Comida, bebida, espaço: como é voar na 1ª classe da Emirates
Comida e bebida de primeira, atendimento quase que individual e espaço - fazem o passageiro quase esquecer que está dentro de um avião
Daniel Ramalho
Como fazer valer a pena gastar R$ 4 mil em 180 minutos. Esse é o desafio da companhia aérea ao conceber uma cabine de primeira classe para a rota Rio de Janeiro Buenos Aires. No caso da Emirates, as armas são comida e bebida de primeira, atendimento quase que individual e espaço - para fazer o passageiro quase esquecer que está dentro de um avião.
Na entrada no avião, ao apresentar o cartão de embarque, o passageiro é saudado, pelo sobrenome, com todas as honras: “Seja bem-vindo. É um prazer tê-lo voando conosco. Esta é July, ela vai acompanhá-lo até sua suíte”. Suíte? Sim, ao embarcar na primeira classe do Boeing 777-200LR da Emirates, no Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, no Rio de Janeiro, uma "personal aeromoça" o guia pela experiência de luxo nas alturas.
Em terra firme, o passageiro é conduzido por uma sorridente July até os seus aposentos – duas portas permitem privacidade total no interior da suíte. As 27 polegadas da TV que faz parte do sistema de entretenimento de bordo impressionam. Para se posicionar, um controle remoto oferece sete posições da poltrona. E a cama ainda faz massagem nos pés, na cabeça, nas costas. O momento de relaxamento fica completo com um “chai” - um chá indiano de especiarias -, oferecido por uma aeromoça enquanto uma ajudante serve chocolate com tâmaras.
Isso tudo e a aeronave ainda nem decolou. É o que acontece com quem viaja de primeira classe, enquanto quem vai de econômica neste momento está ou na fila do embarque ou parado no corredor do avião esperando quem está procurando um espaço no bagageiro lotado para acomodar uma bolsa ou mochila.
Voltando à primeira classe: a bagagem pode ser acomodada no interior da suíte, embaixo da escrivaninha. Não há o compartimento de bagagem sobre as poltronas, o que faz com que uma pessoa que mede até mais de 1,80m de altura possa ficar em pé no interior da suíte sem precisar curvar-se.
Minutos antes da decolagem, enquanto pede gentilmente para o passageiro afivelar o cinto, a aeromoça serve Veuve Clicquot em taças de cristal. Acionado por um botão, o minibar tem opções de bebidas não alcoólicas. São dois tipos de água mineral (Perrier ou Voss), refrigerantes e sucos. As três janelas da suíte também têm botões. Um toque fecha uma película, outro desce o blackout. O abajur e a luz de leitura também são sensíveis ao toque.
Cinco minutos após a decolagem, surge July com um cardápio e carta de vinho em punho. Para abrir os trabalhos, Dom Perignon 2003 ou Veuve Clicquot Gold Label 2004. Entre os vinhos brancos, há opções de Chateu Cos D'Estournel Blanc 2010 Bordeaux. Nos tintos, Chateu Portet Canet 2000, da região de Paulac, e Cheval des Andes 2007, de Mendoza - uma homenagem ao país de destino.
Devidamente calçado com pantufas oferecidas na suíte, o passageiro começa a usufruir de um banquete das arábias. O cheiro de pão quentinho, para ser molhado no azeite extra virgem, invade o recinto. Como o voo é curto, cerca de duas horas e meia, é preciso escolher os pratos. Há opção de frutos do mar (trutas, tartare de salmão, vieras frescas e camarões picantes) para a entrada. Para o principal, fricassé de frango com alcachofra, filé mignon ao estilo asiático com molho hoisin, salmão e raviole com cream cheese. Lá atrás, na econômica, a aeromoça empurra o carrinho trombando com os cotovelos da turma do corredor indagando: “Beef or pasta?”.
Como num restaurante, July traz a refeição numa bandeja também de prata. Ao final do jantar um cappuccino. A demora de cinco minutos para a bebida quente chegar é explicada: o logotipo da companhia aérea é desenhado com chocolate em pó na superfície do leite.
As duas horas e meia da viagem passam voando.
O repórter viajou a convite da Emirates Airlines