BYD Dolphin é mesmo muito bom, mas tem um detalhe irritante

AVALIAÇÃO: Rodamos uma semana na cidade e na estrada com o carro elétrico chinês que assombrou as montadoras e merece ser conhecido

Sergio Quintanilha

31 jul 2023 - 00h11

(atualizado em 3/8/2023 às 10h25)

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BYD Dolphin: montadora chinesa promete atualizar os carros já vendidos
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O BYD Dolphin, carro elétrico com o melhor custo-benefício do mercado brasileiro, passou por nossa avaliação de 7 dias. Agradou, e muito. Mas revelou um detalhe muito irritante.

O Dolphin (Golfinho) é o carro elétrico de entrada da BYD (Build Your Dreams) enquanto a montadora chinesa não traz o Seagull, que é menor e será mais barato.

Em comparação com outros carros elétricos da faixa de R$ 140 mil a R$ 160 mil, o BYD Dolphin é seguramente a melhor compra. Custa R$ 149.800, mas é maior, mais confortável e mais bem construído do que os rivais Caoa Chery iCar (R$ 139.990), JAC E-JS1 (R$ 139.900) e Renault Kwid E-Tech (R$ 149.990).

BYD Dolphin EV
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

De todos eles, o BYD Dolphin é o único que foi concebido numa plataforma elétrica, a e-Platform 3.0 da BYD (pronuncia-se Bi-Uai-Di ou simplesmente Bid, na forma aportuguesada).

O que nós gostamos

O alcance é um dos pontos fortes do BYD Dolphin. O computador de bordo marca 405 km com a bateria a 100% e ele de fato consegue entregar essa autonomia. Para isso, basta dirigi-lo sempre no modo Eco, não exagerar nas acelerações, e aproveitar os trechos em que é possível regenerar energia.

Dirigindo o Dolphin entre 90 e 120 km/h, sem forçar muito o motor nas subidas, ele realmente vai longe. Procure evitar dirigi-lo muito tempo acima de 20 kWh/100km (o painel indica). O consumo médio oficial é de 14,8 kWh/100km.

A bateria tem 45 kWh de capacidade e isso significa que ele chega rápido aos 80% num carregador rápido. De 30% a 80% são 30 min. O alcance oficial pelo PBEV (Inmetro) é de apenas 291 km, o que é injusto com o carro, que faz bem mais do que isso.

A potência é boa, mas não exagerada. O BYD Dolphin tem 70 kW contra apenas 48 kW do Kwid, 46 kW do E-JS1 e 45 kW do iCar. Estamos falando de potência equivalente a 95 cv, contra 65 cv, 62 cv e 61 cv, respectivamente.

Com 70 kW de potência, bons 179 Nm de torque no motor elétrico e 1.405 kg de peso, o BYD Dolphin acelera de 0 a 100 km/h em 10,9 segundos. A velocidade máxima é limitada em 150 km/h, para não consumir demais a energia da bateria.

O espaço interno do BYD Dolphin também é surpreendente. Dá para andar muito confortável no banco de trás. Afinal, ele tem incríveis 2,700 m de entre-eixos, medida igual ao de um sedã familiar como o Toyota Corolla.

O volante de direção multifuncional não tem ajuste de profundidade (só de altura), mas isso não fez falta, até porque os ótimos bancos garantem boa ergonomia, firmeza do corpo e conforto.

O design do painel e do console, dos comandos e dos porta-objetos é muito diferente de todos os carros que conhecemos – e as soluções encontradas pelo fabricante chinês são muitos boas!

O que pode melhorar

Rodando em baixa velocidade (até 40 km/h) o Dolphin emite um zunido irritante, por ser muito alto. Não vimos isso nos outros carros da BYD. Na cidade, pela repetição, esse zunido torna-se insuportável.

É possível trocar esse zunido nas configurações do veículo por uma musiquinha com sinos. O volume é menor. Mas a repetição dos sininhos badalando na orelha a cada frenagem tmbém é bastante irritante. A montadora precisa reduzir esse ruído. (N. da R.: após a publicação da reportagem, a BYD nos comunicou que todos os Dolphin serão atualizados Over-The-Air em breve e que o ruído será eliminado.)

O comportamento dinâmico do BYD Dolphin não é exemplar quando ele enfrenta estrada com muitas curvas sinuosas. E o motivo é exatamente o entre-eixos exagerado.

No modo Eco, com a direção e a suspensão mais leve e mole, o Dolphin canta muito pneu. É melhor enfrentar esses trechos no modo Sport, com a direção mais pesada, para ter o carro mais na mão.

O design é um item polêmico. Ele não é bonito como o BYD Yuan e a carroceria está mais para monovolume do que para hatchback. A traseira ficou muito boa, mas a dianteira tem um aspecto exótico e algo mal resolvido.

Notas [pela categoria]

Desempenho - 10 (ótimo)

Consumo - 10 (ótimo)

Dirigibilidade - 7 (muito bom)

Conforto - 9 (ótimo)

Usabilidade - 7 (muito bom)

Conectividade - 8 (muito bom)

MÉDIA - 8,5 (MUITO BOM)

Veredicto

Vale a pena comprar o BYD Dolphin pelo preço, pela autonomia, pelo conforto, pelo espaço interno, pela relação motor-bateria, que resulta em boa potência com alcance muito bom, e pela questão ecológica. Mas é preciso que o consumidor faça um test drive em baixas velocidades para saber se vai conseguir conviver com o irritante zunido emitido pelo carro. De qualquer forma, como a BYD nos prometeu resolveu esse problema em breve, o Dolphin vai se livrar de seu único grande problema.