Audi avalia fábrica com Volks no Paraná; A3 pode ser flex
As novas gerações chegam, mas o ciclo da vida se repete. É isso o que está próximo de acontecer com o Audi A3. Entre início de 2000 e meados de 2006, o modelo foi produzido na fábrica da Volkswagen, sua controladora, em São José dos Pinhais (PR). Agora a nova versão, que chega às revendas nacionais em maio, pode ter o mesmo destino. Segundo executivos da Audi, a única opção que é avaliada para produção no País é uma parceria na planta de onde saem os modelos Golf, Fox e seus derivados.
“Esta semana vamos juntar pela primeira junto a Volkswagen para apresentar números sobre a viabilidade, para aproveitar as sinergias. Faz mais sentido no momento”, afirmou Bernd Martens, membro do conselho da Audi que já foi diretor de produtos e de compras da Volkswagen no Brasil, entre 1997 e 2005.
Mesmo “atrasada” em relação à rival BMW, que já anunciou seus planos de produção no Brasil, a associação com a VW dá vantagem à Audi: o tempo necessário para começar a montagem de carros no Brasil é reduzido porque seria apenas uma expansão da planta paranaense, e não a construção a partir do zero como a BMW. Assim, a marca das quatro argolas tem tranquilidade para avaliar se o projeto será rentável ao longo dos anos.
Caso a empresa escolha voltar a produção no Brasil, o A3 nacional deve chegar já com motor bicombustível – o primeiro deste tipo a ser oferecido pela Audi -, uma das sinergias possivelmente geradas pela associação com a marca mãe, de acordo com Martens. Toda a família A3 tem mais chances de fabricação nacional, o que inclui hatch e sedã, mas Q3 e A1 não foram descartados ainda.
Segundo o executivo, o percentual mínimo de 50% de peças com origem local não será difícil de ser atingido para se adequar ao regime automotivo Inova-Auto. “Talvez tenhamos que trazer uma ou outra coisa de fornecedores”, afirmou Martens. A Audi deu o primeiro passo dentro do novo regime nesta segunda-feira, ao se enquadrar como importadora. A habilitação dá direito à importação de uma cota de 3.876 unidades por ano sem sobretaxa de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Os preços dos modelos devem cair em breve, mas não tanto quanto os da rival BMW, que já se beneficia como “investidora” do programa. Com a confirmação de uma fábrica nacional, a Audi também ganharia o benefício de importar 50% de sua futura capacidade de produção sem a sobretaxa. Segundo Luca de Meo, membro do conselho para vendas, a redução de preços da Audi seria semelhante a da rival com a confirmação da fábrica.
De Meo admitiu que o resultado da Audi no Brasil não foi satisfatório em 2012, mas acredita que há potencial para crescer. O País está bem longe de ser um mercado com alto volume para a marca - não está nem entre os dez maiores no ranking liderado pela China com 405 mil unidades no ano passado. O Japão foi o décimo colocado, com 23 mil unidades, enquanto a América Latina (do México para baixo) representou 29 mil carros emplacados. Mesmo assim, De Meo mostra esperança com o Brasil. “É um dos mercados do futuro.”
O jornalista viajou à convite da Audi.