Calmon: polêmica sobre isenção do IPVA se amplia entre os Estados
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, são 13 os Estados a oferecer algum tipo de benefício aos automóveis, mas há algumas restrições
O assunto teve desdobramentos depois de São Paulo criar um programa estadual de incentivos para isenção de IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) nos veículos híbridos flex. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, são 13 os Estados a oferecer algum tipo de benefício aos automóveis, alguns apenas se comprados dentro de seus territórios.
Sete isentaram só os modelos elétricos (BA, CE, MA, PE, RN, RS e PB). Três Estados estenderam o benefício para elétricos e híbridos (AL, RJ e MS). Outros dois (SP e MG), mais o DF, têm regras específicas.
Difícil apontar os que estão totalmente certos ou errados. Entre os sete “ligados” nos elétricos, trata-se de opção duvidosa pois estes representam apenas 3% das vendas nacionais (em alguns daqueles Estados bem menos que isso). A intenção pode até ter apelo ambiental, contudo alguns países já desistiram ou cortaram radicalmente os incentivos por desequilibrarem orçamentos públicos.
Limitar o benefício aos produtos fabricados dentro dos limites do Estado é um ponto controverso, de fato. Em São Paulo, as regras exigem uma tensão elétrica da bateria de no mínimo 150 V, motores flex (etanol e gasolina) e somente para híbridos plenos. Hidrogênio também é contemplado, caso típico de mosca azul. De fato, só a Toyota, por enquanto, é beneficiada, todavia outros fabricantes também vão produzir no Estado naquelas condições.
Não haverá mais discriminação de produção em São Paulo, só agora esclarecido. Em Minas Gerais, a minuta do primeiro decreto enquadrou apenas modelos fabricados dentro do Estado, Fiat neste caso, mas há questionamentos jurídicos.
Segregar incentivos para apenas uma marca é complicado, dentro de contexto de equilíbrio da concorrência. Já na capital paulista híbridos básicos (segunda bateria de 12 V) enquadram-se, além de isentos de rodízio.
Enfim, polêmicas não terminaram e embaralham geração de empregos, protecionismo, demagogia e desencontros.
Elétricos perdem incentivos nos EUA e engasgam na Europa
No segundo maior mercado mundial de veículos, renda por habitante mais elevada do mundo (salvo países ricos com poucos habitantes como Luxemburgo, Irlanda, Suíça, Noruega e Singapura) e segunda maior frota circulante (290 milhões de veículos leves e pesados), veículos elétricos ficaram sem incentivo federal, logo após a posse de Donald Trump na presidência dos EUA.
Nenhuma surpresa neste aspecto, pois era promessa de campanha. Outros estímulos também estão sendo cortados, inclusive uma ainda indefinida proibição total da venda de carros novos apenas com motores a combustão (não híbridos).
Cenário um pouco menos drástico, no entanto preocupante, aprofunda-se na Europa, em especial na Alemanha (maior mercado do bloco): compradores decidiram pensar mais e se empolgar menos. Nada parecido com princípio de rejeição, todavia uma significativa freada de arrumação.
O futuro indica que elétricos deverão dividir espaço com híbridos, em especial os plugáveis em tomada. Motores a combustão sem nenhum tipo de hibridização, estes sim, se tornarão uma espécie em extinção nos países ricos.
Já se sabe que a queda de preços vem ajudando os elétricos a encontrar mais interessados e a rede de recarga se amplia a um ritmo ainda insuficiente. Um ponto a observar é quanto custará a energia elétrica no futuro.
A revista inglesa The Economist apontou que o custo em eletricidade para produzir apenas um bitcoin (moeda digital) é de US$ 30.000 (R$ 180.000). Por mais que haja alternativas limpas e seguras, é pouco provável que, no futuro, carros elétricos deixem de sentir impacto no, atual, custo de recarga quase simbólico.
Em países de renda média, como o Brasil, o ritmo de migração será muito mais lento. Aqui o termo “eletrificado” tem sido mal-usado como sinônimo de elétrico. Isso pouco contribui para atrair novos interessados e a frustração é um inimigo voraz.
Também se atribui importância maior que a devida a campanhas negativas (haters ou “odiadores”). São só um reflexo de atitudes de lovers ou “adoradores” acostumados a exagerar ao apontar só vantagens.
Frustrante para ambientalistas. Porém muita sede ao pote, no ditado popular, só podia dar nisso. Uma visão equilibrada mostra que cautela e planejamento sempre fizeram bem e, agora, ainda mais.