Avaliação: Range Rover Evoque é o SUV de luxo mais racional
Fabricado no Brasil, Range Rover Evoque agrada pelo porte, pois não é pequeno e muito menos grandalhão, e ganha 4 estrelas
O Range Rover Evoque foi seguramente o carro que mais influenciou o design de toda a indústria global na década passada. Lançado em 2011, ele substituiu o Land Rover Freelander 2 com estilo extremamente ousado para a época (e até hoje segue sendo copiado).
O traço mais marcante do Evoque foi a linha de cintura bem ascendente e o teto em queda, o que fez dele um SUV único, com o vidro traseiro bem menor e uma silhueta muito esportiva. É verdade que o Evoque tinha um traço de Mini Cooper, também inglês, mas nunca antes um SUV havia apresentado linhas tão ousadas.
A segunda geração surgiu em 2018 e é esta que é fabricada atualmente no Brasil, na fábrica da JLR (Jaguar Land Rover) em Itatiaia, RJ. A produção no Rio de Janeiro começou no final de 2021, com 62 vendas em dezembro.
Naquele mesmo ano, o Range Rover Evoque registrou 930 unidades importadas e foi o campeão de vendas da marca. Em 2022 foram apenas 3 unidades importadas e 706 nacionais. Este ano não houve importação e até setembro o Evoque tinha 488 emplacamentos.
Avaliação
Avaliamos durante uma semana a única versão do Range Rover Evoque vendida no Brasil: R-Dynamic HSE 2.0, que custa R$ 459.950. Barato não é, mas ele vale a pena, pois é o SUV mais racional entre os modelos de luxo. Ele agrada principalmente por seu porte, que é mais compacto num universo de grandões.
Para o Evoque, tamanho nunca foi documento. Ele é grande e bonito o suficiente para causar impacto e boa impressão, mas não tão grande que provoque ostentação exagerada num país de população pobre.
O Range Rover Evoque, aliás, é um caso raro de automóvel que não cresceu na mudança de geração. E isso foi bom. Na mudança de 2018, ele manteve os mesmos 4,371 m de comprimento e os mesmos 2,681 m de entre-eixos. Cresceu só alguns milímetros em altura e largura, indo a 1,904 m de largura e 1,649 m de altura.
Para dar uma ideia, o Range Rover Evoque é menor do que um Honda HR-V e apenas 7 cm maior do que um Hyundai Creta. Durante a avaliação, o porte compacto do Evoque só trouxe vantagens.
Ele foi mais fácil de estacionar em todos os lugares e, por ter o entre-eixos curto, mostrou ótimo comportamento dinâmico nas curvas da estrada de Santos (Serra da Via Anchieta, em São Paulo). E sobrou espaço no porta-malas de 591 litros.
O Evoque tem pneus bem largos (235/50) e rodas grandes (aro 20), o que lhe dá uma presença impactante, coisa que a maioria dos SUVs de seu tamanho não consegue. Para além disso, a suspensão independente nas quatro rodas ajuda na estabilidade em estrada e permite grande desenvoltura no off-road.
A tração é 4x4 sob demanda e está ligada ao ótimo sistema Terrain Response 2, que já testamos nas piores condições de barro. Funciona mesmo. O Evoque também tem boa altura do solo (212 mm), por isso é capaz de passar por áreas alagadas de até 530 mm. Ele tem 22,2 graus de ângulo de entrada, 30,6 graus de ângulo de saída e 20,7 graus de ângulo de rampa.
Nem de longe o Evoque pode ser considerado um “SUV de shopping”, embora este seja um de seus locais mais frequentados. Apesar de os carros ingleses não gozarem de boa fama perante alguns grupos, especialmente devido à manutenção – que é caríssima e isso vem desde os antigos Freelander –, o Evoque é um carro luxuoso, versátil e confiável.
O motor 2.0 turbo tem 250 cv de potência (5.500 rpm) e 365 Nm de torque (1.300 a 4.500 rpm). Junto com a transmissão automática de 9 marchas, o motor entrega potência suficiente para andar rápido. O Evoque acelera de 0 a 100 km/h em bons 7,6 segundos e atinge 230 km/h de velocidade máxima.
Com o torque bastante generoso em baixas rotações, o Evoque tem muita agilidade no trânsito e na estrada. Especialmente no anda-e-para do trânsito o motorista não tem a sensação de estar dirigindo um tanque de guerra. E o melhor: em situações de piso com lama, o carro permite saída com baixa tração, sem patinar as rodas.
A vida a bordo é ótima e elegante. O banco do motorista tem 14 ajustes elétricos e memória. O volante de direção também tem ajustes elétricos. É muito fácil conseguir um boa posição de dirigir. Há três telas – uma para o quadro de instrumentos, outra para a multimídia Pivi Pro (que permite ajuste do ângulo, por ficar no topo do painel) e outra para o ar-condicionado. As telas têm 10”.
O SUV inglês produzido no Brasil também oferece teto panorâmico fixo, conectividade fácil, som Meridian, 6 airbags (o Freelander 2 tinha 9 desde a versão de entrada, bem como alças de segurança, ausentes no Evoque) e todos os itens eletrônicos fundamentais, como piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência, controle de descida, controle de estabilidade e tração, sistema antirrolagem da carroceria e muito mais.
Visualmente, o Range Rover Evoque da segunda geração perdeu todos os vincos que tinha na carroceria. Ficou mais moderno, é um fato, mas perdeu muito de sua identidade visual, pois visto de lado ou de frente parece um Range Rover Velar. Talvez a JLR tenha feito isso de propósito. Mesmo sem o charme dos antigos vincos ele continua muito bonito.
Talvez o único ponto negativo do Evoque R-Dynamic HSE seja a pouca eficiência do motor 2.0. Potente ele é, mas muito beberrão. Com gasolina, faz 8,2 km/l na cidade e 10,4 km/l na estrada. Com etanol, o Evoque 2.0 de 250 cv faz 5,4 km/l na cidade e 7,1 km/l na estrada.
Mesmo contando com um pequeno motor elétrico de 48V atuando como alternador do motor de partida, o que faz dele um híbrido leve (MHEV), o Evoque tem apenas nota D na classificação do Inmetro. Na categoria, apesar de ter sido classificado fora de sua posição e junto com os SUVs grandões, só conseguiu nota B.
Segundo o PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular), o Range Rover Evoque emite 151 g/km de CO2. Estamos falando de 1,5 kg de gás carbônico na atmosfera a cada 10 km rodados, de 15 kg de CO2 a cada 100 km, de 151 kg a cada 1.000 km… e por aí vai. Este é um ponto que a JLR precisa revisar urgentemente.
Notas
ITEM | NOTA | CONCEITO |
Desempenho | 10 | ótimo |
Consumo | 4 | ruim |
Alcance | 8 | muito bom |
Dirigibilidade | 10 | ótimo |
Conforto | 10 | ótimo |
Segurança | 9 | ótimo |
Usabilidade | 10 | ótimo |
Conectividade | 10 | ótimo |
Design | 10 | ótimo |
Inovação | 6 | bom |
Média | 8.7 | ⭐⭐⭐⭐ |
Veredicto
O Range Rover Evoque, com tantas qualidades no conforto, na usabilidade, no off-road, e com tanta influência que provocou no design dos automóveis nos últimos 12 anos, merece ter um powertrain mais ecológico. Tem um porte perfeito para vários usos. Agora só precisa voltar a inovar; desta vez no tema da descarbonização.