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Chery (ingrata?) quer trazer 3 marcas sem participação da Caoa

Chery faz investida inédita, ignora Caoa e vai tentar sucesso com outras marcas do grupo chinês; ingratidão ou "negócios são negócios"?

19 out 2023 - 12h34
(atualizado às 18h43)
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Jaecco 7
Jaecco 7
Foto: Chery / Guia do Carro

A Chery já tentou fazer sucesso no Brasil e fracassou. Depois, associada com a Caoa, negócio que resultou na Caoa Chery, os carros da marca chinesa passaram a fazer sucesso e em setembro a Caoa Chery ficou entre as 10 marcas mais vendidas do Brasil.

Mas alguma coisa aconteceu no meio do caminho e os detalhes não foram revelados por nenhuma das duas empresas. Primeiro houve o fechamento da fábrica de Jacareí, SP, que pertence 50% a cada empresa. A produção dos modelos Tiggo 3x e Arrizo 6 foi interrompida, mas existe a promessa de retorno em três anos (2025).

Depois a Chery começou a mandar notícias da China diretamente para jornalistas brasileiros. Agora a Chery convidou um grupo de jornalistas brasileiros para visitar suas instalações na China e falar das marcas Exeed, Jaecco e Omoda, além de seus planos de entrar no Brasil sem a participação da Caoa.

Veja aqui a nota divulgada pela Caoa sobre a iniciativa isolada da Chery

Ninguém sabe os detalhes do contrato entre a Caoa e a Chery. Mas, antes de morrer, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, o Dr. Caoa, disse que a Caoa Chery lançaria no Brasil a submarca Exeed, de carros de luxo. O ex-CEO Marcio Alfonso também havia confirmado a chegada de um crossover da Omoda.

Exeed R23
Exeed R23
Foto: Exeed / Guia do Carro

Com a morte do fundador, a empresa foi assumida por Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho. Numa reformulação da diretoria, a Caoa seguiu sem Marcio Alfonso e também sem Mauro Correia, que era CEO do Grupo Caoa e hoje está na Mitsubishi-Suzuki. Em janeiro de 2022, a direção da Caoa Chery em Jacareí passou para as mãos do chinês Ethan Zhang. Este era um movimento previsto no contrato de 2017.

Na ocasião, a empresa divulgou uma nota: “As mudanças são relacionadas, exclusivamente, à unidade fabril. As decisões sobre a marca Caoa Chery, incluindo rede de concessionárias, estratégia de lançamentos, entre outros, segue sob a gestão da Caoa”. 

Nos últimos dois anos, entretanto, o mercado brasileiro mudou muito. Duas montadoras chinesas, BYD e GWM, seguindo os passos da própria Caoa Chery, entraram com força no Brasil, inicialmente importando carros elétricos e híbridos, mas ambas com planos de fabricação no país.

Pelo contrato, a Chery não pode ter uma atuação no Brasil sem a parceria da Caoa. É possível, entretanto, que as duas empresas tenham divergência sobre a forma de atuar no país neste novo cenário, mais promissor para veículos elétricos.

Omoda 5 EV
Omoda 5 EV
Foto: Chery / Guia do Carro

Foi a Caoa quem mostrou à Chery que o Brasil é um bom mercado. Foi a Caoa quem mostrou à Chery que, sem uma engenharia brasileira, os carros chineses serão ejeitados. E foi a Caoa quem mostrou à Chery que uma boa rede de concessionárias, com pós-venda de alto nível, é fundamental.

Ingratidão ou "business are business", negócios são negócios? É possível que a Chery esteja sendo ingrata à Caoa? É possível e provável. Mas nos negócios o dinheiro fala mais alto, por isso a Chery quer ser independente de alguma forma. E se vê como o Grupo VW em relação às marcas Audi, Porsche e Volkswagen.

Quais marcas a Chery quer trazer

Se trouxer as marcas Exeed, Jaecco e Omoda para o Brasil de forma independente, é possível que a Chery fique sujeita a uma eventual ação judicial da Caoa, que foi quem viabilizou o negócio no mercado brasileiro. A montadora chinesa, entretanto, afirma que Exeed, Jaecco e Omoda são independentes. 

Segundo o site Motor1, que participou da viagem à China com o jornalista Nicolas Tavares, a Chery pretende criar dois novos negócios no Brasil – um para a Exeed, outro para as marcas Jaecco e Omoda. Entre as três, a marca que talvez seja a mais polêmica é a Exeed, pois ela acaba de lançar carros elétricos da linha Exlantix com grande potencial de brigar com modelos da BYD.

Mas o início será com carros a combustão. O primeiro será o Exeed RX Plug-in Hybrid, um SUV de quase 4,8 metros. Mas os elétricos Exlantis – o sedã ES e o SUV ET – devem chegar importados já em 2024. No caso do Exeed RX, haverá uma disputa direta com o Tiggo 8 Plug-in Hybrid, da Caoa Chery. Nesse caso, a Chery estaria fazendo concorrência contra seu parceiro comercial.

Caoa Chery Tiggo 8 Pro Plug-In Hybrid
Caoa Chery Tiggo 8 Pro Plug-In Hybrid
Foto: Caoa / Guia do Carro

Outro carro que está nos planos da Chery é o Omoda E5 EV, sedã elétrico de 165 kW de potência (224 cv) e bateria de 61 kWh, que lhe dá um alcance de 450 km. 

Com relação à Jaecco, segundo o Motor1, os carros mais cotados são dois SUVs de luxo com capacidade off-road, o Jaecco J7 de 5 lugares e o Jaecco J8 de 7 lugares.

Guia do Carro
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