Avaliação: Range Rover Sport PHEV é esplêndido, mas ainda pode melhorar
Rodamos uma semana na cidade e na estrada com o admirável SUV híbrido plug-in inglês, que custa quase 1,2 milhão de reais
Faz 21 anos que a Land Rover lançou o conceito “Sport” de seu carro de luxo Range Rover. Foi no Salão de Detroit 2004 com um enorme SUV de apenas duas portas no estilo asa de gaivota chamado Range Stormer. A primeira geração começou a ser produzida em 2005, no Reino Unido, mas já chegou com quatro portas e medindo 4,737 m de comprimento.
Um dos motores era o 5.0 V8 da Jaguar. A atual geração estreou em 2022. O novo Range Rover Sport 2025 mantém a ideia de um SUV superluxuoso com forte desempenho e traz como novidade o sistema PHEV (Plug-in Hybrid Electric Vehicle), com o qual a marca inglesa entra na onda da descarbonização.
Rodamos uma semana em cidades e estradas paulistas com o Range Rover Sport PHEV Autobiography, que custa exatos R$ 1.185.550. Para quem não quiser ficar tão próximo do patamar de 1,2 milhão de reais, há a opção da versão Dynamic HSE, que sai por R$ 1.145.750.
A boa notícia é que o híbrido plug-in realmente melhorou bastante o impacto do Range Rover Sport na emissão de CO2. Rodando em modo híbrido, o carrão de luxo inglês emite apenas 23 g/km de gás carbônico – um número realmente baixíssimo.
Sem dúvida foi também um ganho importante em relação ao Range Rover Sport MHEV, anterior, que era uma verdadeira chaminé de CO2, emitindo 199 g a cada km rodado. Mas, atenção, sem carga na bateria, o Range Rover Sport 2025 ainda emite 186 g/km de CO2, mesmo sendo um híbrido plug-in.
Aqui está o único ponto fraco deste automóvel esplêndido. A bateria de 38,2 kWh de capacidade permite que ele rode apenas 84 km no modo 100% elétrico, com zero emissão. Mas, mesmo usando no modo híbrido, a bateria perde a carga com muito mais velocidade do que seria desejável.
Embora seja um carro maravilhoso, a regeneração de energia pode melhorar. O sistema híbrido plug-in acaba consumindo rapidamente a energia armazenada na bateria e nem mesmo uma longa descida, como a da Serra do Mar (Rodovia dos Imigrantes), é suficiente para uma boa renegeração. Em alguns momentos, a solução foi desligar o sistema e deixá-lo no modo "Save".
O desempenho é ótimo, fruto de 550 cv combinados dos dois motores. O 3.0 turbo de 6 cilindros em linha entre 400 cv e 550 Nm. O motor elétrico tem mais 218 cv (160 kW) e 450 Nm. O torque combinado é de incríveis 800 Nm. Isso significa que o Range Rover PHEV é um esportivo nas acelerações – vai de 0 a 100 em 4,9 segundos e chega a 249 km/h.
O consumo de gasolina é alto. Ele faz 7,5 km/l na cidade e 8,4 na estrada. Porém, com auxílio do motor elétrico é possível fazer entre 17,5 e 19 km/l, segundo a JLR. Além disso, sabendo usar e carregando sempre a bateria, dá para rodar na cidade sem gastar uma única gota de combustível por meses. A potência de carregamento DC é de 50 kW, mas a recarga AC é de apenas 7 kW, o que pode deixar a operação mais lenta.
Se a parte híbrida poderia ser melhor, pois há carros chineses muito mais baratos que fazem a bateria durar muito mais tempo, em todo o resto o Range Rover Sport segue segundo um SUV impecável, seguro, extremamente luxuoso e sofisticado. Um sonho de carro. E nem poderia ser diferente, considerando que custa quase 1,2 milhão de reais.
Alguns destaques:
- Esterçamento das quatro rodas – o Diferencial Ativo Eletrônico com Vetorização de Torque e a suspensão a ar com Dynamic Response proporcionam uma condução dinâmica, responsiva e mais segura;
- Refinamento rigoroso – assentos esculpidos, com 22 ajustes elétricos, climatizados e com massagem e sistema de som Meridian Signature, com o mais recente Cancelamento de Ruído Ativo.
Ele tem ainda sistema de Purificação de Ar da Cabine Plus. Segundo a Land Rover, o modelo de terceira geração é o mais atraente, avançado e dinâmico da história. O design é imponente. Não tem os traços marcantes do passado, e sim o visual estilo iPhone, limpo e sem rebarbas, mas ainda assim muito agradável.
Os faróis são discretos e a grade frontal estreita confere dinamismo. A silhueta é marcada por um teto flutuante inclinado (não tanto como do Range Rover Evoque), linha de cintura ascendente, maçanetas embutidas e rodas de liga leve de 22 polegadas.
As novas cores Azul Constellation e Prata Flux em acabamento com brilho, opcionais e exclusivas para este ano-modelo, também caíram bem nesse carro. Na traseira, a linha de ombro acentuada encontra as lanternas horizontais finas, que possuem nova tecnologia de LED para iluminação uniforme e de alta qualidade.
No interior, o Range Rover Sport oferece conforto execpcional, posição de dirigir elevada e mimos de alto padrão, como ar-condicionado de quatro zonas, controle de temperatura dos bancos e telas individuais para dois passageiros traseiros.
A tela flutuante Pivi Pro de 13,1 polegadas tem boa visibilidade e é por ela que se controla o modo de condução do SUV, que pode ser híbrido ou puramente elétrico. O painel de instrumentos digital é excelente e de bom gosto e todos os toques táteis são bem delicados.
Dinamicamente o carro parece um tapete voador. Roda macio e silencioso. Pela primeira vez, o sistema de suspensão inteligente apresenta molas de ar com volume ajustável, com câmaras de ar adaptáveis que ampliam a capacidade de resposta.
Para quem deseja mais esportividade e menos conforto, a pressão nas molas pode ser ajustada eletronicamente, permitindo um comportamento mais ágil em curvas e uma condução mais agressiva. O Range Rover Sport também ganhou melhoria na sensação de frenagem, o que deve ter sido uma queixa sobre modelos anteriores.
O Range Rover Sport 2025 utiliza uma nova geração de transmissão automática, combinada com um sistema de Tração Integral Inteligente. Não usamos o carro em trecho off-road dessa vez, mas em outras ocasiões ele se saiu muito bem.
O Range Rover Sport tem ainda rodas traseiras esterçantes, para facilitar as manobras, o que é uma ótima ideia num carro que agora tem 4,946 metros de comprimento, 2,043 m de largura e 1,820 m de altura. A distância entre eixos é de 2,997 m. Viajar atrás é tão prazeroso como viajar na frente.
Difícil é se acostumar com o próximo carro depois de devolver o Range Rover Sport PHEV. Mesmo sendo um carro de quase 400 mil reais, pouca coisa se compara a este exemplar que oferece um sem-número de descobertas durante a utlização e que faz qualquer viagem ser confortável.