Brasileiro gasta mais com veículo do que com alimentação
Aumento na utilização de transporte por aplicativo e de entregas explica o fato; tendência deve se manter até o fim do ano
O consumidor brasileiro está gastando mais com automóveis e transporte do que com a alimentação. Esse dado foi revelado pela Pesquisa IPC Maps, que analisa o potencial de consumo dos brasileiros há quase 30 anos. O segmento automotivo deve movimentar R$ 604,4 bilhões até o fim do ano, o que representa aumento de 11% em relação ao registrado no ano passado.
De acordo com o levantamento, essa tendência começou a ser percebida há alguns anos, e desde 2019 o potencial de consumo no setor automotivo cresceu quase 200%. “Por conta da pandemia, muitas fabricantes pararam de produzir, principalmente componentes eletrônicos, fazendo com que as montadoras prolongassem os prazos de entrega de veículos, ao mesmo tempo em que crescia a demanda por transporte por aplicativo e serviços de entrega”, relata Marcos Pazzini, responsável pelo IPC Maps.
É preciso lembrar, contudo, que esse aumento de procura não ocorreu apenas por conta dos consumidores, mas também pelos trabalhadores. “Eles viram nesse segmento a oportunidade de compensar a perda do emprego ou de parte do seu salário, ou mesmo, de ter uma renda extra”, acrescentou Pazzini.
O cálculo do estudo leva em consideração as despesas das famílias não só com a aquisição de veículos, como os custos com combustível, manutenção, reparo, estacionamento e cuidados (lavagem, equipamentos etc.).
Chama a atenção o fato de a previsão de crescimento dos gastos no setor automotivo ficar muito acima da média, já que, ainda segundo o IPC Maps, o consumo das famílias deve movimentar cerca de R$ 5,6 trilhões de maneira geral até o fim do ano, o que representa aumento de real de apenas 0,92% na comparação com a média de gastos do ano passado.
O levantamento também apontou o crescimento da frota brasileira, que contava com 109,9 milhões de veículos em 2021 e já alcançou 113,4 milhões neste ano, lembrando que o número inclui veículos leves, motos, caminhões e ônibus.
Por fim, a pesquisa do IPC Maps aponta que, apesar do aumento dos gastos dos brasileiros com automóveis e do crescimento da frota, houve queda no número de empresas de comércio e de reparação de veículos, pois quase 70 mil estabelecimentos do tipo encerraram suas atividades no período 2021-2022.