Análise: GWM enxerga “Ora” ideal de migração para elétricos
Com modelo acessível, estratégia da GWM é atrair donos de carros com motor a combustão para o universo elétrico
Ao lançar o Ora 03, a GWM mostrou que o universo dos carros elétricos está cada vez mais expansivo e os números comprovam tal tendência. Paralelamente, a marca, que trabalha exclusivamente nesse segmento, busca ampliar seu leque e tomar a maior parte que puder do mercado dos carros a combustão.
A ideia dos executivos é provocar um movimento de migração, no qual proprietários troquem seus carros movidos a combustíveis mais tradicionais por um elétrico.
O principal argumento nessa tentativa está no valor do modelo. O Ora 03 parte de R$ 150 mil, chega aos R$ 160 mil para quem escolher a versão Copacabana com teto panorâmico (embora haja um limite de 20 unidades) e atinge os R$ 184 mil na versão GT.
A diferença entre as versões está no tamanho e na capacidade da bateria. No Ora 03 Skin (e, também, no Skin Copacabana), a bateria é de 48 kWh. Na opção GT, é de 63 kWh. A primeira oferece 310 km de autonomia e a segunda entrega 400 km, pelo ciclo WLTP. A autonomia com base nos critérios do Inmetro ainda será divulgada.
“Nós queremos trazer o cliente do carro a combustão nesta faixa entre R$ 150 mil e R$ 200 mil para o elétrico”, disse Oswaldo Ramos, CCO da GWM, durante a coletiva de lançamento do modelo.
O executivo lembrou que o perfil desse cliente está em pessoas que queiram o carro para o dia a dia, que morem nas grandes cidades e tenham mais de um carro. Ainda não há um entendimento de que um elétrico figura como “carro da família”.
Há, portanto, duas frentes nas quais a GWM pretende trabalhar. Uma é o dono de um carro elétrico, que já tenha a sua vivência no segmento. O outro é quem possa ter seu primeiro modelo em busca justamente dessa experiência.
Outro ponto atacado pela GWM é a concorrência direta – e mais óbvia. Os preços de lançamento colocam o Ora 03 diretamente no patamar do recém-lançado BYD Dolphin e do Renault Kwid e-Tech.
Neste ponto o nível de equipamentos fará a diferença. Hoje o Golfinho nada de braçada com tudo o que entrega, mas ainda será comparado ao Ora 03. E o valor equiparado levou a Renault a reduzir em R$ 10 mil o preço de seu subcompacto elétrico, medida que a GWM não irá tomar.
“Nós valorizamos demais os primeiros clientes. Eles levam nossos novos produtos para as ruas e atraem outros interessados. Entendemos não ser justo com esses primeiros clientes uma redução que favoreça quem chegar depois”, reforça Ramos.
Em termos de mercado global a migração já está acontecendo. De 2013 para cá a curva ascendente não para de subir. Entre 2020 e 2021 o crescimento foi de 109% nas vendas de carros elétricos. Entre 2021 e 2022 foram 55%. No Brasil, carros eletrificados representavam 0.7% do total do mercado em 2022. No ano passado o número foi para 0,9% e, em 2023, a média é de 1,6%. De 2022 para 2023 o crescimento foi de 77,8%.