[Avaliação] Jeep Renegade 4x4: mais potência, menos força
Agora com motor 1.3 turbo flex, Jeep Renegade 4x4 ganha potência, mas perde torque e tem consumo maior
O Jeep Renegade 4x4 trocou o motor a diesel pelo flex. Pior? Não, melhor. Pelo menos na teoria, pois o novo flex é turbinado, assim como era o diesel. Mas será que o motor 1.3 turbo flex proporciona ao Renegade 4x4 o mesmo que o turbo diesel 2.0? Para responder a isso, avaliamos o novo Jeep Renegade T270 na versão S 4x4.
Preço | Pontuação | Compra |
R$ 163.290 | 84,5 / 100 | Muito boa |
Nossa avaliação foi baseada em três itens de mecânica e construção (motor/câmbio, chassi e carroceria), dois de performance (desempenho e consumo) e dois de conteúdo (multimídia e equipamentos). Cada um desses sete itens têm notas de 0 a 10. Acrescentamos ainda um item de dirigibilidade e uso, que tem valor triplicado, levando em consideração o comportamento dinâmico, o prazer ao dirigir e a praticidade do Jeep Renegade 4x4.
Motor e câmbio [9/10]
O Jeep Renegade trocou o motor o 2.0 turbo diesel de 170 cv pelo novo 1.3 turbo flex de 180/185 cv (gasolina/etanol). Houve, portanto, um ganho de potência de 15 cavalos. Por outro lado, o torque do Renegade 4x4 teve uma grande redução, de 350 Nm para 270 Nm. Mas a Jeep soube compensar essa perda.
O câmbio automático ZF de 9 marchas foi mantido nas versões 4x4, o que permitiu extrair de forma equilibrada o torque e a potência do carro sem prejudicar muito o consumo. Para dar uma ideia de como o novo motor é mais moderno, a potência específica deu um salto espetacular, passando de 87 para 139 cavalos/litro. O novo motor tem comando de válvulas simples (o diesel era duplo), mas traz injeção direta e variação do comando na admissão e no escape.
Chassi [9/10]
O Jeep Renegade 2022 manteve o chassi que o consagrou no mercado brasileiro: suspensão independente nas quatro rodas, direção elétrica e freios bem dimensionados para o peso e a velocidade do carro (a disco nas quatro rodas, sendo ventilados na dianteira). O diâmetro de giro (10,8 metros) poderia ser um pouco melhor e, por isso, o Renegade 4x4 não ganha nota 10.
Carroceria [7/10]
O Jeep Renegade tem uma carroceria única em seu segmento. Há críticas sobre alguns aspectos do carro, como a coluna A excessivamente larga, para garantir o reforço estrutural de um carro 4x4, e também sobre o tamanho do porta-malas, que é bem reduzido (320 litros). Como não mexeu em nada disso, o Renegade perde a nota 10, embora o seu design (que já era bom) tenha sido aprimorado.
Desempenho [8,5/10]
O Renegade 4x4 flex perdeu cerca de 70 kg em relação ao diesel. Por isso, sua relação peso/potência melhorou e passou a ser de 8,5 kg/cv. Nada mal para quem carrega quase 10 kg em cada “cavalo” movido a diesel. Já a relação peso/torque teve um acréscimo importante, de 4,7 para 5,8 kg/Nm. Na prática, tivemos uma melhora de meio segundo na aceleração de 0 a 100 km/h (9,5 segundos), mas uma perda nas retomadas de velocidade, a menos que o motorista dê mais carga no pedal do acelerador. Afinal, ainda que a potência seja maior e o torque máximo seja entregue nas mesmas 1.750 rpm, o carro perdeu 80 Nm de força. Menos mal que a Jeep teve o bom senso de reduzir bastante o preço das versões 4x4.
Consumo [7/10]
O Renegade 4x4 a diesel tinha um consumo de 9,6 litros a cada 100 km na cidade e de apenas 7,3 l/100 km na estrada. Especialmente em uso rodoviário, o Renegade consumia pouco. Agora, com gasolina, o consumo urbano subiu para 11 l/100 km e o consumo rodoviário deu um salto para mais de 9 litros a cada 100 km rodados. A vantagem é que agora o Renegade 4x4 pode usar etanol para rodar, o que significa menos carbono emitido na atmosfera.
Para quem está acostumado a comparar os números de autonomia (km/l), o Renegade a diesel fazia 10,4 (cidade) e 13,6 (estrada), enquanto o novo Renegade flex faz 9,1 km/l de gasolina na cidade e 10,8 na estrada. O alcance rodoviário, que era de 816 km com diesel, é de apenas 594 km com gasolina. Apesar do aspecto ambiental, em termos de consumo o SUV ficou pior.
Multimídia [10/10]
A conectividade do Jeep Renegade 4x4 Série S é excelente. A central multimídia tem tela de 8,4”, é facílima de operar, e inclui Apple Carplay e Android Auto com espelhamento sem fio, sistema de áudio com 6 alto falantes, USB e Bluetooth, Wireless Charger (Carregador do Celular por Indução), comandos do sistema de áudio e Bluetooth no volante e entrada USB para os ocupantes do banco traseiro.
Equipamentos [10/10]
Além de todos os equipamentos comuns nos carros modernos, o Jeep Renegade Série S traz sete airbags, bancos em couro, abertura/fechamento remoto do veículo, partida do motor sem chave, rodas de 19” de liga leve, comutação automática do farol alto, assistente de estacionamento automático Park Assist, detector de tráfego traseiro e monitor de veículos no ponto cego.
O enorme teto solar panorâmico é opcional e aumenta o preço do Renegade Série S em R$ 8.490. No catálogo da Jeep, o cliente pode pedir o carro com o teto por R$ 171.780.
Dirigibilidade e uso [24/10]
O Jeep Renegade não é o SUV mais vendido do Brasil por acaso. Além disso, a Jeep foge do mainstream ao manter na linha duas versões 4x4 com o mesmo preço (R$ 163.290) para duas aplicações diferentes: a Série S (avaliada) para um consumidor mais urbano e a Trailhawk para quem busca aventuras mais fortes com o carro. Mesmo a Série S, porém, traz a tração 4x4 com bloqueio eletrônico de diferencial, seletor de terreno com quatro configurações, modo 4x4 Low e controle eletrônico de descida Hill Descent Control. Ou seja: merece ser chamado de SUV, algo raro na sua categoria.
O carro não é muito rápido, mas vai de 0 a 100 km/h abaixo de 10 segundos e isso já permite alguma dignidade nas acelerações. Gostamos especialmente da permanência do câmbio AT9 nas versões 4x4. Para o trânsito urbano, o Renegade está de bom tamanho. A tração 4x4 é importante também para dar mais segurança em viagens com chuva, mesmo rodando em piso de asfalto. Mas o Renegade não é tão agradável em viagens longas, com estradas de grandes retas, pois é muito alto e está sempre brigando contra o vento. Quanto mais sinuoso o caminho, melhor a sua adaptação e o prazer ao dirigir.
O porta-malas reduzido pode ser um problema, mas isso precisa ser decidido na hora da compra. Para quem não tem família grande ou não leva mudança, sogra, cachorro e papagaio nas viagens, o SUV compacto da Jeep está de bom tamanho. Para duas pessoas, então, é perfeito, pois ocupa pouco espaço no trânsito e na garagem e o banco de trás pode servir de bagageiro.
Ficha técnica
Preço: R$ 163.290
Motor: 1.3 turbo flex
Potência: 185 cv a 7.750 rpm (e)
Torque: 270 Nm a 1.750 rpm (e)
Câmbio: 9 marchas AT
Comprimento: 4,268 m
Largura: 1,805 m
Altura: 1,706 m
Entre-eixos: 2,570 m
Vão livre entre-eixos: n/d
Altura mínima do solo: 187 mm
Ângulo de entrada: 29°
Ângulo de saída: 32°
Ângulo de rampa: 21°
Peso: 1.570 kg
Pneus: 235/45 R19
Porta-malas: 320 litros
Carga útil: 400 kg
Tanque: 55 litros
0-100 km/h: 9s5 (e)
Velocidade máxima: 202 km/h (e)
Consumo cidade: 9,1 km/l (g)
Consumo estrada: 10,8 km/l (g)
Emissão de CO2: n/d