Alckmin não vê necessidade de antecipar imposto; Anfavea insiste
Em entrevista coletiva realizada em Brasília, o vice-presidente Geraldo Alckmin foi recebido pela Anfavea, que pede alíquota de 35% já
O vice-presidente Geraldo Alckmin demonstrou na manhã desta quinta-feira, 5, que o governo não vê necessidade momentânea de antecipar o imposto de 35% para carros elétricos e híbridos importados da China. Esse é um pedido da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), que recebeu Alckmin em sua sede de Brasília.
Respondendo à pergunta de uma jornalista, Alckmin disse que o aumento nas vendas de carros elétricos e híbridos (especialmente chineses) verificado em Maio e Junho foi em decorrência do segundo aumento nas alíquotas. Alckmin estava ao lado do presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite.
“Veículos elétricos estavam com imposto de importação zero. Nós fizemos, a partir de 1º de Janeiro deste ano, um aumento no imposto de importação, depende se é elétrico puro, se é híbrido, se é plug-in, na faixa de 9 a 12%”, disse o vice-presidente. “Em 1º de Julho houve outro aumento, na faixa de 18 a 22% [na verdade, 25%]. Terá mais um, no ano que vem, e no último nós chegaremos a 35%, que é o que estabelece a OMC, embora em alguns países isso é 40%, 50%, nos Estados Unidos é 100%.”
Geraldo Alckmin acrescentou que “todo mundo está procurando proteger o seu emprego e a sua indústria” e que a solução do governo brasileiro foi estabelecer cotas. “Quem está investindo no Brasil e vinha importando teria cota com imposto zero de importação”, afirmou. “Os impostos de importação sobem e a cota cai, de tal maneira que você tem previsibilidade e você sabe que daqui a três anos, dois anos e meio, a cota vai zerar e o imposto de importação vai para 35%.”
Ainda ao lado de Lima Leite, o vice-presidente falou qual é o objetivo do governo: “Nós queremos investimento no Brasil, indústria no Brasil, conteúdo nacional, fabricação no país”. Alckmin também minimizou a questão do aumento das vendas de importados no primeiro semestre, que foi o estopim para o pleito das montadoras tradicionais.
“Nós tivemos sim um aumento em Maio e Junho, provavelmente porque ia mudar a alíquota”, disse Alckmin. “Quando a gente observa Julho, teve uma queda. Agosto também teve uma queda. Esse é um monitoramento permanente. O governo está sempre acompanhando importação e exportação. O comércio exterior é uma mão dupla, mas nós devemos estar atentos aí com uma lupa, buscando sempre o equilibrio.”
Após a saída do vice-presidente do local, o assunto voltou à tona com mais perguntas dos jornalistas. E a Anfavea mostrou que não vai desistir facilmente de seu pleito. Márcio de Lima Leite disse que as importadoras chinesas têm atualmente 86,2 mil carros elétricos e híbridos plug-in em estoque.
“Nós temos um aumento de importação impressionante, nós temos um aumento de estoque imnpressionante e as vendas se mantiveram”, comentou. Segundo a Anfavea, foram importados 70,8 mil carros e o estoque chegou a 86,2 mil unidades, o que seria suficiente para nove meses de venda. As vendas dos carros de novas energias, entretanto, não passaram de 9,9 mil unidades.
“Está se criando um volume muito grande de estoque para se beneficiar dessa alíquota reduzida”, disse o presidente da Anfavea. “É o excesso de produção na China, que teve um arrefecimento do mercado local e tem uma capacidade instalada de 50 milhões de veículos. Ela está produzindo 30 milhões, com o mercado interno em torno de 25 ou 26 milhões.”
“Esse estoque está vindo para o Brasil”, acrescentou Lima Leite. “Então nós temos um estoque elevado e esse estoque pode, sim, gerar um desequilíbrio no mercado. Não estou dizendo que vai, porque não conhecemos a estratégia dessas empresas. Pode ser que esses estoque sejam exportados para a Argentina ou para a Colômbia. Cada empresa tem a sua estratégia.”