Citroën Ë-C3 elétrico pode ser o anti-Dolphin da Stellantis
Além de ser favorita para estrear a tecnologia Bio-Hybrid da Stellantis, o Citroën C3 pode ter também uma versão elétrica
A Stellantis tenta ganhar tempo e deseja que o governo dificulte a importação de carros elétricos para o Brasil, mas não dorme no ponto e já trabalha no Citroën Ë-C3 elétrico. A prova disso é que um Ë-C3 acaba de chegar ao Brasil para testes.
Embora o Citroën Ë-C3 já esteja sendo vendido na Índia, é possível que o modelo que roda no Brasil seja uma versão europeia, que terá motor mais potente e bateria de maior capacidade. De qualquer forma, nem o Ë-C3 indiano nem o Ë-C3 europeu devem ser lançados no Brasil. A ideia da Stellantis é outra.
O possível Citroën Ë-C3 nacional será produzido em Porto Real, RJ, na plataforma e-CMP, junto com a arquitetura elétrica apresentada recentemente em Betim, MG. A missão do carro é muito clara: ser o anti-Dolphin, para impedir que a BYD reine sozinha no mercado de veículos elétricos.
Pelo menos por enquanto, a Stellantis não pretende importar o Citroën Ë-C3 elétrico. Mesmo com imposto zero para importação (que não deve durar muito), a conversão da moeda deixaria o C3 elétrico caro e sem competitividade. Por isso, a opção será produzir nacionalmente.
Uma fonte da Stellantis disse ao Guia do Carro que o primeiro carro elétrico nacional da montadora deve ser lançado em 2026 ou 2027. O Citroën C3 também é favorito para estrear a tecnologia Bio-Hybrid, que chegará bem antes.
O Citroën Ë-C3 indiano não serve para o Brasil porque é um carro de baixa potência e alcance reduzido. Muito parecido com o C3 a combustão, o Ë-C3 da Índia tem um motor elétrico dianteiro de 42 kW de potência (57 cv) e 143 Nm de torque. Sua velocidade máxima é de apenas 107 km/h e ele vai de 0 a 60 km/h em 6,8 segundos.
A bateria tem 29,2 kWh de capacidade, o que permite ao Ë-C3 um alcance de 320 km pelo ciclo MIDC. No Brasil, o PBEV daria a ele no máximo 224 km de alcance. Mesmo com essa bateria, o carregamento “Fast Charge” leva 57 min, segundo a Citroën. Com essas caracteríisticas, o Citroën Ë-C3 disputaria no máximo com o Renault Kwid E-Tech.
Mas a Stellantis tem ambições maiores. Ela é líder de mercado e a Citroën já foi escolhida como a marca que vai introduzir novas tecnologias “para todos”. Por isso, antes que a faísca do BYD Dolphin vire um fogo incontrolável, será preciso ter um carro elétrico acessível com mais potência e bateria com maior capacidade.
O Citroën Ë-C3 não seria um anti-Dolphin no porte e nos equipamentos, pois eles não competem diretamente, mas seria um anti-Dolphin no sentido de colocar uma barreira de preço que mantenha a Stellantis na liderança do mercado.
Tudo pode mudar, entretanto, dependendo do que vier no programa Mobilidade Verde, que o governo federal lançará em breve. Se o programa tiver vantagens para um carro elétrico de cinco lugares com baixa potência e proposta urbana, aí sim a produção local do Citroën Ë-C3 com a configuração indiana passa a fazer sentido no Brasil.