Avaliação: Jeep Grand Cherokee 4xe Plug-in vale mesmo R$ 570 mil?
Rodamos na cidade e na estrada, na serra e na praia com o novíssimo Jeep Grand Cherokee 4xe, um SUV supervalorizado
O Jeep Grand Cherokee 4xe Plug-in Hybrid passou pela avaliação do Guia do Carro e é notório que se trata de um SUV supervalorizado. Ícone do fãs da Jeep e dono de uma rica história de bons serviços prestados a quem deseja viajar com conforto, segurança, estilo e em terrenos ruins, o Grand Cherokee empolgou a rede de concessionários.
Antes de saber o preço, a maioria dos concessionários já tinha encomendado um para “uso pessoal”. Tanto que a Jeep precisou estabelecer uma cota e fazer um sorteio entre os distribuidores, caso contrário não haveria carro para o público. Talvez por isso, a própria Jeep se empolgou no preço e o lançou por incríveis R$ 569.990 – meio milhão de reais mais um Fiat Mobi.
O Jeep Grand Cherokee 4xe é um exemplo daquilo que Marx chamou de fetichismo da mercadoria. Segundo sua teoria, separadas do processo de fabricação, que é feito por máquinas, as pessoas olham para o objeto pronto como se fosse algo sobrenatural ou sagrado. O valor simbólico é muito maior do que o valor de uso, por isso o SUV vem dos Estados Unidos com o preço de R$ 570 mil.
É um ótimo carro. Mas está supervalorizado. Durante nossa avaliação, percebemos que a bateria que alimenta os dois motores elétricos acaba muito rápido. Não passa de 39 km, embora tenha alta capacidade de renegeração no modo Sport. O problema é que, sem a potência dos motores elétricos, o Grand Cherokee 4xe torna-se um carro pesado.
A direção fica pesada até no modo Comfort, o que reduz o prazer ao dirigir. É bem verdade que o Jeep Grand Cherokee sempre teve a característica de ser pesado. Mas, com os três motores funcionando, ele tem expressivos 380 cv de potência. O torque é ainda melhor: 637 Nm. O câmbio automático de 8 velocidades dá conta e tem comando rotativo no console central.
A bateria nem é tão pequena, tem 17 kWh de capacidade. Mas, pelo preço, o alcance elétrico do Jeep Grand Cherokee 4xe é muito pequeno. É mais fácil conseguir os 29 km cravados pelo PBEV do que os 51 km que a Jeep declarou nos Estados Unidos.
O motor dianteiro é um 2.0 a gasolina de 272 cv de potência (200 kW). É o mesmo que equipa a picape Ram Rampage, também da Stellantis. O Jeep tem ainda um pequeno motor elétrico de 33 kW na dianteira (45 cv) e um maior, de 100 kW de potência (136 cv) na traseira. Parte da potência do motor 2.0 é transmitida às rodas traseiras por um eixo cardã (o que diverencia o Grand Cherokee 4xe do Jeep Compass 4xe).
Na cidade conseguimos utilizar o Grand Cherokee 4xe no modo elétrico (acionado por meio de um botão à esquerda do volante) e isso deu a boa sensação de estar rodando sem emitir CO2 no meio de tantos carros. Para justificar o preço, talvez o Grand Cherokee 4xe pudesse ter um alcance maior no modo elétrico, como ocorre com alguns híbridos plug-in chineses.
O quadro de instrumentos é bom, mas um pouco confuso. Há alguns números sem explicação do que se trata. Claro que o dono de um Jeep Grand Cherokee 4xe vai acabar se acostumando, mas não custava escrever do que se trata cada número. E na parte esquerda, a faixa de giros do motor a combustão com uma info do sistema híbrido é quase impossível de ler.
A suspensão é bem macia, uma característica dos carros produzidos nos Estados Unidos. Conforto, há de sobra. Conectividade, idem, pois há até uma tela dianteira exclusiva para o passageiro do lado. Segurança também não falta, pois o carro conta com sistema Adas nível 2, além de 8 airbags. Aliás, ele é bem intrusivo nas mínimas saída de faixa de rodagem.
Outro aspecto que reforça o fetichismo em torno do Jeep Grand Cherokee é o seu design. O nariz de tubarão ficou bonito e imponente neste SUV de 4,914 m de comprimento e 2,964 me de entre-eixos. Mas, apesar desse porte, não carrega 7 pessoas – e isso foi impeditivo de alguns passeios num momento em que estávamos em 6 pessoas numa casa de praia.
Com 1,968 m de largura, 1,795 m de altura e 214 mm de vão livre do solo, o Jeep Grand Cherokee é espaçoso e versátil. Com os três motores, dá para acelerar de 0 a 100 km/h em bons 6,3 segundos. Mas, uma vez que a bateria fica sem energia, o desempenho piora muito. Por isso, para quem investir R$ 570 mil neste carro, é importante estar atento a isso.
Ciente de que o Grand Cherokee é um ícone da marca, a Jeep caprichou nos detalhes, como a coluna D estreia, a cintura alta e as rodas de cinco raios muito bonitas, de 20” com pneus 265/50 para uso na estrada ou na cidade. Para quem se aventurar por caminhos mais difíceis, o Grand Cherokee 4xe oferece o sistema Quadra Trac II 4x4 e seletor de terreno.
Um detalhe positivo do Jeep Grand Cherokee 4xe Plug-in Hybrid é sua baixa emissão de CO2 – apenas 57 g/km no modo híbrido. Só cinco carros híbridos plug-in vendidos no Brasil são melhores do que ele nesse quesito (um deles é o Jeep Compass 4xe).
É difícil falar do consumo durante a avaliação, pois obtivemos várias médias diferentes. Em velocidade constante é possível conseguir os 19,4 km/l de gasolina declarados pelo PBEV do Inmetro quando o carro roda no modo híbrido. Mas, sem os motores elétricos, o consumo é alto. Ele faz apenas 9,1 km/l na estrada e 8,3 km/l na cidade.
Como se vê, o Jeep Grand Cherokee pode ser diferentes carros em um só. Ele traz boas tecnologias, mas o sistema híbrido já está desafado para um veículo tão grande e tão caro (considerando uma compra racional). Para quem é fã do Jeep Grand Cherokee, entretanto, o valor não é tão importante como ter esse ícone na garagem de casa.
Finalmente, como curiosidade, temos que acrescentar que a Jeep não coloca o valor de R$ 569.990 no “Monte Seu Carro” de seu site no Brasil. Logo aparece uma mensagem “Quero negociar” que remete a uma conversa por WhatsApp. Portanto, se você gostou do Grand Cherokee 4xe, faça sua oferta!
ITEM | NOTA | CONCEITO |
Desempenho | 8 | muito bom |
Consumo | 8 | muito bom |
Alcance | 8 | muito bom |
Dirigibilidade | 8 | muito bom |
Conforto | 10 | ótimo |
Segurança | 10 | ótimo |
Usabilidade | 9 | ótimo |
Conectividade | 10 | ótimo |
Design | 10 | ótimo |
Inovação | 9 | ótimo |
Média | 9.0 | ⭐⭐⭐⭐⭐ |
Dados técnicos
Motor a combustão: 2.0 turbo Hurricane 4
Potência e torque: 272 cv (200 kW) e 400 Nm
Motores elétricos: um na dianteira e um na traseira
Potência e torque: 33 kw e 53 Nm (d); 100 kW e 245 Nm
Potência e torque combinados: 380 cv e 637 Nm
Transmissão: 8 marchas AT
Tração: integral 4x4 (4xe)
Dimensões (c/l/a/ee): 4,914 m / 1,968 m / 1,795 m / 2,964 m
Vão livre: 214 mm
Capacidade de imersão: 610 mm
Peso: 2.466 kg
Porta-malas: 580 litros
Capacidade de carga: 609 kg
Pneus: 265/50 R20
0 a 100 km/h: 6s3
Velocidade máxima: n/d
Tanque: 72 litros
Alcance elétrico: 29 km (PBEV)
Alcance total: n/d
KML híbrido cidade: 18,3
KML híbrido estrada: 19,4
KML cidade: 8,3
KML estrada: 9,1
Emissão de CO2: 57 g/km (modo híbrido)