Anfavea: Brasil bate recorde na venda de veículos novos e usados
Total foi de 14,1 milhões e o Brasil voltou ao oitavo lugar entre os maiores produtores automotivos, mas Anfavea reclama das importações
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) realizou na manhã desta terça-feira, 14, seu balanço anual do setor automotivo em 2024. A entidade que representa as montadoras tradicionais relatou que o Brasil bateu um recorde histórico na venda de veículos novos e usados: 14,1 milhões de unidades.
Desse total, 11,7 milhões foram de veículos zero km, representando 82% dos registros. Os veículos usados somaram 2,5 milhões, o que equivale a 18% do mercado. As vendas a prazo, entretanto, representaram apenas 44,1% (contra 58,8% em 2015) por causa dos juros altos, segundo a Anfavea.
Resumo dos licenciamentos em 2024
- Total autoveículos - 2.168.399 / +10,8%
- Veículos leves - 2.028.163 / +10,5%
- Autos de passeio - 1.628.307 / +9,5%
- Comerciais leves - 399.856 / +14,7%
- Caminhões - 117.834 / +17,7%
- Ônibus - 22.402 / +9,7%
Como aconteceu ao longo do ano passado, o presidente da Anfavea, Márcio Lima Leite, disse que o objetivo principal para 2025 será aumentar as exportações e reduzir as importações. Ele voltou a pedir a antecipação do imposto de 35% para carros elétricos e híbridos importados.
“O Brasil precisa exportar mais e essa é a prioridade zero da Anfavea”, disse Lima Leite. “Estamos perdendo participação em países que são fundamentais para o Brasil e em mercados que cresceram. Além disso, temos excesso de importações.”
De onde vêm as importações
Segundo o presidente da Anfavea, em 2024 o Brasil gastou R$ 30 bilhões em importações de veículos e fez uma renúncia fiscal de R$ 6 bilhões na comercialização deles. Da Argentina vieram 224.757 carros (+2%), porém a participação do país vizinho caiu de 62% para 48%.
O país que mais cresceu foi a China, de onde vieram 120.354 veículos (187%), com participação de 26%. O México também aumentou o volume de carros enviados para o Brasil: 44.507 unidades (+43%) com participação de 10%.
Depois vieram a Alemanha com 25.417 veículos (+14%) e 5% de participação, o Uruguai com 17.784 unidades (+49%) e 4% de participação e a Tailândia com 7.463 veículos (+193%) e 2% de cota. Outros países ainda enviaram 26.233 carros para o Brasil (+18%) e tiveram participação de 6%.
Em 2024 o Japão ocupou a 8ª posição no ranking de importações e a Coreia a 13ª posição. Japão: 5.250 em 2024 e 3.274 em 2023 (+60%). Coreia: 1.857 unidades em 2024 e 2060 em 2023 (-10%). Em 2024, o Japão representou 1,1% do total, enquanto a Coreia participou com 0,4%.
Outro fato relevante destacado pela Anfavea é que o Brasil manteve-se na sexta posição entre os maiores mercados automotivos do mundo e reconquistou o oitavo lugar entre os maiores produtores. Além disso, foi o que teve o maior crescimento (+14,1%), enquanto o mundo cresceu bem menos (+2%).
O que azedou o humor de Lima Leite, mais uma vez, foi o tema dos importados. Ele disse que o Brasil teve a maior importação de veículos dos últimos 10 anos e isso, combinado com a queda nas exportações, fez a balança comercial do setor ficar negativa.
“Países como a Índia e o México” estão focando na exportação”, comentou o presidente da Anfavea. Ele disse que o atraso do Brasil na produção de carros com novas tecnologias (elétricos e híbridos) se deve à “menor taxação do mundo para a importação”.
Para 2025, a Anfavea prevê vendas totais de 2,802 milhões de autoveículos (+6,3%), sendo 2,653 milhões de veículos leves (+6,6%) e 149 mil veículos pesados (+1,3%). A produção é estimada em 2,749 milhões (+7,8%) e as exportações são previstas em 428 mil unidades (+7,4%).
Márcio de Lima Leite disse ainda que a decisão da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) de excluir híbridos leves do ranking de eletrificação “é um assunto comercial” e que a Anfavea só discute questões técnicas.
Ele também comentou a decisão do governador de Sâo Paulo, Tarcísio de Freitas, de isentar de IPVA somente os veículos eletrificados produtos do Estado. “É um crítério”, disse, após explicar que o governador deixou claro que não se tratava de uma questão técnica entre os tipos de carros.