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BYD e GWM começam a incomodar marcas de carros tradicionais

Na hora de comprar um veículo novo, proprietários de veículos com motor à combustão têm preferido modelos elétricos

13 ago 2024 - 06h10
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Resumo
Marcas tradicionais de carros no Brasil são afetadas por aumento da compra de veículos elétricos chineses usando carros usados como parte do pagamento.
BYD Dolphin mini
BYD Dolphin mini
Foto: Divulgação

O mercado de carros elétricos ainda é pequeno no Brasil, mas quando o assunto é compra de veículos novos tendo o usado como parte do pagamento, as chinesas BYD e GWM começam a incomodar marcas tradicionais. Pesquisa feita pela MegaDealer com base no banco de dados da plataforma Auto Avaliar mostra que a Jeep é a marca mais afetada pelo fenômeno, mas Volkswagen, Honda, Toyota e Chevrolet também sofrem com o interesse dos consumidores por automóveis movidos à eletricidade.

Receber um veículo usado de qualquer marca na troca por um novo é considerado pelo consumidor um simples ato de compra e venda. Mas entre as concessionárias e lojas multimarcas este tipo de operação é uma forma de “avaliação e captação”, já que o carro entregue pelo cliente passa por revisão para ser revendido para outro consumidor ou para outro lojista.

No quarto trimestre de 2023, veículos da marca Jeep representaram 14% do total de captações feitas pela BYD. Honda e Volkswagen ficaram respectivamente em segundo e terceiro lugares com 11%. Em uma nova pesquisa realizada de janeiro a maio de 2024, a Volkswagen passou à primeira colocação com 11%, junto com a Jeep (11%) e a Chevrolet em terceiro (9%).

Quando se considera os modelos de veículos avaliados para troca nas concessionárias BYD, somando as duas pesquisas, destaque para Jeep Compass, Toyota Corolla e Jeep Renegade. Chevrolet Onix e Fiat Toro ocupam, respectivamente, a quarta e quinta colocações.

Em relação à GWM, no quarto trimestre de 2023 a marca Jeep, com 21% do total, também foi a mais representada, seguida pela Volkswagen (11%) e Chevrolet (9%). Já na pesquisa deste ano, entre janeiro e maio, Jeep manteve a liderança com 21%, seguida por Toyota (11%) e Volkswagen (9%). Em se tratando de modelos, novamente o Jeep Compass lidera, seguido do Jeep Renegade, do Kia Sorento, do Mitsubishi ASX e do Honda HRV.

No caso da BYD, chama a atenção o fato de a Volkswagen ultrapassar a Jeep, mas isso está relacionado ao comportamento do consumidor associado aos lançamentos da marca no Brasil. “Essa mudança aconteceu porque a BYD lançou o Dolphin mini, que é um modelo mais barato. Esse fenômeno aconteceu com outros modelos como Onix e HB20. Ou seja, quem é proprietário de um veículo mais simples realiza o sonho de ter um veículo elétrico migrando para o carro mais barato da BYD”, avalia Ari Kempenich, diretor da MegaDealer.

Segundo Kempenich, os percentuais são motivo de preocupação, principalmente para a Jeep que tem um market share pequeno no Brasil, de apenas 6,3%. “Sua participação no mercado é bem menor do que o percentual de captação de seus modelos por ambas as marcas chinesas. Muita gente que tem um Jeep, ao invés de trocar por outro Jeep muda de marca. E boa parte escolhe um elétrico chinês. Claro que empresas como Volkswagen, Chevrolet ou Fiat precisam ficar atentas, mas o peso, no caso delas, é menor devido ao grande market share”.

Outra observação interessante é que, por serem novas em nosso mercado, no ano passado não ocorriam compras de um BYD ou um GWM usando outro carro da mesma marca na troca. Neste ano, isso foi observado. No caso da BYD o percentual foi de 3% e no da GWM, de 6%. “O que resta saber, e isso cabe às marcas, é se essa troca pela mesma marca ocorre porque o cliente está feliz ou porque houve problemas com um modelo e ele adotou a troca como estratégia”.

Como avaliar o elétrico usado

Com o mercado de automóveis 100% elétricos ganhando corpo no Brasil, não apenas os novos, mas também os usados passaram a ser opção de compra. Neste contexto, um novo problema surgiu para lojistas e consumidores que é a forma de avaliar as condições, quando se trata de carro seminovo.

Entre os itens mais importantes estão as baterias. Mas como saber se o estado delas é bom ou não? Atenta a esta necessidade, a plataforma Auto Avaliar lançou o Car Damage, sistema baseado em Inteligência Artificial (IA) para auxiliar nesta tarefa.

“O sistema consegue passar para o avaliador, com exatidão, qual é a vida útil daquela bateria”, explica J.R. Caporal, CEO da Auto Avaliar, lembrando que as baterias dos carros 100% elétricos, diferente das dos carros à combustão, são feitas para durarem até 25 anos. “Mas elas atingem cerca de 85% da capacidade total um pouco antes deste tempo.”

Caporal explica que o desgaste da bateria varia conforme a cidade. Se tem muita subida e descida, a propensão é de o consumo de energia ser maior e a vida útil menor. Se carregar sempre em um carregador rápido a possibilidade é de redução da durabilidade. No elétrico, a bateria tem um peso importante no valor do carro, pois corresponde a cerca de 80% do preço, por isso a importância de um sistema confiável para avaliar sua vida útil.

O Car Damage não se limita à avaliação da bateria. Ele também verifica danos e avarias em veículos elétricos ou não. Um processo que, realizado da maneira tradicional, é demorado, caro e sujeito a erros humanos, mas que se torna rápido e preciso com o uso da solução criada pela Auto Avaliar. De acordo com a plataforma, os benefícios aos lojistas e concessionárias são muitos.

Além de avaliações precisas e em tempo reduzido, o sistema facilita a gestão e a rotatividade do estoque, aprimora a imagem do revendedor, que passa a ser visto como inovador e confiável, otimiza o processo de trade-in e contribui para melhorar a margem de lucro. “Tudo isso é possível porque ele identifica avarias e fornece uma estimativa precisa do custo de mão de obra para reparos. Assim fica mais fácil definir preços de venda que proporcionem margens melhores conforme o mercado de atuação”.

Caporal afirma que é preciso desmistificar algumas informações sobre o carro 100% elétrico. Além da bateria, outro ponto que diferencia este tipo de automóvel do tradicional é a durabilidade do motor que, segundo o executivo, demora mais para necessitar de manutenção em comparação com veículos tradicionais. “Já vi casos de elétricos que rodaram 400 mil Km sem necessidade de trocar as pastilhas de freios”.

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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