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Dá para viajar 2.200 km de carro elétrico no Brasil? Nós tentamos

Nossa proposta era viajar de São Paulo a Foz do Iguaçu (ida e volta) com um Mercedes EQE 300, desafiando a má infraestrutura de recarga

14 jul 2023 - 19h53
(atualizado em 14/8/2023 às 14h57)
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Mercedes-Benz EQE 300 Edition One: desafio em estradas de pista simples
Mercedes-Benz EQE 300 Edition One: desafio em estradas de pista simples
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Há carros que enganam. E há carros nos quais você pode confiar totalmente. O Mercedes EQE 300, sedã elétrico de 180 kW de potência, 500 Nm de torque, bateria de 89 kWh utilizáveis e arquitetura de 400 V, está no segundo time. É muito, muito confiável.

Viajar mais de 2.200 km de carro elétrico, num país com precária infraestrutura de eletropostos, foi um desafio e tanto. Muitos duvidavam que conseguiríamos ir e voltar. Mas fomos e voltamos! E o sedã elétrico se mostrou muito prazeroso, apesar da infraestrutura de carregamento ruim e do asfalto cheio de buracos nas estradas e cidades.

Mercedes-Benz EQE no eletroposto da Copel em Itaipu: 50 kW grátis
Mercedes-Benz EQE no eletroposto da Copel em Itaipu: 50 kW grátis
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Para além de todas as regalias que um automóvel de luxo entrega, inclusive com ótimo comportamento dinâmico, o Mercedes-Benz EQE 300 roda exatamente a quilometragem indicada no painel. Em pouco tempo você passa a confiar no carro e dirige sem medo de ficar sem energia na estrada.

Como em todo automóvel (seja elétrico ou a combustão interna), o alcance depende da forma como se dirige e das condições do trânsito. Por isso, é importante frisar que o Mercedes 300 EQE sedã tem autonomia de 500 km rodando rápido, na média de 120 km/h – e com o máximo de peso, com cinco pessoas a bordo e o porta-malas de 430 litros abarrotado. A carga máxima é enorme, de 570 kg.

Dirigimos a maior parte do tempo nos modos Comfort e Eco e com regeneração forte. O modo Sport foi usado raras vezes, para algumas ultrapassagens em pista simples e para avaliarmos a forte aceleração do sedã elétrico.

Mercedes-Benz EQE 300 na Rodovia Raposo Tavares, em São Paulo
Mercedes-Benz EQE 300 na Rodovia Raposo Tavares, em São Paulo
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O carro é vistoso, limpo, futurista, elegante, sofisticado e muito pesado: tem 2.385 kg. Mas tem um formato que resulta num arrasto aerodinâmico de apenas 0,25 Cx e é muito rápido. O motor de 180 kW de potência permite que o EQE 300 acelere de 0 a 100 km/h em apenas 7,3 segundos e atinja 210 km/h de velocidade máxima. 

O câmbio automático tem apenas uma marcha e a tração é traseira. Toda a parte de baixo do carro é ocupada pela enorme bateria de 89 kWh, que possibilita um alcance de 369 km pelo sistema PBEV do Inmetro. Mas o carro faz muito mais do que isso. Nossa média foi superior a 500 km em cada carga de bateria.

Na cidade, rodando devagar, com apenas duas pessoas a bordo e sem bagagem, chegamos a projetar 604 km de alcance (modo Eco com regeneração forte). Foi essa fantástica autonomia que nos permitiu chegar ao destino quando encontramos um carregador da Copel com defeito na estrada, num posto da BR-277, em Cascavel, PR.

Mercedes-Benz EQE 300 numa estrada do interior paulista
Mercedes-Benz EQE 300 numa estrada do interior paulista
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O Mercedes-Benz 300 EQE Edition One não é nada barato. Custa R$ 707.900, mas para quem tem esse dinheiro e procura um carro extraordinário, vale o investimento. O Dynamic Drive tem quatro modos: Eco, Comfort, Sport e Individual. Pelas aletas atrás do volante dá para deixar o carro com regeneração forte (ele freia só tirando o pé do pedal do acelerador), regeneração normal ou nenhuma regeneração.

O painel tem várias opções de layout e de configuração. Numa das telas o motorista tem a informação do alcance mínimo e máximo, podendo dosar a forma como dirige até o destino ou até a próxima estação de carregamento.

O display central é uma enorme tela vertical que divide a cabine ao meio na parte da frente e tem muitas opções de informações e/ou entretenimento. Dá inclusive para ver mais detalhes do sistema elétrico, que é bem discreto no quadro de instrumentos. O navegador por GPS é muito bom e quase tão preciso como o Waze ou Google Maps.

A posição de dirigir é excelente e o banco não provoca cansaço no motorista, mesmo dirigindo por centenas de quilômetros durante horas. O acabamento branco é um charme, muito sofisticado. O carro é cheio de mimos, como massagem e assistente de estacionamento, mas ainda assim seria uma ótima ideia se houvesse um botão físico para o volume da central multimídia (apesar de que o usuário logo se acostuma a operar deslizando o dedo).

Mercedes-Benz EQE 300: posição de dirigir excelente e bancos que não cansam
Mercedes-Benz EQE 300: posição de dirigir excelente e bancos que não cansam
Foto: Cris Prado / Guia do Carro

As rodas são lindas e enormes, de 21”, com pneus 235/35 na dianteira e 285/35 na traseira. São pneus de perfil baixo, de forma que o fundo do carro pode raspar em algumas saliências, assim como a parte inferior da área frontal. As estradas e ruas brasileiras são cheias de buracos imprevisíveis e isso acabou nos custando um pneu dianteiro (lado direito).

O serviço 0800 da Mercedes precisou enviar um pneu novo de Curitiba para Cascavel, onde a concessionária Divesa fez a troca, consertou a roda e deixou o carro impecável. Também tivemos um furo no pneu traseiro esquerdo, mas este não precisou ser trocado.

Pneus com um pouco mais de perfil e aro menor talvez sejam mais indicados não só para este Mercedes, mas para todos os carros de luxo que estão adotando pneus de perfil muito baixo (até mesmo SUVs). Só por esse detalhe o Mercedes EQE não ganha nota 10 em todos os itens de nossa avaliação [veja abaixo]

Mesmo em pisos ruins, o Mercedes EQE 300 tem um rodar silencioso e macio. A suspensão desse automóvel é uma obra-prima. É raro ver um carro tão pesado e com pneus tão baixos rodar de forma tão macia sem prejudicar o comportamento dinâmico.

Como a bateria fica no assoalho, o centro de gravidade é bem baixo e o carro tem muita estabilidade. O Mercedes EQE 300 é bastante silencioso, confortável e obediente aos comandos do motorista. 

Mercedes-Benz EQE 300 Edition One: baixo consumo elétrico foi o grande destaque
Mercedes-Benz EQE 300 Edition One: baixo consumo elétrico foi o grande destaque
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Nas acelerações mais fortes, o motor elétrico emite um zunido, que não chega a incomodar e não atrapalha o conforto acústico. O grande mérito da Mercedes-Benz com o EQE 300 foi entregar um carro de altíssimo alcance com boa potência, mas não em excesso a ponto de prejudicar o consumo.

No trecho que liga as cidades de Maringá e Cascavel, a BR-369 é quase toda em pista simples e com um tráfego intenso de caminhões. É inacreditável que 20 anos de pedágios nessa estrada não tenham sido suficientes para que a rodovia fosse duplicada. Foi nela, entretanto, que o Mercedes EQE 300 provou seu valor. 

Nunca faltou potência para as ultrapassagens, mas sobrou energia na bateria para que o carro fosse de Maringá a Foz do Iguaçu (pegando um trecho da BR-277 após Cascavel) mesmo encontrando um carregador da Copel com defeito.

Foi uma boa escolha combinar 89 kWh de bateria com 180 kW de potência. Muitos carros têm bateria grande, mas o excesso de potência acaba prejudicando o alcance, que é o item mais importante de um carro elétrico no Brasil. Conseguimos rodar a maior parte do tempo consumindo apenas 180 Wh/km, conforme o computador de bordo. Sim, o Mercedes EQE 300 é muito econômico!

Mercedes-Benz EQE 300 calibrando os pneus numa revenda Mercedes de Londrina
Mercedes-Benz EQE 300 calibrando os pneus numa revenda Mercedes de Londrina
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Para além disso, viajamos sempre com o carro lotado (cinco pessoas) e com o bagageiro cheio. Ninguém reclamou de falta de conforto. Na Rodovia Castello Branco, carregamos o Mercedes EQE no Posto Bizungão III (Rodovia Castello Branco, perto de Avaré, SP).

O posto tem um carregador de 150 kW da Volvo e é gratuito, mas só está liberando 50 kW. Na volta, um BMW i3 parou do lado e o carregamento foi de apenas 25 kW para cada carro. Por sorte, com apenas 52% já daria para chegar ao destino, mas fomos até 80% para ter margem de segurança.

Em Londrina e Maringá utilizamos os carregadores de 150 kW da Audi, pois no mundo dos carros elétricos também existe muita solidariedade, enquanto não existe uma infraestrutura maior. Em Foz do Iguaçu, o eletroposto de Copel em Itaipu tem 50 kW e é muito rápido, mas é preciso pedir um cartão para o guarda que fica na entrada da hidrelétrica.

O Mercedes EQE 300 foi aprovado neste desafio da viagem de 2.200 km com um carro elétrico. Cada vez mais, fica provado que o carro 100% elétrico é uma ótima solução de mobilidade zero emissão também para o Brasil. Basta apenas que mais montadoras, empresas e governos invistam em eletropostos de recarga rápida em pontos estratégicos.

Mercedes-Benz EQE 300 foi de São Paulo a Foz do Iguaçu e voltou
Mercedes-Benz EQE 300 foi de São Paulo a Foz do Iguaçu e voltou
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

No caso desta viagem, seria melhor se em São Paulo houvesse um carregador em Iaras (antes do final da Castello Branco) e outro em Ourinhos. No Paraná, ficaria perfeito se houvesse um em Londrina, outro em Maringá e o de Cascavel estivesse funcionando. Por enquanto, carros com ótimo alcance, como o Mercedes EQE 300, que faz (mesmo) 500 km com uma carga, são melhores do que carros muito potentes sem tanta autonomia.

Detalhe final: em 2.200 km não gastamos um único centavo com gasolina, não poluímos o meio ambiente e todas as cargas de energia foram gratuitas.

Notas (pela categoria)

Desempenho - 10 (ótimo)

Consumo - 10 (ótimo)

Dirigibilidade - 10 (ótima)

Conforto - 10 (ótimo)

Usabilidade - 9 (muito boa)

Conectividade - 10 (ótima)

MÉDIA - 9,8 (ÓTIMO)

Veredicto

Vale a pena comprar o Mercedes-Benz EQE 300 Edition One porque ele é, seguramente, um dos melhores carros elétricos do mundo – se não o melhor! Com perfeita combinação entre potência elétrica e alcance elétrico, trata-se de um carro fácil de guiar, repleto de comandos intuitivos, belíssima carroceria, extremamente confortável e dinamicamente impecável. O único reparo são os pneus de perfil muito baixo para as ruas e estradas brasileiras. 

Ficha Técnica

Motor: elétrico dianteiro

Potência: 180 kW (ou 245 cv)

Torque: 550 Nm

Arquitetura: 400 V

Bateria: 89 kWh

Consumo: 138 a 241 Wh/km

Melhor média de consumo no teste: 173 Wh/km

Alcance: 369 km (PBEV) a 645 km (WLTP)

Alcance no teste: 515 km

Emissão de CO2: 0 g/km

0 a 100 km/h: 7s3

Velocidade máxima: 210 km/h

Câmbio: AT1

Tração: 4x2 (traseira)

Comprimento: 4,946 m

Largura: 1,961 m

Altura: 1,510 m

Entre-eixos: 3,120 m

Altura mínima do solo: 102 mm

Porta-malas: 430 litros

Carga máxima: 570 kg

Pneus: 255/35 R21 (d) e 285/30 R21 (t)

Estepe: não tem

Peso: 2.385 kg

Guia do Carro
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