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Carro elétrico é mais ecológico do que a combustão? Entenda

Carro elétrico pode, sim, ser mais eficiente e ecológico que os veículos a combustão; mercado está em expansão, mas há dúvidas e desafios

6 jun 2024 - 12h27
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Carros elétricos estão ganhando volume e popularidade no Brasil. A chinesa BYD, por exemplo, lançou o hatch elétrico Dolphin há um ano.

Esse "efeito Dolphin" promoveu um reposicionamento de preços entre modelos de outras marcas e fez com que vários deles ficassem bem mais baratos, com reduções de até R$ 100 mil.

Mas, para além do preço, fica a dúvida: o elétrico é mais ecológico que o carro a combustão?

Em 2024, os elétricos já representam quase a metade do mercado de veículos novos eletrificados. Até maio, já foram emplacados nada menos que 26 mil modelos movidos a bateria.

Dessa forma, com a crescente ascensão desta tecnologia, a tendência é que os elétricos fiquem cada vez mais baratos. Estes veículos não emitem gases pelo escape e colaboram para reduzir a poluição do ar.

Atualmente, a China é o maior mercado do mundo para veículos elétricos. Por isso, algumas novas marcas chinesas de eletrificados estão a caminho do Brasil. Mas ainda há dúvidas sobre o nível de confiabilidade, processo de descarte das baterias, bem como a eficiência real desses modelos.

BYD/Divulgação
BYD/Divulgação
Foto: Estadão

Carro elétrico tem "emissão zero"

Nesta quarta-feira, 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, a ecologia virou debate. Nesse sentido, os veículos elétricos têm papel crucial na redução de emissões, já que não emitem dióxido de carbono (CO²). Isso ocorre porque os carros a bateria (BEV) não queimam combustíveis como gasolina e diesel.

Olhando por este lado, o elétrico é sim mais ecológico.

Mauricio Crivelin, CEO da Kinsol, empresa especialista em energias renováveis, compara a expansão do mercado de carros elétricos com o de energia solar.

"É como foi com a energia solar em um passado não muito distante. De início, era inviável. Mas passou a ser viável. Com os elétricos, as baterias representam 70% do custo. Contudo, de 2010 para 2022, o valor caiu em mais de 90% no valor de produção. Isso fez com que chegassem elétricos mais acessíveis em 2023", explica o executivo.

Em relação à emissão de poluentes, os motores elétricos conseguem ser mais eficientes na conversão de energia. Ou seja, há menos desperdício que no processo de queima. Crivelin também aponta que, para um veículo popular à combustão andar 350 km, o motorista gastará em torno de R$ 190. Já no carro elétrico popular, a mesma quilometragem tem custo de cerca de R$ 40.

Ecológico e eficiente

Em geral, os veículos elétricos conseguem ser mais eficientes que modelos a combustão. Enquanto os carros a bateria apresentam eficiência de 80% a 90% no aproveitamento de energia, modelos a gasolina e a diesel entregam de 25% a 35%.

Rafael Catapan, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), explica: "Para cada 100 kWh abastecidos em um veículo elétrico, cerca de 80 kWh a 90 kWh são convertidos em movimento. Nos veículos a combustão, este número não passa de 35 kWh. O restante é desperdiçado pelo sistema na forma de calor", pontua.

"É preciso enxergar nos veículos elétricos uma alternativa promissora para reduzir emissões de poluentes nos grandes centros urbanos, bem como o custo operacional para o motorista. Porém, devemos reconhecer que há uma discussão crescente sobre os impactos do seu uso, as emissões associadas ao ciclo de vida, que também incluem desafios ainda não superados quanto ao descarte ou reutilização das baterias", salienta o professor.

E o descarte das baterias?

Atualmente, quando uma bateria chega ao fim do ciclo de vida, a montadora é responsável por retorná-la à fábrica e garantir o reuso. Se uma fabricante produzir 100 carros elétricos, por exemplo, é necessário que receba de volta o mesmo número de baterias para reciclagem.

Entretanto, para Rodolfo Levien, COO da VoltBras, que oferece soluções para recarga de carros elétricos, o descarte das baterias não é mais um problema.

"A reciclagem é algo extremamente benéfico, pois praticamente todos os materiais são reaproveitados. Portanto, mesmo que antigo, o componente tem grande valor por conta reciclagem. Por esse motivo, as consequências para o futuro são muito baixas, visto que já existem políticas para incentivo do reuso e devolução dessas baterias. Então, se seguirmos com essas normas, o descarte não trará grandes impactos para o meio ambiente", explica Levien.

Futuro da mobilidade urbana

Os três especialistas consultados concordam neste ponto: há espaço e futuro para os carros elétricos no Brasil. Aliás, futuro que já é realidade. Por isso, as montadoras estão direcionando cada vez mais dinheiro e pesquisas para os carros eletrificados - a Nissan, por exemplo, anunciou que não investirá mais em motores combustão. Você viu isso aqui no Terra.

Contudo, Rafael Catapan diz que é preciso ter cuidado com as outras etapas do veículo elétrico para que ele seja efetivamente ecológico.

"É preciso incluir as emissões provenientes da fabricação do veículo, incluindo  componentes; da geração e transporte da energia, que pode ser tanto um combustível de origem fóssil, como um biocombustível ou eletricidade, e também emissões provenientes da infraestrutura operacional e descarte desses veículos", aponta.

Segundo o professor da UFSC, um estudo recente de outra universidade, a Unicamp, mostra que as emissões de CO² por quilômetros rodados podem ser maiores em veículos elétricos que nos híbridos, mesmo no Brasil. "Isto é consequência direta das emissões que ocorrem na fabricação das baterias e na geração de eletricidade", explica.

Para Rodolfo Levien, há ainda outro ponto de atenção: "Se deixarmos de ter o controle de reuso e da reciclagem de baterias, o que funciona muito bem hoje, acredito que haverá uma grande consequência para o meio ambiente a longo prazo", alerta.

Estadão
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