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Centrais se reunirão para debater demissões em montadoras

Nesta semana, 800 metalúrgicos foram desligados da Volkswagen e Mercedes-Benz confirmou 160 demissões

9 jan 2015 - 15h27
(atualizado às 15h28)
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<p>Funcionário monta carro da Ford na fábrica da empresa em São Bernardo do Campo</p>
Funcionário monta carro da Ford na fábrica da empresa em São Bernardo do Campo
Foto: Nacho Doce / Reuters

As centrais sindicais vão se reunir na capital paulista, na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), para debater as recentes demissões na indústria automobilística na região do ABC paulista e tentar conter novos desligamentos.

Nesta semana, 800 metalúrgicos foram desligados da Volkswagen, o que motiva a greve na empresa, que entra no quarto dia. A montadora Mercedes-Benz também confirmou 160 demissões. Na quarta-feira, os funcionários fizeram uma paralisação de 24 horas. Eles retornaram ao trabalho, mas ainda fazem panelaços em protesto.

Participam do encontro, além da CUT, a Força Sindical, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). A reunião será na próxima terça-feira, às 10h.

De acordo com João Carlos Gonçalves Juruna, secretário-geral da Força Sindical, o objetivo é definir a agenda deste ano para retomar a pauta trabalhista com o governo. Assuntos como mudança no auxílio-desemprego, fator previdenciário e terceirização devem ser tratados.

Juruna disse que as centrais adotarão medidas para colaborar com o Sindicato dos Metalúrgicos. “Vamos dar apoio político, insistir na negociação com os empresários, pedir para o governo mediar. Tudo que o sindicato precisar das centrais será decidido com eles”.

O representante da Força criticou a postura das empresas. “As montadoras estão fazendo um jogo político para poder pressionar o governo, demitindo, para que mantenha a redução do IPI [Imposto Sobre Produtos Industrializados]. Isso é um jogo político que está por trás. Por isso, a dificuldade de negociação. Até porque o acordo que os nossos companheiros do ABC fizeram [com a Volkswagen] era até 2016, de não demissão. Aí antecipam as demissões justo no momento em que o governo diz que vai retirar o IPI”.

Diante das críticas, assessoria de imprensa da Volkswagen informou que não vai se pronunciar. A Mercedes-Benz não enviou resposta até a hora da publicação da matéria, pela Agência Brasil.

Em 2012, o sindicato e a Volkswagen firmaram acordo coletivo, com validade até 2016, prevendo questões como estabilidade e politica de reajustes. No ano passado, porém, a empresa quis rever o acordo, mas a proposta foi rejeitada, em assembleia, pelos metalúrgicos. O sindicato reclama que desde então, a empresa não chamou os trabalhadores para negociar e tomou uma decisão unilateral sobre as demissões.

A Volkswagen argumenta que, quando o acordo foi firmado, após anos de crescimento, a perspectiva para a indústria automobilística era positiva pois acreditava-se que seriam vendidas 4 milhões de unidades, em 2014. “O que ocorreu foi uma retração para 3,3 milhões. É importante lembrar que, na Unidade Anchieta, o nível de remuneração médio é mais alto que o dos principais concorrentes, inclusive na região”, informa a nota da empresa.

A Mercedes-Benz argumenta que adotou medidas para manter a competitividade diante dos altos custos de produção. A empresa implementou licença remunerada, férias coletivas e individuais, banco de horas, semanas com quatro dias de trabalho, redução para um turno em algumas áreas, programa de demissão voluntária e lay-off. A empresa também interrompeu sua produção em dezembro. 

Agência Brasil Agência Brasil
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