Como uma nova marca chinesa pode mudar o destino da Fiat e da Citroën
Stellantis pode usar tecnologia de sua nova marca chinesa, a Leapmotor (fabricante de carros elétricos baratos), na Fiat e na Citroën
A Stellantis está de olho nos carros elétricos chineses. Dono de marcas tradicionais como Fiat, Peugeot, Citroën e Jeep, o grupo anunciou recentemente uma joint-venture com a startup chinesa Leapmotor para produzir carros elétricos a preços mais em conta nos próximos anos.
Com um investimento de 1,5 bilhão de euros – mais de R$ 7,8 bilhões em conversão direta, a Stellantis passa a ter 20% da startup. Fundada em 2015, a Leapmotor foi a primeira fabricante de carros elétricos do mundo a implementar uma nova tecnologia de plataforma modular elétrica que promete ser mais eficiente e barata.
Dentre as tecnologias da Leapmotor, a solução une o motor elétrico e outros componentes (como a transmissão) em um sistema de direção elétrica chamado Heracles. Além disso, a startup também conta com sistemas de segurança e condução semiautônoma próprios e em grande escala de produção.
Desde 2015, a Leapmotor já produziu três carros, todos elétricos: os SUVs T03 e C11, e o sedã C01. Este último foi revelado no Salão de Munique de 2023 e será o seu primeiro modelo global. Agora, a Stellantis será o único grupo automotivo que poderá utilizar as plataformas da marca.
Em 2022, a Leapmotor produziu mais de 111 mil carros. Para os próximos anos, a chinesa espera oferecer carros entre os segmentos A (subcompactos) e E (grandes), com três plataformas exclusivas para carros elétricos com opções de bateria convencional ou de alcance estendido.
Com as regras de emissões de poluentes cada vez mais rígidas na Europa – e a legislação obrigando a venda de apenas carros elétricos a partir de 2035 – o principal objetivo da Stellantis é o ganho em escala na fabricação de seus carros elétricos.
Esse movimento teria impacto direto no preço dos veículos, tornando possível a produção de carros elétricos mais em conta. Além disso, a estratégia também permitiria ao grupo concorrer com grupos como BYD e GWM, que têm agitado o mercado europeu (e brasileiro) com lançamentos a preços agressivos.
Os primeiros produtos da parceria estão previstos para 2024. Em um comunicado divulgado pela Stellantis à imprensa, o grupo afirma que pretende "aproveitar o ecossistema de carros elétricos altamente inovador" da Leapmotor, complementando a tecnologia atual e o portfólio de marcas atuais do conglomerado.
Com isso, é bastante provável que a próxima geração de carros elétricos das marcas do grupo (Fiat, Jeep, Citroën, Peugeot, Ram e Abarth são as que atuam no Brasil) tragam as tecnologias da marca chinesa.
Com o tempo, é possível que carros da Fiat, da Jeep e até das francesas Peugeot e Citroën utilizem soluções chinesas da Leapmotor em seus carros. É possível até que a Stellantis lance uma nova marca ou reposicione uma de suas marcas para carros elétricos baratos.
Nesse caso, embora a Fiat seja a primeira cotada, é possível que a Citroën também seja escolhida, pois a Fiat mudou seu posicionamento e ficou mais aspiracional. Para o Brasil, a tecnologia da Leapmotor pode ser uma aliada para a produção de carros elétricos acessíveis à classe média alta.