Avaliação: Honda City evolui e motor turbo não faz falta
Nova geração do Honda City agrada pelo conjunto bem equilibrado, segurança, conectividade e ergonomia, mas ainda tem coisas a melhorar
Rodamos uma semana com a nova geração do Honda City para uma avaliação. O carro cedido pela Honda foi o City Touring, nova versão topo de linha. Assim como as demais versões, o novo City Touring utiliza um motor 1.5 flex aspirado de 4 cilindros. A Honda não quis aderir à “moda” dos motores 1.0 turbo de 3 cilindros. A vantagem é que o motor não vibra e o conforto na condução é superior. A desvantagem é que o desempenho não é brilhante.
Podemos afirmar que o novo City sedã subiu de patamar, aproximando-se do Honda Civic décima geração – cuja produção foi encerrada. Como desistiu da briga direta com o Toyota Corolla, a Honda apostou na melhoria do City para encarar os carros mais fortes da categoria. Estamos falando de sedãs compactos, ou seja, Chevrolet Onix Plus, Toyota Yaris e Volkswagen Virtus.
Motor – Com 126 cv de potência, o novo motor 1.5 deixou o Honda City mais competitivo. Porém, a potência máxima surge somente a 6.200 rpm, o que na prática significa quase nunca utilizá-la. O que ajuda o novo Honda City a ter um desempenho um pouco superior ao do City anterior é o torque, que é maior e surge um pouco antes. São 155 Nm com etanol e 152 Nm com gasolina, ambos a 4.600 giros.
O novo motor é mais moderno, com duplo comando de válvulas e injeção direta de combustível – itens ausentes no antigo City. Rodando, o novo City sedã é cerca de meio segundo mais rápido na aceleração de 0 a 100 km/h. O motor 1.5 tem várias partes de alumínio e também apresenta melhor potência específica (84 cv/l).
O novo Honda City é também um carro mais econômico em relação ao modelo anterior. Mas isso não é um mérito tão grande, considerando que muitos carros estão tendo ajustes no motor para atenderem às novas regras do Proconve (PL7). Na cidade, dá para fazer 13,1 km/l usando gasolina (ou 9,2 km/l com etanol). Na estrada, se o motorista for gentil com o pedal do acelerador, consegue fazer 15,2 km/l com gasolina. O ganho com etanol, entretanto, foi muito pequeno para quem roda na estrada (10,5 km/l).
Câmbio – Apesar de oferecer trocas de marcha manuais no volante, o Honda City nunca teve um câmbio empolgante. Mas, para suas pretensões, está de bom tamanho. O City não tem aspirações esportivas e sim de luxo e conforto. As mudanças feitas no câmbio CVT de 7 marchas deram um bom resultado nas retomadas de velocidade, especialmente na faixa entre 2.000 e 4.000 giros. Ok, é preciso ter uma certa sensibilidade ao volante para perceber, mas qualquer motorista vai sentir um carro bom de guiar na cidade.
Suspensão – A suspensão traseira do Honda City é por eixo de torção. Como o desempenho não é muito forte, o carro tem bom equilíbrio em curvas. Passa, também, uma certa robustez e tem um bom equilíbrio entre estabilidade e conforto. O Honda City não é um carro “duro”, mas está longe de passar aquela sensação de quem está no sofá de casa. Como tem tração dianteira, o Honda City é um carro muito fácil de ser conduzido e permite fazer curvas com razoável velocidade. Em caso de necessidade, uma leve tirada de pé do acelerador já equilibra o City.
Direção e Freios – A direção do City é muito leve, o que proporciona enorme conforto nas manobras. Com o carro em velocidade, ela não chega a ser muito direta, mas também não pesa muito. Para a proposta de desempenho moderado, está bem equacionada. O City sedã freia bem, sem desvios de trajetória. Os freios traseiros são a tambor porque sua velocidade máxima não é muito elevada (175 km/h). Isso pode ser decepcionante numa comparação com o Volkswagen Virtus, que é menor e tem freios a disco nas quatro rodas. Porém, o Virtus é 20 kg mais pesado e atinge 194 km/h.
Ergonomia – Os carros da Honda costumam ter boa ergonomia e o City não é diferente. Especialmente para o motorista, os ajustes do banco e do volante de direção proporcionam uma agradável posição de dirigir. Na parte traseira, entretanto, o novo City é agradável somente para os dois passageiros que vão nas janelas. O pobre passageiro que senta no meio fica numa posição muito elevada e escorregando para os lados. Ou seja: estamos falando de um carro de cinco passageiros, mas que só acomoda bem quatro pessoas.
Multimídia – Este é um dos pontos altos do novo Honda City. O carro realmente deu um salto de qualidade na multimídia e entrega aos usuários uma boa experiência digital. Apesar de a conectividade Android e Apple ser feita com cabo, o sistema rapidamente espelha o celular na tela de 8”. A multimídia é bastante intuitiva. Há também carregamento de celular por indução, o que obrigou a Honda e melhorar os porta-objetos do console central. Apesar de o carro ter duas entradas USB na parte dianteira, sentimos falta de uma porta para conexão na parte de trás.
Equipamentos – Com seis airbags, freios automáticos em caso de colisão frontal, assistente de permanência em faixa, farol alto/baixo automático, alerta de pressão dos pneus, assistente de ponto cego, controle de tração e estabilidade e assistente de partida em subidas, o City Touring está bem equipado em itens de segurança.
Para conforto, o carro traz piloto automático, vidros elétricos one touch, sensores de estacionamento, câmera de ré multivisão com linhas dinâmicas, bancos de couro e volante multifuncional, entre outros. Há ainda outros mimos para o cliente, como painel digital TFT 7” de alta resolução, botão de ignição, antena tipo tubarão e luzes e lanternas de LED.
Porta-malas – O porta-malas, embora tenha sido reduzido de 536 para 519 litros, continua sendo enorme – mas perdeu o título de maior da categoria para o Virtus (521 litros). Mesmo assim, ninguém pode reclamar de falta de espaço para bagagem no Honda City, além de rodas bem bonitas (aro 16 com pneus 185 /55).
Acabamento – O Honda City se impõe com a qualidade construtiva da Honda. Há uma percepção geral de qualidade em todo o carro.
Design – Esteticamente o novo Honda City continua sendo discreto. Os espelhos retrovisores foram deslocados da base da coluna A para uma posição mais recuada na porta, o que melhorou a visibilidade em curvas e manobras. Visto de perto, o conjunto ótico é bonito, com faróis afilados e uma discreta “pestana” fazendo o papel de luz de circulação diurna. Visto de longe e bem de frente, contudo, o novo Honda City parece um carro visualmente insosso.
Veredicto – O novo Honda City está à venda em três versões: EX por R$ 108.300, EXL por R$ 114.700 e Touring por R$ 123.100 (avaliado). Não há dúvidas que o City melhorou com a nova geração. Ele poderia até ter ambições maiores no segmento de sedãs se tivesse preço mais competitivo. Quanto à questão que tinha ficado em aberto – foi uma boa opção ter optado pelo motor 1.5 aspirado? –, o New City mostrou nesta avaliação que ficou bem resolvido com o motor aspirado. É bom para os consumidores ter opções diferentes.
Nota do Editor: agradecemos à loja Cris & Co. pela locação das fotos. Rua Almansa, 11, Morumbi, São Paulo, SP, tel. 11 3773 8576.
ITEM | CONCEITO | NOTA |
MOTOR | Bom | 6 |
CÂMBIO | Bom | 6 |
SUSPENSÃO | Muito Bom | 7 |
DIREÇÃO E FREIOS | Muito bom | 7 |
ERGONOMIA | Muito bom | 8 |
MULTIMÍDIA | Ótimo | 9 |
EQUIPAMENTOS | Muito bom | 8 |
PORTA-MALAS | Ótimo | 10 |
ACABAMENTO | Muito bom | 8 |
DESIGN | Bom | 6 |
VEREDICTO | Muito bom | 7,5 |
Os números
- Motor: 1.5 flex
- Potência máxima: 126 cv a 6.200 rpm (g/e)
- Torque máximo: 155 Nm a 4.600 rpm (e)
- Câmbio: 7 marchas CVT
- Comprimento: 4,549 m
- Largura: 1,748 m
- Altura: 1,477 m
- Entre-eixos: 2,600 m
- Vão livre: n/d
- Peso: 1.170 kg
- Carga útil: n/d
- Pneus: 185/55 R16 R16
- Porta-malas: 519 litros
- Tanque: 44 litros
- 0-100 km/h: 10s8
- Velocidade máxima: 175 km/h
- Consumo cidade: 13,1 km/l (g)
- Consumo estrada: 15,2 km/l (g)
- Emissão de CO2: n/d