi diferente, com mais velocidade e, portanto, com maior consumo de combustível.

Pegamos chuva e mesmo nela o GLE é muito confiável e tem ótima visibilidade. O sistema de tração 4Matic trabalha para deixar o carro sempre estável e tracionando as rodas dianteiras e traseiras de acordo com o piso e a velocidade, por meio de sensores.

O tanque de 85 litros permite um alcance oficial (PBEV) de 1.156 km na estrada. Isso fazendo 13,6 km/l de diesel. Na ida, fizemos 12,8 km/l de média; na volta, andando mais rápido, fizemos 11,4 km/l. O alcance real, portanto, fica entre 969 e 1.088 km.

O Mercedes GLE 450d pode ser elevado ou rebaixado, em relação ao solo, por meio de um simples botão no console central. A suspensão é independente nas quatro rodas, com braços sobrepostos e molas pneumáticas. Esse conjunto, somado aos pneus, torna o rodar muito confortável, mesmo em pisos ruins.

Além disso, é possível escolher entre os modos Eco, Comfort, Sport e Off-Road. Rodamos a maior parte do tempo no modo Eco, para economizar combustível mesmo, pois não havia pressa e o desempenho estava bom. Se for preciso pisar fundo – sempre é, para ultrapassar nas estradas de pista simples do Paraná –, o GLE 450d responde rapidamente. Ele vai de 0 a 100 km/h em apenas 5,6 segundos.

As retomadas de velocidades são fortes o suficiente para provocar exclamação de passageiros idosos, mas não é nada que entusiasme quem está acostumado a acelerar carros mais leves e mais potentes (o GLE 450d pesa 2.405 kg). O motor 6 cilindros 3.0 tem 367 cv a 4.000 rpm e 750 Nm de torque a 1.350 rpm.

O ótimo torque em baixa e a transmissão automática de 9 marchas permitem ao GLE 450d rodar a 120 km/h constantes, carregado, com o ponteiro do conta-giros a cerca de 1.800 rpm. O motor é bastante silencioso e nem parece ser a diesel.

São 37 cavalos a mais do que havia no GLE 450d anterior. Segundo a Mercedes-Benz, 20 cv dessa potência vêm do sistema micro-híbrido MHEV, com arquitetura de 48V. O sistema micro-híbrido ajuda o motor a combustão e isso, além de melhorar a potência, reduz o consumo de combustível e a emissão de CO2.

Porém, estamos falando de um SUV a diesel com muita potência e que pesa 2,4 toneladas, por isso o nível de emissão ainda é muito alto e não aparece na tabela do PBEV. Segundo a Mercedes-Benz, são 165 g/km de CO2. Pelo padrão Euro 6d são 197 g/km.

O Mercedes GLE 450d tem muitos equipamentos de luxo (veja abaixo a lista completa). Uma das novidades que agradou foi a função "capô transparente". Com o programa de condução off-road ativado, a tela do console central mostra uma visão virtual sob a parte dianteira do veículo – ajudando a tornar isso visivelmente mais fácil em terrenos íngremes.

Essa visão é obtida por meio das imagens geradas pela câmera 360°. O "capô transparente" nos livrou de algumas enrascadas, pois o carro é grande e algumas vagas são muito estreitas ou curtas.

Porém, uma dificuldade grande foi o diâmetro de giro, dificultando bastante as manobras nos locais apertados. Chegou a me lembrar o Fiat Toro, que também tem essa característica. O Mercedes GLE SUV mede 4.924 mm de comprimento, 2.157 mm de largura e 1.797 mm de altura.

Vale a pena pagar R$ 729.900 num SUV a diesel? Neste, vale. Afinal, estamos falando de consumidores para quem este valor será consumido em algum carro – se não no GLE, certamente em outro. O Mercedes-Benz GLE 450d 4Matic é maravilhoso em conforto e dinâmica. Mas, e isso é sério, o comprador precisa fechar os olhos para a alta emissão de carbono de seu motor a diesel.