Avaliação: Porsche Panamera 4S E-Hybrid tem consumo mágico
Apesar de ser grande e pesado, o Panamera 4S híbrido plug-in tem uma aceleração fantástica e baixo consumo – gasta meio litro a cada 10 km
O Porsche Panamera 4S híbrido plug-in é um carro surpreendente. Primeiro porque ele não é o que parece ser. É vendido como sedã, mas o que nossos olhos vêem é um cupê de quatro portas. Pelo porte, enorme, mais de 5 metros de comprimento, ele não parece ser capaz de entregar a esportividade que fez a fama dos Porsche. Mas basta sentar ao volante e começar a dirigir para que o Panamera 4S E-Hybrid mostre do que é capaz.
O carro do qual estamos falando é um dos quatro modelos “sedã” do catálogo da Porsche do Brasil – há ainda a perua Panamera (Sport Turismo). Todos são híbridos plug-in. O Panamera 4S E-Hybrid tem 560 cv de potência combinada e situa-se no meio da gama, entre duas versões do Panamera 4 E-Hybrid (462 cv) e o Panamera Turbo S E-Hybrid (700 cv). Trata-se, portanto, de um Porsche indicado para quem quer fazer um upgrade dentro da família Panamera.
Rodamos quatro dias com o Porsche Panamera 4S híbrido plug-in. Foi possível usá-lo no trânsito da cidade grande e também pegar estrada. Como todos os híbridos da Porsche, o motor a combustão é o que realmente dá o poder da esportividade. No caso do Panamera 4 S, trata-se de um motor a combustão de 324 kW (440 cv) e de uma potência combinada de 412 kW (560 cv). É bom ir se acostumando a pensar em kW quando se trata de um Porsche, pois a marca é uma das líderes na eletrificação dos carros.
O motor elétrico do sistema E-Hybrid tem 88 kW (120 cv). O câmbio é o famoso PDK de dupla embreagem com 8 marchas. Ainda falando em números, antes de passarmos para as sensações, esse conjunto é capaz de levar o Panamera 4S híbrido de 0 a 100 km/h em apenas 3,7 segundos. Uma marca excepcional para um carro enorme, que pesa mais de 2,2 toneladas, e cujo motor principal nem é tão grande (2.9 V6 com turbo, injeção direta e montado em posição longitudinal). A velocidade máxima é de 298 km/h.
Mas números de desempenho excepcionais não surpreendem num Porsche, pois a marca é famosa justamente por isso. O que surpreende é o consumo, que é mágico para um carro com motor V6 de 440 cavalos. Graças ao sistema híbrido, este Porsche poderoso, pesado e potente é capaz de gastar apenas 5,3 litros de gasolina a cada 100 km na estrada (18,7 km/l). Para dar uma ideia, ele consome pouco mais de meio litro de combustível a cada 10 km no trânsito urbano (18,3 km/l). Ou, melhor ainda, nem uma gota de gasolina, dependendo do uso.
Para quem roda até 54 km por dia, o Panamera 4S E-Hybrid permite o uso do modo E-Power (100% elétrico), e basta carregar em casa na tomada (operação que toma 1 minuto à noite e 1 minuto de manhã do usuário de um Panamera híbrido plug-in). A capacidade bruta da bateria foi aumentada de 14,1 para 17,9 kWh. Componentes de chassi aprimorados e sistemas de controle dinâmicos e até pneus de nova geração foram introduzidos no carro, que é uma joia de tecnologia. Aliás, um carro amigável ao meio-ambiente, pois emite apenas 61 g de CO2 por km rodado.
Para o motorista, o Panamera 4S híbrido é um carro empolgante. A posição de dirigir é bem baixa. Não é preciso espetar a chave para ligar o motor, mas uma chave fixa já está do lado esquerdo do volante. A partida é silenciosa, pois ele entra automaticamente no modo E-Power. É possível mudar o modo de condução para Hybrid Auto, Sport ou Sport Plus girando o botão que fica no volante de direção (é nele também que existe a tecla que permite “gás total” durante 20 segundos).
O modo Hybrid Auto ainda oferece duas opções, que podem ser selecionadas na multimídia ou no console central: E-Hold (que é para segurar a carga da bateria) e E-Charge (que é para carregar a bateria). Pudemos observar que o carregamento é rápido. Numa descida de serra, a regeneração de energia é ainda mais rápida.
Engana-se quem pensa que o Panamera 4S E-Hybrid é pacato em alguma situação. Mesmo no modo Hybrid Auto o carro tem uma aceleração brutal. Ele se torna mais empolgante na medida em que você seleciona “Sport” ou “Sport Plus”. Nessa condição, ele arranca com velocidade impressionante, como se estivesse dando um pulo para frente e um coice para trás.
A direção não é muito leve no rodar (mas é leve em manobras). Ela é um tantinho pesada e bem direta, respondendo rapidamente às solicitações do motorista. Numa rodovia é quase impossível tirar todo o potencial do Panamera 4S E-Hybrid, por isso muitos o compram para viajar confortavelmente com a família, mas ainda com a possibilidade de diversão em track days (atividade na qual a Porsche se destaca como a marca número 1 do Brasil).
Sempre é possível buscar mais emoção a bordo do Panamera 4S híbrido. Seja mudando o ajuste da suspensão (mais dura ou mais mole), levantando ou baixando o aerofólio e também modificando o som do sistema de escape. Por falar em som, o sistema de áudio é impecável, mas o navegador por GPS é meio burro. Como o Panamera não tem conectividade com Android Auto, é fundamental possuir um iPhone para usar o Apple CarPlay.
Em curvas o Panamera não tem a mesma capacidade do Porsche 911, por ser mais pesado e ter o entre-eixos maior (2,950 m contra 2,450 m). Por outro lado, ele desliza em retas e curvas de raio longo. Há muitos sistemas eletrônicos para garantir que o carro fique firme na pista. Os pneus Continental são mais largos na traseira – 275/35 R21 na frente e 325/30 R21 atrás. As rodas do carro testado eram pretas “911 Turbo Design”. Mas, para quem quiser, a Porsche oferece mais 19 opções de rodas de 21” e duas de 20” (estas, sem custo).
As rodas opcionais do Porsche Panamera 4S E-Hybrid são uma experiência à parte. Há rodas de várias cores, inclusive verde ou azul (cores pouco comuns nas ruas) e o preço pode chegar a R$ 9.453. Para quem circula principalmente em estradas ruins (mas quer ter um Porsche Panamera), as rodas de 20” são mais indicadas, pois os pneus têm o perfil um pouco mais alto. Por falar em rodas, o estepe e o kit de carregamento ocupam quase metade do porta-malas de 403 litros.
Rodar na cidade, aliás, não é uma experiência simples quando se está ao volante de um Porsche Panamera. Infelizmente, o Brasil tem muita gente em dificuldades financeiras e não dá para imaginar o que passa na cabeça de quem vê à sua frente um carro maravilhoso que custa R$ 749.000. Por causa disso, o Porsche Panamera é um automóvel exclusivo e para quem superou as adversidades financeiras da vida. Durante nossa avaliação, mesmo circulando entre carros populares e motos de entrega rápida, o que mais vimos foram olhares de admiração pelo carro.
A sigla 4S significa que o Panamera tem tração nas quatro rodas e motor mais potente, porém para o proprietário de um Porsche é também um selo de capacidade do condutor, pois domar um carro de 560 cavalos não é para qualquer um.
Como é de praxe nos esportivos da Porsche, o quadro de instrumentos digital do Panamera 4S híbrido plug-in tem cinco mostradores redondos, sendo que o principal, ao centro, é o conta-giros. À esquerda fica o velocímetro. À direita ficam as informações mais importantes do carro, como consumo, alcance, nível da bateria etc. A parte principal pode ser customizada, trazendo desde a pressão dos pneus até o tempo de volta numa pista. Os dois pequenos mostradores das extremidades também são customizáveis e podem até virar um só, com o mapa da estrada.
Visualmente, o recente facelift introduziu no Porsche Panamera a dianteira Sport Design (anteriormente opcional) com novas entradas de ar na grade e nas laterais, além de um módulo de luz frontal de barra única. Não é um carro que encanta pela beleza. Apesar do formato cupê, os designers tiveram que lidar com a necessidade das quatro portas e do teto alto para garantir o conforto de quem viaja atrás. Por isso, o Panamera não arranca suspiros como um Porsche 911 ou um Porsche Cayman (irmãos menores de duas portas), mas ele tem atributos técnicos e funcionais que lhe conferem grande poder.
ITEM | CONCEITO | NOTA |
MOTOR | Ótimo | 10 |
CÂMBIO | Ótimo | 10 |
SUSPENSÃO | Ótimo | 10 |
DIREÇÃO E FREIOS | Ótimo | 10 |
ERGONOMIA | Ótimo | 9 |
MULTIMÍDIA | Muito bom | 8 |
EQUIPAMENTOS | Ótimo | 10 |
PORTA-MALAS | Bom | 5,5 |
ACABAMENTO | Ótimo | 10 |
DESIGN | Bom | 6,5 |
VEREDICTO | Muito bom | 8,9 |
Os números
- Preço: R$ 749.000
- Motor: 2.9 turbo 24V + um motor elétrico
- Potência combinada: 560 cv de 5.650 a 6.600 rpm
- Torque combinado: 550 Nm d e 2.000 a 5.500 rpm
- Câmbio: DCT 8 marchas
- Comprimento: 5,049 m
- Largura: 1,937 m
- Altura: 1,423 m
- Entre-eixos: 2,950 m
- Peso: 2.225 kg
- Pneus: 275/35 R21 (d) e 325/30 R21 (t)
- Porta-malas: 403 litros
- Tanque: 80 litros
- 0-100 km/h: 3s7
- Velocidade máxima: 298 km/h
- Velocidade máxima elétrica: 140 km/h
- Autonomia cidade: 18,3 km/l
- Autonomia estrada: 18,7 km/l
- Alcance elétrico: 54 km
- Emissão de CO2: 61 g/km