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Anfavea: produção vai crescer menos por culpa dos importados

Mesmo com vendas em alta, Anfavea revê projeção de crescimento da produção em 30 mil unidades a menos, de 145 mil para 115 mil veículos

4 jul 2024 - 13h24
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Novas projeções da Anfavea para a indústria automotiva em 2024
Novas projeções da Anfavea para a indústria automotiva em 2024
Foto: Anfavea / Guia do Carro

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) fez nesta quinta-feira, 4, um balanço do setor automotivo no primeiro semestre. Foi uma longa apresentação na qual a entidade divulgou uma nova projeção para 2024, revendo os números apresentados no final do ano passado.

Apesar de o setor tem apresentado um aumento de vendas no semestre (+14,4%) e de o mês passado ter sido “o melhor junho desde 2019, com a melhor média diária de emplacamentos deste ano” (10.715 carros), a Anfavea destacou com ênfase a queda nas exportações de veículos brasileiros.

Segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, a queda nas exportações, combinada com um forte aumento nas importações (principalmente de carros chineses híbridos e elétricos), levou a entidade a revisar as projeções da indústria automotiva instalada no Brasil.

No emplacamento, a Anfavea prevê um aumento de 2,309 milhões para 2,560 milhões (+10,9%). Diferença de +251 mil veículos vendidos. Na exportação, a previsão é uma queda de 404 mil para 320 mil unidades (-20,8%). Diferença de -84 mil veículos exportados. Na produção, a previsão também é de alta, passando de 2,325 milhões para 2,440 milhões (+4,9%). Diferença de +115 mil veículos produzidos.

Evolução das vendas, produção, exportação e importação
Evolução das vendas, produção, exportação e importação
Foto: Anfavea / Guia do Carro

Porém, em relação à previsão feita anteriormente, a Anfavea prevê produzir 30 mil veículos a menos. E exportar 87 mil veículos a menos. As vendas internas foram revisadas em 110 mil veículos a mais. Segundo Lima Leite, grande parte dos emplacamentos será de carros chineses importados, por isso a Anfavea pediu novamente imposto imediato de 35% para híbridos e elétricos.

Depois da coletiva, que teve também a participação de Ciro Possobom (presidente da Volkswagen do Brasil) e Marcio Querichelli (presidente da Iveco América Latina), a Anfavea informou que as novas previsões valem se o imposto de importação subir para 35%, caso contrário poderão ser revistas novamente.

No primeiro semestre o Brasil teve quase 200 mil emplacamentos de modelos importados (+38%). Dessas 54,1 mil unidades a mais, os autoveículos de origem chinesa representaram 78% do total (+449%). Márcio de Lima Leite mostrou também um quadro das importações internacionais. Os carros brasileiros estão perdendo espaço para os carros chineses também no México, no Chile e no Uruguai.

“Temos o Imposto de Importação mais baixo para modelos elétricos de origem chinesa no planeta, entre os países produtores, o que serve de atrativo para a importação acima de um saudável patamar de equilíbrio”, disse o presidente da Anfavea.

Problema não é só a China

De acordo com a Anfavea, o carro brasileiro perde espaço também para modelos de origem chinesa (no México, no Chile e no Uruguai) mexicana (na Argentina e na Colômbia), japonesa (no Peru) e estadunidense (no Paraguai).

No México, o mercado interno cresceu (+7%), porém os carros brasileiros caíram (-3%). Na Colômbia, o mercado caiu (-3%) e a compra de carros brasileiros caiu ainda mais (-6%). Os carros fabricados no Brasil só tiveram alta (+6%) no câmbio do Mercosul, justamente houve houve uma queda (-19%).

A culpa, segundo a Anfavea, é o custo Brasil e a burocracia, além da “discrepância na regulamentação”, em relação a outros países. “Nós exportamos resíduo tributário e legislação trabalhista”, disse Lima Leite. “Nós precisamos avançar urgentemente na harmonização das regras.”

Participação dos veículos brasileiros nas exportações para a América Latina
Participação dos veículos brasileiros nas exportações para a América Latina
Foto: Anfavea / Guia do Carro

O presidente da Anfavea ainda acrescentou, em uma de suas falas, respondendo a uma pergunta. “Se o Brasil não rever imediatamente [o imposto para carros importados], nós corremos o risco de ter queda na produção e paralisação de fábricas já no segundo semestre”, disse Márcio de Lima Leite.

O Guia do Carro perguntou sobre a questão da taxa de juros. “Indústria de uma forma geral sempre vai brigar por queda de juros, né”, disse Lima Leite. “Ser a gente está trabalhando por competitividade, a queda de juros é fundamental, mas a gente sabe que não é simples assim, então esse é um assunto que a gente não tem como contribuir de forma mais objetiva.”

Nesse tema, a Anfavea preferiu não se posicionar a favor do governo (que quer baixar os juros) ou do Banco Central (que mantém os juros altos). “A nossa esperança, a nossa torcida, é pela queda dos juros, mas não temos como opinar se as condições permitem ou não permitem para que a queda ocorra”, concluiu Lima Leite.

Guia do Carro
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